Muitos entusiastas e investidores no mercado de criptomoedas se autodenominam anarcocapitalistas e, entre outras coisas, desejam que o Estado seja cada vez menor dando lugar a gestão social feita pela iniciativa privada. A descentralização do Bitcoin inclusive seria um dos argumentos usados para demonstrar que a centralização do Estado seria ineficiente e responsável pela grande crise econômica e social do mundo.
Em busca de saber como aqueles que defendem um Estado menor ou mesmo seu fim lidariam com a atual crise do Coronavírus que deixou evidente que uma falta de ação do Estado pode causar a morte de diversas pessoas, o colunista da Folha de São Paulo, Fábio Zanini, conversou com algumas lideranças 'ancaps' para entender como uma sociedade sem estado lidaria com a atual crise.
Segundo ele, o conceito de cidades seria muito diferente do atual. Em uma sociedade anarcopitalista haveriam pequenas cidades, como se fossem Condomínios Fechados ou Shoppings Centers, que seriam espaços coletivos mas geridos pela iniciativa privada.
Desta forma, como ilustra o youtuber Raphael Lima, do canal Ideias Radicais, seria mais fácil lidar com a atual crise pois os casos de infectados seriam identificados com mais facilidade (pois haveria um grupo menor de pessoas em cada unidade) e estes seriam automaticamente encaminhados para tratamento e quarentena e, caso o cidadão não concordassem com as medidas, eles poderiam ser 'mandados embora', como se fosse uma empresa e, junto com a família, expulsos da comunidade.
“Hoje você pode infectar pessoas e o Estado te protege. Numa sociedade libertária, infectar seria uma agressão passível de restituição da comunidade, baixando a probabilidade de isso acontecer”, afirma Lima.
Para ele, o sistema de saúde seria totalmente privado, e, desta forma, haveria interesse em salvar as vidas das pessoas (desenvolvimento vacinas ou testando remédios para conter o avanço do vírus) justamente para manter o sistema funcionando, já que estas pessoas são agente de consumo e, cada morte, representaria menos uma pessoa consumindo e menos prosperidade para a comunidade.
Já para o advogado Rodrigo Marinho, ligado ao Instituto Mises e diretor-legislativo da banda federal do Partido Novo, os pobres e todo a gama de excluídos da sociedade que não teriam acesso aos planos privados seria auxiliados por entidades privadas de interesse social,como igrejas e o Rotary e que um sistema anarcocapistalista não significa o fim da política mas uma forma diferente da que ocorre hoje com a Polícia voltada para deter o poder do estado.
“A política não vai deixar de existir. Vai continuar existindo um sistema integrado de saúde. Ele apenas seria contratual, não coercitivo (...) Relações acontecem de forma coordenada. Os países já estão agindo dessa forma nessa crise, sem que haja ninguém mandando, apenas com orientações da OMS [Organização Mundial da Saúde]", destacou.
Porém, embora façam previsões e ensaios de como uma sociedade sem estado se comportaria com a crise atual, a resposta pode ser diferente para cada entusiasta, contudo, há apenas um coro, "não haveria o Estado atrapalhando as pessoas que tentariam resolver esse problema”.