A Anchorage Digital está enfrentando críticas de pelo menos uma emissora de stablecoin após anunciar planos de descontinuar o suporte a três stablecoins, citando “expectativas regulatórias” e uma avaliação interna de risco.
Nick van Eck, cofundador e CEO da Agora, criticou a decisão da Anchorage de remover o suporte para as stablecoins USDC (USDC), Agora USD (AUSD) e Usual USD (USD0) em uma publicação feita na quinta-feira no X, alegando que a decisão se baseou em “imprecisões factuais facilmente verificáveis e conhecidas”.
Ele afirmou que a Anchorage não divulgou sua relação com a emissora de stablecoins Paxos, que poderia se beneficiar com a descontinuação de tokens emitidos por outras plataformas.
A Anchorage foi uma das primeiras empresas cripto a obter uma autorização bancária nos Estados Unidos. Em um comunicado na terça-feira, a empresa informou que havia lançado uma “matriz de segurança” para stablecoins, com o objetivo de avaliar os tokens com base nas diretrizes regulatórias voltadas para seus emissores. Como parte da medida, a empresa declarou que planejava descontinuar USDC, AUSD e USD0.
“Seguindo nossa Matriz de Segurança de Stablecoins, USDC, AUSD e USD0 não atendem mais aos critérios internos da Anchorage Digital para resiliência de longo prazo”, disse Rachel Anderika, chefe de operações globais da Anchorage Digital. “Especificamente, identificamos riscos elevados de concentração relacionados às estruturas dos emissores — algo que acreditamos que as instituições devem avaliar com atenção.”
Anchorage antecipa o GENIUS Act
A “matriz de segurança” da Anchorage, que van Eck chamou de “Genius Bill as a Service”, incluiria stablecoins em preparação para a possível aprovação, pelo governo dos EUA, da Lei de Orientação e Estabelecimento da Inovação Nacional para Stablecoins dos EUA (GENIUS Act).
A empresa afirmou que a avaliação também considerou a liquidez da stablecoin, histórico de desvinculação (depeg) e risco de concentração. Segundo essa estrutura, a Anchorage concluiu que os tokens não atendem às expectativas regulatórias dos Estados Unidos.
Juntas, AUSD e USD0 representam apenas uma pequena fatia do mercado de stablecoins, com cerca de US$ 700 milhões em valor, em comparação com os US$ 61 bilhões do USDC. A Circle, emissora do USDC, estreou recentemente em Wall Street, atraindo forte interesse de investidores, à medida que as stablecoins seguem em direção a uma adoção institucional mais ampla.
A Circle e a Agora têm sede nos Estados Unidos, enquanto a Usual está baseada em Paris. O Cointelegraph entrou em contato com um porta-voz da Circle, mas não recebeu resposta até o momento da publicação.
“Se a Anchorage tivesse apenas removido o USDC e o AUSD para priorizar stablecoins nas quais possui interesse econômico, eu entenderia isso como uma decisão comercial”, disse van Eck. “Empresas privadas podem e devem agir de acordo com seus próprios interesses. Mas tentar deslegitimar o AUSD e o USDC por ‘motivos de segurança’, ao mesmo tempo em que publica informações falsas conscientemente, é algo sem seriedade e estranho.”
Projeto de lei das stablecoins em análise no Congresso dos EUA e MiCA obrigatório na UE
O GENIUS Act está mais próximo de se tornar lei após ser aprovado pelo Senado dos EUA em 17 de junho. O presidente Donald Trump sinalizou que assinaria o projeto sem emendas da Câmara dos Representantes o mais rápido possível.
Muitos emissores de stablecoins com sede fora dos Estados Unidos também têm buscado cumprir as diretrizes regulatórias atualizadas em diferentes jurisdições, embora alguns tenham optado por ignorar essas exigências.
Paolo Ardoino, CEO da empresa de stablecoins Tether, emissora da USDt (USDt), disse que não tem planos de se registrar sob o Regulamento de Mercados em Criptoativos (MiCA) da União Europeia, alegando que isso representaria riscos para as stablecoins. Algumas exchanges já removeram a USDt e outras stablecoins para se adequarem ao MiCA.