Em 2024, o mercado de criptomoedas alcançou marcos significativos, incluindo o halving do Bitcoin e a moeda atingindo seu valor máximo na história, bem como a aprovação dos primeiros ETFs de Bitcoin e Ethereum pela SEC, nos Estados Unidos.

Embora esses eventos influenciaram ativos específicos, analistas acreditam que o impacto positivo espalha-se para outros criptoativos, transmitindo confiança aos investidores e traders. Isso tem aumentado o interesse e gerado uma tendência otimista no primeiro semestre do ano.

Embora seja difícil prever o comportamento futuro dessas moedas, que podem ser influenciadas por diversos fatores, Daniel González, Analista de Cripto na Bitso, destaca que, ao examinar o histórico de preços das principais criptomoedas, há uma relação entre os eventos que têm moldado o ecossistema cripto e o valor desses ativos até o momento.

“Ao escolher em qual criptomoeda investir, as plataformas cripto tornam-se aliadas essenciais e fontes de informação valiosas. Elas ajudam a analisar o comportamento recente do ativo e a calcular a média dos preços de compra e venda, permitindo aproveitar os ganhos periódicos quando os valores aumentam repentinamente", explica González.

Para avaliar o desempenho de comportamento, ele apresentou o rendimento das cinco criptomoedas mais destacadas, com base em seu potencial de crescimento.

Bitcoin (BTC): O Bitcoin, a primeira e mais reconhecida criptomoeda, globalmente, viu sua adoção institucional aumentar, significativamente, este ano com o início das operações dos ETFs. Sua reputação como "ouro digital" torna-o um investimento confiável na indústria. Além disso, sua oferta limitada a 21 milhões de moedas, potencialmente, assegura seu valor a longo prazo. Em março deste ano, o BTC atingiu seu máximo histórico de USD$ 73.750.

Ethereum (ETH):  O Ethereum não é apenas uma criptomoeda, mas também uma plataforma para contratos inteligentes e aplicações descentralizadas (dApps). Ele se destaca por sua versatilidade, que não apenas aprimorou sua escalabilidade e eficiência, mas também permitiu o staking, ou seja, colocar ETH e outros tokens do ecossistema a serviço da rede em troca de retornos atrativos.

É uma opção interessante para investidores, especialmente, com a iminente cotação dos primeiros ETFs de ether em Wall Street. Sua máxima foi de USD$ 4.891,70, alcançada durante o verão cripto em novembro de 2021.

Solana (SOL): A Solana tem ganhado popularidade devido à sua alta velocidade de transação e baixas comissões. Seu ecossistema em expansão e capacidade de gerenciar milhares de transações por segundo a tornam um investimento eficiente e promissor. Também é a blockchain preferida para as memecoins, que estão em alta no contexto da campanha eleitoral dos Estados Unidos.

Solana atingiu seu valor máximo de mercado em novembro de 2021, assim como o Ethereum, chegando a USD$ 260,06, com um crescimento superior a 700% no último ano.

Pepe (PEPE): Embora o Pepe tenha começado como um meme token, ele desenvolveu uma comunidade leal e demonstrou resiliência no mercado. Sua popularidade e o apoio recebido podem criar oportunidades de crescimento especulativo. No entanto, é importante destacar que esta opção implica maior volatilidade. O preço mais alto do PEPE registrado até hoje foi de USD$ 0.00001718, em maio deste ano. 

Ripple (XRP): O XRP se destaca por seu foco em transferências internacionais de dinheiro e parcerias estratégicas com instituições financeiras. Sua tecnologia de liquidação rápida e de baixo custo o torna ideal para pagamentos transfronteiriços, proporcionando um valor fundamental no sistema financeiro global ao conectar bancos e serviços monetários para facilitar transações instantâneas em todo o mundo. Seu pico histórico ocorreu em janeiro de 2018, alcançando US$ 3.842.

Essas criptomoedas combinam estabilidade, inovação e potencial de crescimento, o que as torna atraentes para uma variedade de perfis de investidores. Além disso, projetos como Cardano (ADA), Tron (TRX), Polygon (MATIC) e Avalanche (AVAX), também registraram um crescimento significativo em 2024.

No que investidores devem ficar de olho até o final do ano

Diante destes acontecimentos do primeiro semestre, Andressa Paiva, Head de comunicação do Allintra, destaca que o cenário atual do mercado cripto é desafiador, mas alguns sinais apontam para uma possível recuperação, especialmente para o Bitcoin. A volatilidade recente causou incertezas, mas a história mostra que o Bitcoin tem uma notável capacidade de recuperação, especialmente em períodos pós-halving.

A crescente aceitação e adoção do Bitcoin como um ativo de reserva de valor indicam um futuro promissor, apesar das flutuações de curto prazo. Além disso, o desempenho do Ethereum continua sendo uma preocupação, com a falta de suporte dos investidores e baixa atividade on-chain.

"Enquanto isso, o Shiba Inu mostra sinais de recuperação, mas os investidores devem ser cautelosos, pois essas recuperações técnicas podem ser temporárias.

