Nesta quinta, 05, o Bitcoin atingiu um marco histórico ao ultrapassar a marca de US$ 100.000, consolidando-se como um dos ativos mais valorizados do mercado financeiro global. Esse desempenho notável é atribuído a uma série de fatores, incluindo o ambiente regulatório mais favorável nos Estados Unidos.
A eleição de Donald Trump e a nomeação de Paul Atkins, conhecido por sua postura pró-cripto, para liderar a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), geraram otimismo entre os investidores. Atkins substitui Gary Gensler, que era criticado por sua abordagem rigorosa em relação às criptomoedas.
Além disso, a aprovação de ETFs spot de Bitcoin e o halving deste ano contribuíram para a dinâmica de oferta e demanda, impulsionando o preço da criptomoeda. O valor de mercado total do Bitcoin agora supera US$ 2 trilhões, refletindo sua crescente aceitação e adoção institucional.
Especialistas do setor preveem que o Bitcoin pode continuar sua trajetória ascendente, com alguns estimando que o preço alcance US$ 130.000 até o final do ano. No entanto, alertam para a possibilidade de correções de curto prazo devido à volatilidade inerente ao mercado de criptomoedas. Investidores são aconselhados a permanecer vigilantes e considerar estratégias de gestão de risco ao navegar nesse ambiente dinâmico.
A recente valorização do Bitcoin também teve um impacto positivo em outras criptomoedas, como o Ether (ETH), que registrou um aumento de 5%, alcançando US$ 3.859. O mercado de criptomoedas como um todo está experimentando um período de crescimento robusto, impulsionado por desenvolvimentos regulatórios favoráveis e maior interesse institucional.
À medida que o Bitcoin continua a quebrar barreiras e estabelecer novos recordes, ele solidifica sua posição como uma classe de ativo significativa no cenário financeiro global. Confira o que 10 analistas, das principais empresas de criptomoedas com atuação no Brasil, pensam sobre o futuro do BTC após este marco histórico.
Guilherme Nazar, Vice-Presidente Regional da Binance para a América Latina
Quase 16 anos desde que seu primeiro bloco foi minerado em 2009, o Bitcoin atingiu o marco de US$ 100 mil por token, levando o ativo a uma capitalização de mercado total acima de US$ 2 trilhões. Isso também coloca o Bitcoin de forma firme na curta lista de apenas sete ativos ou empresas que alcançaram mais de 2 trilhões de dólares em capitalização de mercado, se unindo ao ouro e aos gigantes da tecnologia NVIDIA, Apple, Microsoft, Alphabet (Google) e Amazon.
A alta histórica do Bitcoin para US$ 100 mil por token ocorre devido a mudanças estruturais significativas no mercado, possíveis mudanças regulatórias nos EUA sob a administração Trump e adoção institucional alimentada pelo sucesso dos ETFs de Bitcoin. Com conversas sobre uma reserva estratégica de Bitcoin dos EUA e mais empresas adicionando Bitcoin aos seus tesouros corporativos, estamos à beira da verdadeira adoção global convencional.
Mas os fatores que vêm influenciando favoravelmente o Bitcoin e outras criptomoedas vão além das fronteiras americanas. Diversos países estão em posição avançada na regulação do mercado, definindo regras que ao mesmo tempo protegem os usuários e permitem que tanto os investidores de varejo quanto institucionais acessem esse mercado. Isso vem criando uma demanda crescente por criptomoedas em âmbito global.
Além disso, as empresas do setor, e a Binance tem papel de destaque nesse processo, vêm investindo pesadamente em segurança, conformidade regulatória e tecnologia para conferir maior usabilidade e valor às criptomoedas. Tudo isso, de forma combinada, gera um efeito em cadeia atraindo novos investidores, e impulsionando a demanda por criptoativos.
O marco alcançado hoje registra um ponto de virada na jornada do Bitcoin de um ativo de nicho para um instrumento financeiro convencional, atraindo mais investidores institucionais e de varejo, uma narrativa poderosa e um impulsionador de sentimento que reforça a posição das criptomoedas no cenário financeiro e incentiva uma adoção mais ampla."
Impulsionadores deste rally
A recente mudança nas condições macroeconômicas desempenhou um papel considerável no rali do Bitcoin. Com o Federal Reserve cortando as taxas de juros após um período prolongado de aperto e a liquidez global em ascensão, o capital fluiu para ativos percebidos como resistentes à inflação e escassos. O Bitcoin, com sua oferta fixa de 21 milhões de moedas, se destacou como uma proteção natural contra a desvalorização da moeda fiduciária, impulsionando o aumento da demanda.
