Um novo relatório da Gartner revelou que a tecnologia blockchain deve ser responsável pela autenticação de 30% do conteúdo global de notícias e vídeos, podendo ser fundamental no combate às notícias maliciosas, as chamadas fake news. A notícia é do Computer World.

Segundo a matéria, o vice-presidente de pesquisa da Gartner e autor do estudo, Avivah Litan, diz que pouco menos de 1/3 do conteúdo produzido no mundo estará autenticado nos livros de blockchain até 2023, "contrariando a 'tecnologia Deep Fake'".

Nas eleições presidenciais dos Estados Unidos de 2016, por exemplo, o Facebook revelou que as 20 maiores fake news tiveram mais engajamento do que as 20 maiores notícias dos meios de comunicação.

O gigante de mídia social se envolveu em um grande escândalo, tanto nos Estados Unidos, na eleição de Donald Trump, quanto na aprovação do Brexit, no Reuni Unido, através da empresa Cambridge Analytica, que era funcionava como um centro de disseminação de notícias falsas coordenadamente através do Facebook.

Litan explica como a blockchain, aliada a outras tecnologias como Inteligência Artificial, poderão contribuir no combate à disseminação de notícias falsas:

"Os modelos de IA que suportam a escrita de texto e a produção de vídeo podem ser usados ​​para disseminar rapidamente conteúdo falso personalizado e altamente crível, que serve como a nova geração de armas cibernéticas. [...] O rastreamento de ativos e a comprovação de proveniência são dois casos de uso bem-sucedidos importantes para blockchain e podem ser facilmente aplicados para rastrear a proveniência do conteúdo de notícias."

O próprio Facebook tornou-se recentemente parceiro de uma iniciativa para desenvolver ferramentas de detecção de conteúdo falso, com participação de outros gigantes como Microsoft, Amazon, Google, DeepMind e IBM, além de acadêmicos de Oxford, MIT, Cornell Tech e UC Berkeley. A pesquisa conclui:

"É comprovado que a tecnologia Blockchain se destaca no suporte a essa aplicação, pois permite uma 'versão única compartilhada da verdade' entre várias entidades, com base em dados imutáveis ​​e trilhas de auditoria."

A disseminação de notícias maliciosas com conteúdo falso ou manipulado têm levantado grande preocupação no mundo, inclusive no Brasil, devido à disseminação desta prática com uso de robôs e mensagens de WhatsApp durante as Eleições 2018, que elegeu o presidente Jair Bolsonaro

Uma Comissão Parlamentar de Inquérito foi instaurada na Câmara dos Deputados neste ano para investigar o tema, com diversos parlamentares, inclusive aliados do presidente e ministros do Supremo Tribunal Federal, sofrendo com ataques das chamadas "milícias digitais".

Segundo depoimento da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) nesta quarta-feira, as "milícias" seriam comandadas pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ). Tanto o presidente quanto seus filhos negam o uso de robôs e grupos coordenados para atacar seus inimigos políticos.