Resumo da notícia
Bitcoin recua para US$ 85 mil, mas grandes gestoras veem novo recorde em 2026.
ETFs e investidores institucionais romperam o ciclo de quatro anos, reduzindo quedas profundas.
Halving perde força, enquanto liquidez global e demanda passam a ditar o preço do BTC.
O Bitcoin voltou a cair para US$ 85 mil nesta segunda, 15, deixando os traders preocupados que uma possível perda do suporte de US$ 80 mil pode levar embora os sonhos de alta do BTC e jogar o mercado em um novo bear market.
No entanto, enquanto especuladores estão preocupados com a queda, a equipe de pesquisa da 21shares, em seu novo relatório State of Crypto 2025, considera que o Bitcoin deverá atingir um novo máximo no ano que vem, mas reitera que o ciclo de quatro anos que caracteriza o ativo se rompeu. Isso se deveu ao fato de que os ETFs, os investidores corporativos e soberanos absorveram seis vezes o total de bitcoins minerados no ano.
“Agora cada ciclo entrega menos retornos exponenciais, mas também correções bem mais moderadas, mostrando a evolução do Bitcoin. O halving pode continuar a ser simbólico, mas não é mais o motor. Desde 2024, a queda do Bitcoin em relação aos máximos históricos nunca ultrapassou 30%, em comparação com correções de mais de 60% em ciclos anteriores. Em suma, o Bitcoin está se comportando menos como uma negociação de pequena capitalização no varejo e mais como um hedge macro global", disse Russell Barlow, CEO na 21shares.

A maior exposição de governos e bancos ao Bitcoin deve se espraiar para outros ativos. A 21shares calcula que o mercado global de ETPs de criptoativos passará de US$ 250 bilhões neste ano para US$ 400 bilhões em 2026, superando o volume gerenciado pelo maior ETF do mundo, o Nasdaq-100, mesmo com menos investidores tradicionais.
“Só 27% dos ETPs de Bitcoins nos EUA são gerenciados por contas institucionais. Ainda tem muito espaço para crescer. A SEC abriu a porta para a oferta de diversos ativos, como Solana, XRP e Dogecoin. Já são 120 propostas de ETPs em análise. O Reino Unido tirou a restrição de comércio, e da Ásia à América Latina estão sendo criados marcos legais, tornando os ETPs de criptoativos padrão global de acesso regulado”, disse o presidente da 21shares, Duncan Moir.
US$ 1 trilhão
Além disso, a 21shares calcula ainda que o volume de stablecoins no mercado passará de US$ 1 trilhão no final do ano que vem, hoje está em US$ 300 milhões. De acordo com a empresa, o setor, que cresceu 10 vezes em cinco anos, pode ser impulsionado com as regulamentações na Europa e nos EUA, onde a Casa Branca sinaliza avanços para os próximos anos.
As projeções otimistas também se repetem em relação às finanças descentralizadas (de US$ 130 bilhões para US$ 300 bilhões), indústria preditiva (alimentada pelas eleições de meio de mandato americanas) e nos DATs (de US$ 110 bilhões para US$ 250 bilhões), embora se preveja uma concentração de mercado neste último.
No Brasil, a 21shares estima que US$ 318 bilhões em criptoativos circularão na economia em 2025, sendo 90% em stablecoins. Remessas, comércio e pagamentos são os principais setores.
“As mudanças regulatórias de 2023 fizeram o mercado deslanchar e ainda há demanda”, diz Bruna Cabús, representante para a América Latina e a Península Ibérica da gestora.
Do ponto de vista tecnológico, a inteligência artificial (IA) agêntica deve começar a dar seus primeiros passos, aponta o relatório, sendo aplicada em áreas como pagamentos, gestão de liquidez e transferências entre blockchains.
“A economia agêntica representa uma mudança fundamental nas finanças, onde agentes de IA gerenciam pagamentos, rendimentos e liquidez entre blockchains de forma integrada, reduzindo o atrito e as despesas operacionais. Com plataformas emergentes no campo, investidores e consumidores agora podem acessar estratégias financeiras sofisticadas e em várias etapas por meio de comandos de linguagem simples. À medida que a infraestrutura e os protocolos amadurecem, a DeFi impulsionada por IA não está apenas automatizando tarefas, mas criando uma classe totalmente nova de capital autônomo e investível, revelando eficiência, escalabilidade e oportunidades sem precedentes na economia descentralizada.”, aponta Maximiliaan Michielsen, estrategista de investimentos da 21shares.
Bitfinex também crava: o halving já era
Quem também cravou que o halving não impacta mais o preço do BTC foi a Bitfinex, indicando na última edição do Bitfinex Alpha de 2025, que o ‘fim do halving’ é uma ruptura estrutural no BTC.
Com a emissão anual de BTC agora abaixo de 1%, o choque marginal de oferta gerado a cada halving perdeu força, reduzindo sua capacidade de ditar os ciclos de mercado. Com isso, o comportamento de preço do Bitcoin passa a ser cada vez mais influenciado por fatores do lado da demanda e por condições macroeconômicas, e não apenas pela escassez programada.” afirma.
De acordo com a empresa, essa mudança ficou clara em 2025. Apesar de modelos baseados em halving sugerirem que o ciclo já estaria completo, o Bitcoin evitou as quedas profundas vistas em períodos anteriores. Fluxos estruturais vindos de ETFs, empresas e entidades ligadas a governos absorveram volumes equivalentes a múltiplas vezes a oferta anual minerada, reduzindo a volatilidade e acelerando as recuperações.
Desde 2024, as correções de preço têm sido significativamente mais rasas, sinalizando um mercado dominado por capital paciente, de longo prazo, e menos dependente do investidor varejista especulativo.
Além disso, a empresa destaca que o papel do BTC como ativo de proteção ao lado de instrumentos tradicionais se fortaleceu. Déficits fiscais persistentes, cortes de juros em um ambiente de inflação acima da meta e o aumento dos riscos ligados à dívida soberana reacenderam a narrativa de hedge. O ouro liderou esse movimento em 2025.
E o que esperar de 2026? Primeiro, em linha com padrões históricos nos quais o ouro tende a se destacar em pontos de inflexão macroeconômica, acreditamos que o Bitcoin deve acompanhar esse movimento com alguma defasagem. Em segundo lugar, a liquidez tende a ser o principal motor do desempenho do BTC. A forte emissão de títulos do Tesouro em 2025, o prolongamento do aperto quantitativo (QT) e programas fiscais concentrados no curto prazo estenderam o ciclo global de liquidez. À medida que a emissão desacelera e o QT começa a perder intensidade no fim de 2025 ou início de 2026, as condições de liquidez devem se tornar mais favoráveis ao Bitcoin.
De acordo com a análise da Bitfinex, em terceiro lugar, a adoção institucional segue avançando. Os ETPs de criptoativos se consolidaram como o principal ponto de acesso a ativos digitais, à medida que barreiras regulatórias diminuem e o interesse soberano cresce. Com os ativos sob gestão (AUM) de ETPs cripto em pouco mais de US$ 200 bilhões atualmente, nossa expectativa é que esse valor ultrapasse US$ 400 bilhões até o fim de 2026. Isso reforça a transição do Bitcoin para um ativo mais maduro, sensível ao cenário macroeconômico e com ciclos mais longos e menos voláteis.
À medida que 2025 chega ao fim, entramos em um novo ano com a expectativa de que o Bitcoin volte a testar sua máxima histórica (US$ 126.110), sustentado por uma política monetária mais flexível, maior liquidez e o avanço contínuo da adoção de criptoativos”, finaliza.

