Em uma newsletter publicada na quinta-feira (1º), a Delphi Digital apontou dados que mostram uma perda de confiança dos investidores nas exchanges centralizadas. Um dos resultados foi o aumento de 110% no volume de criptomoedas negociadas em exchanges descentralizadas durante novembro.

O ambiente das finanças descentralizadas (DeFi, na sigla em inglês), contudo, ainda não é perfeito, especialmente em termos de experiência do usuário. A ideia de ter que aprender a utilizar novas plataformas pode afastar usuários desse ecossistema. Por isso, a startup argentina Xcapit criou uma carteira que funciona como interface para plataformas descentralizadas.

Feita para a América Latina

A interface da Xcapit é simples e não se diferencia das carteiras já difundidas no mercado de criptomoedas, algo que facilita sua usabilidade. Além das opções de enviar e receber criptomoedas, há ainda a possibilidade de trocar criptoativos dentro do app.

José Ignacio Trajtenberg, CEO da Xcapit, explica que as trocas de criptoativos são feitas utilizando exchanges descentralizadas. “Nós atuamos como uma interface. Se o usuário quer trocar MATIC por USDC, usamos a Uniswap para efetuar a troca dos ativos”, diz Trajtenberg.

Segundo o executivo da startup, o app foi desenvolvido pensando nos usuários da América Latina. Ele menciona a inflação e como os habitantes da região usam criptomoedas, principalmente stablecoins, para evitar a desvalorização de suas economias. “Por isso fazemos tudo de forma descentralizada, não queremos que nossos usuários corram riscos em plataformas centralizadas.”

Além disso, o usuário tem a opção de usar a Xcapit apenas como uma interface para o ambiente de DeFi, sem deixar as criptomoedas na carteira fornecida. Através do WalletConnect, é possível usar uma carteira pré-existente para interagir com o app e acessar os serviços. Caso o usuário decida usar a carteira nativa, atualmente ela oferece suporte para as blockchains Ethereum, Polygon, BNB Chain e RSK. 

A proposta de impacto social e econômico da Xcapit fez com que a startup recebesse a atenção do UNICEF Venture Fund, ganhando a classificação de “Bem Público Digital”. O aplicativo também possibilita a compra de criptomoedas com moedas fiduciárias. Essa opção, porém, ainda não está disponível para o Brasil.

Investimentos descentralizados

Os programas de rendimentos com criptoativos ganharam os holofotes após o colapso da FTX. A opção de receber renda passiva começou a se tornar arriscada, uma vez que não se sabe o que as empresas estão fazendo com os saldos dos clientes para gerar tais ganhos.

A Xcapit oferece opções de rendimentos em seu aplicativo, mas Trajtenberg salienta que todos os produtos são do ecossistema DeFi. “Quando oferecemos retornos variáveis com stablecoins, estamos usando protocolos descentralizados, o que favorece a transparência e o bom funcionamento das operações.”

O objetivo, diz o CEO da Xcapit, é fazer com que usuários se tornem habituados ao ambiente de finanças descentralizadas por meio desses processos de intermediação. “Ainda somos intermediários no processo, mas com a diferença de que o usuário pode fazer a própria custódia e nos usar apenas como interface, não colocamos em risco suas economias.”

Dentro do aplicativo, é possível investir em produtos com estratégias conservadoras e moderadas. As estratégias conservadoras envolvem stablecoins e protocolos DeFi consolidados que, por serem mais seguros e mais buscados, acabam oferecendo retornos menores. Já as estratégias moderadas estão relacionadas a investimentos com Wrapped Bitcoin (WBTC).

Atualmente, não existem investimentos arriscados dentro do aplicativo, e Trajtenberg comenta que isso é proposital. “O aumento no risco deve ser acompanhado de um aumento na educação, mas o movimento educacional sobre criptomoedas ainda é pequeno na América Latina. Por isso, oferecemos opções mais seguras, reduzindo a possibilidade de que nossos usuários percam suas economias em investimentos mais complexos.”

Trajtenberg acrescenta que o aplicativo tem seu código aberto, e pode ser auditado por qualquer pessoa interessada. A intenção é tornar toda a operação transparente e deixar os investidores seguros quanto ao que estão usando.

A Xcapit está ganhando tração na América Latina, e tem planos para tornar seu aplicativo mais amigável a usuários brasileiros no primeiro trimestre de 2023. “Como eu disse antes, somos uma solução para a América Latina, e planejamos fazer com que nossos serviços atinjam cada vez mais usuários na região, levando liberdade financeira aos latino-americanos”, conclui o CEO da Xcapit.

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