A expectativa de um governo Trump amigável às criptomoedas injetou otimismo no mercado, com promessas de transformar os EUA em um hub global de criptomoedas feitas durante a campanha. A retórica em torno da Reserva Estratégica de Bitcoin dos EUA e possíveis mudanças regulatórias, assim como a nomeação por Trump de Paul Atkins, ex-comissário da SEC para a posição de presidente desta entidade, estão aumentando ainda mais a confiança dos investidores.
As aquisições agressivas de Bitcoin da Microstrategy destacam uma tendência crescente de tesourarias corporativas adotando ativos digitais, com a empresa agora detendo perto de 2% da oferta total de Bitcoin. Outras empresas, como a Marathon Digital e potencialmente a Microsoft, estão seguindo o exemplo, indicando uma mudança mais ampla em direção ao Bitcoin como um ativo estratégico.
A introdução de ETFs de Bitcoin e, mais recentemente, opções de ETF de Bitcoin, tornou mais fácil para os investidores institucionais ganhar exposição e proteger os riscos, contribuindo significativamente para o recente rali. Com entradas substanciais nesses ETFs, o Bitcoin está pronto para uma maior integração nos principais mercados financeiros.
CNPI da CM Capital, Rafael Lage
Os US$ 100.000 são apenas um detalhe. No curtíssimo prazo, os próximo objetivos são 116.600 e 132.400. Tudo agora dependerá de regulamentações governamentais mais favoráveis, que facilitará a aceitação do público e sua adoção no dia a dia.
Além disso, novas tecnologias podem tornar a criptomoeda mais segura contra ataques cibernéticos. Hoje além do BITCOIN, temos mais de 10.000 criptomoedas. Como falei, a marca dos 100.00 dólares é só o começo de uma nova era de moedas descentralizadas.
Haider Rafique, CMO da OKX
Existem dois pontos importantes a serem discutidos agora que o BTC atingiu 100 mil dólares. Primeiramente, esse marco é um momento significativo e de celebração para a indústria. Centenas de milhares de desenvolvedores e participantes do ecossistema têm se dedicado ao Bitcoin e às criptomoedas na última década, e isso valida o esforço deles. Em segundo lugar, ainda há sinais fortes de alta no mercado, incluindo a adoção institucional e outros fatores.
Dito isso, pode haver um choque de oferta no futuro, à medida que o fornecimento limitado do Bitcoin se torne mais evidente para um número maior de investidores em um ciclo de alta. Também é possível que haja uma correção de 20-30% no curto prazo, já que alguns investidores provavelmente vão realizar lucros. No entanto, esse tipo de recuo não deverá durar muito tempo.
Pedro Gutiérrez, Diretor Latam da CoinEx
O recente marco do Bitcoin ao ultrapassar os US$ 100.000 o posiciona como um concorrente direto do ouro como reserva de valor, impulsionado pelo crescente interesse institucional e pela aprovação de ETFs que democratizam seu acesso.
Essa conquista remete a momentos chave do ouro, como a consolidação de seu papel estratégico após a aprovação de seu primeiro ETF em 2004 ou sua valorização durante a crise de 2008.
A possível reeleição de Trump adiciona um contexto geopolítico que historicamente favorece a busca por ativos de proteção. Olhando para o futuro, a possível integração do Bitcoin em bolsas como a Nasdaq poderia consolidar sua adoção institucional, abrindo novas oportunidades nos mercados financeiros globais."
João Canhada, fundador da Foxbit
Ver o Bitcoin chegar a US$ 100 mil é emocionante. Quando começamos a Foxbit há 10 anos, era difícil imaginar que ele sairia de fóruns de entusiastas tão rapidamente para ser reconhecido globalmente como uma reserva de valor e uma solução financeira inovadora.
Esse marco é uma prova do amadurecimento do ativo e da confiança que tantas pessoas construíram ao longo dos anos. Mais do que preço, o Bitcoin simboliza liberdade e descentralização – e isso só está começando. O futuro da economia está sendo escrito agora.
Samir Kerbage, CIO da Hashdex
O Bitcoin atingiu a marca histórica de US$100.000, refletindo anos de inovação e resiliência de inúmeros indivíduos dentro de seu ecossistema. Este é um capítulo notável na trajetória do Bitcoin, mas certamente não é o desfecho. Estamos ainda nos estágios iniciais de sua adoção e acreditamos que o melhor está por vir.
Este marco também reflete uma nova confiança no ecossistema cripto mais amplo, desde aplicações de contratos inteligentes até finanças descentralizadas, Web3 e a interseção da indústria com a IA.