Para Andressa, “é fundamental manter uma perspectiva de longo prazo. A crescente aceitação e adoção do Bitcoin como um ativo de reserva de valor indicam um futuro promissor, apesar das flutuações de curto prazo”, apontou.

Já André Carneiro, CEO da BBChain, destaca que a tokenização está crescendo rapidamente, expandindo-se para além do setor financeiro tradicional e encontrando novos casos de uso em áreas como Edutechs, que incluem educação financeira, pagamentos P2P e benefícios tokenizados. Este movimento indica um avanço significativo na adoção da tecnologia blockchain em diversos setores.

"Recentemente, o DREX entrou numa fase crucial de expectativa após a submissão dos novos casos de uso ao Banco Central (BACEN). A aprovação desses casos e a definição do modelo de integração e utilização da rede DREX são aguardadas com grande interesse. Caso sejam bem-sucedidas, estas medidas têm o potencial de impulsionar significativamente o mercado de tokenização no segundo semestre, fomentando o desenvolvimento de novos projetos", disse.

Diego Guareschi, CMO da Hathor Labs, afirma que para o terceiro trimestre de 2024, o mercado de criptomoedas será influenciado por fatores econômicos, tecnológicos e regulatórios. Avanços contínuos em tecnologias de blockchain estão promovendo novas aplicações e uma maior adoção das criptomoedas, destacando-se projetos que simplificam e massificam o uso de contratos inteligentes, finanças descentralizadas (DeFi) e a tokenização de ativos tradicionais principalmente.

Segundo ele, espera-se também a chegada de soluções que permitam a customização do grau de privacidade dos usuários, removendo barreiras significativas para a adoção em massa da tecnologia.

"A crescente adoção institucional está impulsionando a legitimidade e a demanda por esses ativos, com empresas e bancos integrando criptomoedas em suas operações e ofertas de serviços, aumentando a confiança no mercado. Além disso, tensões geopolíticas e eventos globais, como eleições e conflitos, podem impactar direta e indiretamente o mercado de criptomoedas, afetando a confiança dos investidores e a estabilidade econômica", apontou.

Tendências para o mercado

Já Beto Fernandes, analista da Foxbit afirma que o desempenho do mercado e das criptomoedas vai girar em torno da inflação e eleições norte-americanas, assim como uma possível exaustão dos investidores sobre as ações tradicionais, que já se mostram bem esticadas. “

O fato é que há muita macroeconomia pressionando todos os setores do mercado. Essa incerteza limita as ações que os investidores de varejo ou institucionais possam estar pensando em fazer. O processo eleitoral, por exemplo, por si só já é um evento bastante duvidoso. Se adicionarmos os recentes pedidos de desistência a Joe Biden, e o julgamento de Donald Trump, temos uma dose ainda maior de incerteza”, apontou.

Segundo ele, como o corte de juros nos Estados Unidos dificilmente vai ocorrer em julho, por conta da inflação ainda elevada, as  apostas ficam para setembro, bem no fechamento do trimestre. Se o FED seguir as apostas de redução da taxa, este tende a ser um gatilho extremamente positivo para as criptomoedas. 

"Outro fator importante são as negociações do ETF de Ethereum à vista nos Estados Unidos e que podem ser liberadas em breve. “Embora não seja possível a gente medir se o interesse por esses fundos será o mesmo que vimos no Bitcoin, a perspectiva é de um bom volume de compra, pois o produto corresponde também a uma demanda institucional” Diante de todos esses eventos, as criptomoedas podem ainda sofrer com a falta de um impulso de alta mais claro nos próximos meses até que essas e outras situações comecem a ser definidas", aponta.

Renato Nobile, analista da Buena Vista Capital, disse que a primeira questão que temos que observar, principalmente falando de 2023 para cá, é que estamos tendo uma recuperação muito, muito forte, puxada primeiro pelo Bitcoin e depois pelo Ethereum, por vários aspectos. Primeiro, tivemos uma elevação muito grande da taxa de juros, um aperto monetário muito forte, global, que fez com que investidores, no geral, fossem fugindo do risco.

"E quando a gente fala de risco, a primeira coisa que o investidor vende é sempre aquele ativo de má volatilidade. Consequentemente, Bitcoin, Ethereum e cripto no geral sofrem bastante nesse sentido. Nesse sentido, a gente começou a ver uma recuperação a partir do momento que esse aperto monetário começou a afetar a inflação, que por sua vez começou a cair", disse.

Nobile destaca que começamos a ver a recuperação de ações de tecnologia e de cripto também puxado pelo Bitcoin. Para favorecer ainda mais esse movimento, houve a aprovação de ETFs de spot de Bitcoin nos Estados Unidos, e agora também, a aprovação de ETFs de spot de Ethereum.

"Por isso, é possível perceber o desenvolvimento do mercado tradicional caminhar mais, aceitando e regulamentando, cada vez mais, o mercado de cripto", destaca.