O estado de Dakota do Sul enterrou nesta semana a proposta de incluir Bitcoin nas reservas estaduais, seguindo Montana, Pensilvânia, Wyoming e Dakota do Norte. Com 9 votos contra e 3 a favor, o Comitê de Energia e Comércio local classificou a moeda como “muito volátil para fundos públicos”, citando uma queda de 7% no preço em apenas 48 horas.
Logan Manhart, autor do projeto, prometeu reintroduzi-lo em 2025: “A batalha não acabou. Vamos ajustar a estratégia”, declarou.
A rejeição reflete um cenário nacional dividido. Enquanto 18 estados ainda debatem 25 propostas similares, quatro dos cinco projetos arquivados em 2024 citaram a instabilidade do Bitcoin como motivo principal.
No Wyoming, tradicional defensor das criptomoedas, legisladores alegaram “risco fiscal inaceitável”. Já na Pensilvânia, a proposta sequer chegou a votação, travada por falta de apoio.
O impacto político coincidiu com uma crise no mercado. O Bitcoin caiu 7,9% em um dia, atingindo US$ 87,2 mil, após perder a marca de US$ 90 mil.
O Ethereum desabou 9,9%, chegando a US$ 2,4 mil. Altcoins como Solana (SOL) e Dogecoin (DOGE) acompanharam a tendência, com perdas acima de 12%. No total, US$ 1,58 bilhão em posições alavancadas foram liquidados, segundo a CoinGlass — 85% delas apostas na alta.
O colapso acelerou após o hack da exchange Bybit, atribuído ao grupo norte-coreano Lazarus. Quase US$ 1,5 bilhão em Ethereum (ETH) e Lido Staked Ether (stETH) foram roubados, em um dos maiores ataques da história.
A Elliptic rastreou parte dos fundos sendo lavados via corretoras privadas e mixers, dificultando a recuperação. A eXch, plataforma de câmbio focada em privacidade, está no centro das investigações.
O bear market está próximo?
Fatores macroeconômicos agravaram o cenário. O índice de confiança do consumidor dos EUA caiu 8 pontos em junho, o maior tombo desde 2021. Ameaças de tarifas comerciais ampliadas por Donald Trump e tensões geopolíticas pressionaram investidores.
“É uma tempestade perfeita: hackers, política e medo de recessão”, resumiu um analista da CoinShares.
Especialistas divergem sobre o futuro. Chris Burniske, ex-ARK Invest, comparou a queda à correção de 56% do Bitcoin em 2021, que antecedeu máximas históricas. “Quem prega bear market ignora a ciclicidade”, disse no X. Raoul Pal, da Real Vision, lembrou que em 2017 houve cinco quedas acima de 28% antes da alta final.
“Paciência é chave”, aconselhou.
Enquanto isso, países como El Salvador e empresas como a Metaplanet aproveitaram a baixa para comprar Bitcoin. A estratégia contrasta com a cautela dos estados americanos, onde apenas Texas e Flórida avançam em regulamentações pró-cripto. Para defensores, a resistência legislativa retardará a adoção institucional nos EUA.
O prejuízo de traders ultrapassou US$ 1,5 bilhão, com milhares de contas zeradas. Investidores de retail foram os mais atingidos, segundo a CryptoQuant. “Muitos entraram alavancados no pico, sem plano para volatilidade”, explicou um relatório.
Apesar do caos, otimistas veem oportunidade. “Correções saudáveis eliminam excessos”, afirmou Burniske. Analistas apontam que o ETF de Bitcoin ainda atrai US$ 150 milhões diários, indicando interesse institucional.
Para Manhart, a lição é clara: “Precisamos educar mais os legisladores sobre tecnologia, não apenas preço”.