Na semana passada, a maioria dos analistas comemorava que o Bitcoin havia rompido a marca de US$ 25 mil e com o movimento de alta a expectativa era um retorno para o patamar de US$ 30 mil. Contudo, uma queda brusca na sexta-feira, 20, levou o BTC de volta para US$ 21 mil e frustrou o mercado.

Com o S&P 500 rejeitando e não conseguindo continuar sua recuperação, as criptomoedas caíram acentuadamente com vendas repentinas arrastando o Bitcoin para uma baixa de três semanas. O Bitcoin parece ter perdido seu impulso, caindo significativamente e atualmente sendo negociado a US$ 21.187 em 20 de agosto.

Na mesma linha, o Ethereum, a segunda maior criptomoeda do mundo que vinha 'voando' com o hype em torno do The Merge, também caiu, sendo negociado a US$ 1.637. O valor total de mercado do mercado de criptomoedas diminuiu em mais de US$ 58 bilhões.

Uma análise da Bitfinex, empresa que está no mercado de criptoativos desde 2012 e vivenciou todos os ciclos de alta e baixa do mercado, elencou um grande 'culpado' para a baixa e o desânimo no mercado: o FED.

"Depois que as autoridades do Fed esmagaram as esperanças de alívio dos aumentos das taxas em breve, o mercado de criptomoedas recuou junto com as ações, à medida que os investidores fugiram para ativos mais arriscados", afirmou.

Bitcoin e Ethereum preços em dólares

O pior já passou ou está por vir?

Diante de uma nova baixa a análise da Bitfinex destacou que o pior ainda pode estar por vir já que os mineradores ainda estão liquidando suas participações em Bitcoin, mas não na mesma medida que durante o banho de sangue da mineração no início deste verão.

"Uma nova geração de vendedores forçados de Bitcoin surgiu como resultado da depreciação significativa do preço do Bitcoin em maio e junho, quando instituições conhecidas despejaram cerca de 240.000 BTC. Os mineradores públicos de Bitcoin passaram 2021 acumulando um dos maiores tesouros de Bitcoin devido à sua "política de HODL a qualquer custo"", afirmou.

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Contudo a empresa destaca que os mineradores, como a maioria dos detentores ardentes com tesouros tão significativos, não conseguiram escapar do alcance dos ursos, desencadeando a venda de milhares de Bitcoin em maio e junho a taxas de liquidação.


 

Taxa mensal de produção e venda de mineradores de BTC públicos. (fonte: Arcane Research)

Porém, desde junho/julho a pressão de venda dos mineradores públicos diminuiu porque eles venderam 6.200 BTC em julho (os dados de agosto até agora não são confirmados, mas os números relatados seguem a mesma tendência de venda diminuída), o que é menos da metade do que eles venderam em Junho.

"Apesar do declínio evidente na figura acima, é prudente não chamar de touro ainda, já que julho ainda teve o segundo maior número de vendas de todos os meses de 2022", afirma.

A Bitfinex aponta que o lado sombrio da "estratégia hodl a qualquer custo" é que quanto menor o preço do Bitcoin, mais provável é que os mineradores que seguem essa estratégia vendam seu Bitcoin.

Enquanto o preço do BTC despencou 41% em junho, ele se recuperou em julho e ganhou 26%. Isso naturalmente deu aos mineradores públicos algum espaço para respirar, e a venda forçada de junho foi seguida por vendas reduzidas e até mesmo alguma acumulação pelos mineradores. Em julho, houve uma pressão de venda mais natural relacionada à redução de risco como parte dos planos de expansão de financiamento, conforme explicado na seção acima", analisou.

Os maiores vendedores de Bitcoin desde maio entre os mineradores. (fonte: Arcane Research)

"Os vendedores forçados de junho também passaram algum tempo naquele mês reorganizando seus balanços. Core Scientific e Bitfarms foram dois dos mineradores com as maiores quantidades de equipamentos e dívidas garantidas por Bitcoin, embora ambos tenham reduzido esses valores drasticamente em junho. Como foram obrigados a vender - para evitar serem liquidados, esses negócios foram os maiores vendedores de Bitcoin em maio e junho", disse.

Crescimento insignificante da taxa de hash

Taxa total de hash (TH/s) (fonte: blockchain.com)

Ainda olhando para a atividade de mineração a empresa destaca que houve zero crescimento sustentado na taxa de hash do Bitcoin desde março. A taxa atual está em torno de 220 EH/s (exahash por segundo), a mesma de seis meses atrás.

"O preço fraco do Bitcoin desincentivou os mineradores de expandir a capacidade. Além disso, os problemas da cadeia de suprimentos tornaram a expansão da taxa de hash um desafio, pois há uma considerável falta de capacidade do data center para conectar as máquinas", disse.

O crescimento da taxa de hash ficou aquém de todas as expectativas desde o início do ano. A Bytetree previu que a taxa de hash ultrapassaria 300 EH/s até o final de 2022, mas o crescimento estagnado e o declínio maciço nas últimas duas semanas apenas nos dão motivos para acreditar que a taxa de hash já poderia ter atingido o pico no ano.

No entanto a empresa aponta que outros dados sugerem um cenário de início de recuperação como a quantidade de endereços ativos que está voltando ao normal. Atualmente, existem 928.000 endereços ativos em uma média de 7 dias, acima dos 834.000 em meados de junho.

"Além disso, o volume diário de transações aumentou 13% na segunda e terceira semana de agosto, além do aumento de endereços ativos. O custo médio de transação nos sete dias anteriores foi de apenas US$ 1,4, apesar do fato de que a atividade on-chain vem aumentando. Os custos de transação agora são bastante baixos historicamente, apenas 1,7% das receitas da mineradora. Desde 2011, a média histórica é de 3,2%", finaliza.

 André Franco, Head da área de Research do Mercado Bitcoin, também aponta que o cenário, embora desanimador, começa a dar sinais de recuperação pois os dados on-chain contam uma história diferente da observada nos preços.

"A maturação dos bitcoin nas mãos de investidores de longo prazo está acontecendo em um ritmo bem acelerado que não se via desde julho de 2021. No último mês mais de 200 mil bitcoins maturaram nas mãos de Long Term Holders (LTH). Além disso, continuamos a ver saída de BTCs das exchanges. Desde o início de 2022 mais de 300 mil bitcoins deixaram as exchanges de cripto", apontou.

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