O caminho à frente continuará exigindo a mesma convicção constante e trabalho árduo que trouxeram o Bitcoin até este ponto, e estamos entusiasmados em continuar nosso trabalho para ajudar os investidores a acessarem esta incrível oportunidade.
Fábio Plein, diretor regional para as Américas da Coinbase
O marco de US$ 100 mil é uma prova da crescente confiança na criptoeconomia, alimentada pelo entusiasmo dos investidores e pelo apoio de grandes instituições financeiras. Ele destaca o potencial transformador da tecnologia blockchain à medida que nos aproximamos de um futuro de regulamentações mais claras e amigáveis. Para nós, a jornada à frente é tão empolgante quanto esse importante marco!
Fabrício Tota, diretor de Novos Negócios do MB
O Bitcoin ultrapassar a marca histórica de US$ 100 mil — ou impressionantes R$ 600 mil no Brasil — é mais do que uma vitória simbólica. É um marco psicológico que consolida o ativo como peça central no mercado financeiro global e destaca sua relevância em economias emergentes como a brasileira.
Esse momento é impulsionado por fatores como as expectativas de um ambiente regulatório mais favorável nos EUA, incluindo a mudança na liderança da SEC e a possibilidade de bancos americanos custodiarem criptoativos. A entrada de players institucionais e o sucesso de ETFs de Bitcoin à vista já mostram que o mercado está deixando de ser alternativo para se tornar mainstream.
Apesar da euforia, é essencial lembrar que o mercado de criptomoedas é volátil e resistências como a marca de US$ 100 mil podem gerar realização de lucros no curto prazo. Mas superar máximas históricas também atrai novos investidores e reafirma a força do Bitcoin como reserva de valor em tempos de incerteza econômica global.
O Brasil, por sua vez, está se destacando no radar cripto global. Os reguladores estão a todo vapor e temos diversas consultas públicas em andamento, bem como iniciativas como o Drex. Temos a oportunidade de fazer com que o país se consolide como um polo para o futuro dos ativos digitais. Já ficou claro: o discurso de que "Bitcoin não é regulado" não envelheceu bem por aqui.
O rompimento de US$ 100 mil não é o destino final. É apenas o começo de uma nova era para o Bitcoin, conectando mercados, economias e investidores em uma revolução financeira global. Para o brasileiro, especialmente, "bitcoinizar" seu patrimônio nunca fez tanto sentido.
Ana de Mattos, Analista Técnica e Trader Parceira da Ripio
Com a alta impulsionada no mês de novembro após a vitória de Donald Trump, o preço do Bitcoin teve uma alta substancial se aproximando da marca dos US$ 100.000 por unidade. Mas foi somente em 04 de dezembro que o preço do Bitcoin atingiu a máxima de US$ 104.000.
A alta ocorreu após uma alguns comentários que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, fez durante o DealBook Summit do The New York Times (NYT). Powell cita que o Bitcoin é um concorrente do ouro, não do dólar.
“É como o ouro, só que virtual”, disse Powell. “As pessoas não o estão usando como forma de pagamento ou como reserva de valor. É altamente volátil. Não é um concorrente do dólar, é realmente um concorrente do ouro.”
Do ponto de vista da análise gráfica de fluxo, no momento em que o preço do Bitcoin atingiu a máxima de US$ 104.000 por unidade, entrou um alto volume financeiro no topo, o que sugere uma possível exaustão compradora. Se confirmada a exaustão, podemos ver o preço do Bitcoin fazer uma correção até as regiões de liquidez dos US$ 96.240 e US$ 92.000.
No entanto, caso entre fluxo comprador impulsionando o preço para cima, considerando a ferramenta de extensão de Fibo, a próxima projeção está nos US$ 113.240, mas, para que ocorra a busca por esse nível de preço, é necessário que continue entrando volume comprador relevante.
Luiz Calado, planejador financeiro CFP pela Planejar
Esse desempenho, representando uma valorização de 126% em relação aos $44.000 de janeiro, reflete o amadurecimento do conhecimento do mercado sobre o ativo com a convergência de fatores estruturais, como a adoção institucional, a entrada maciça de capital via ETFs de Bitcoin e a euforia do mercado após a reeleição de Donald Trump.
O interesse institucional continua sendo o principal motor desse crescimento. A MicroStrategy, já consolidada como a maior detentora corporativa de Bitcoin, adquiriu recentemente mais 15.400 BTC, investindo $1,5 bilhão de dólares, e agora detém um total de 402.100 BTC, avaliados em mais de $40 bilhões de dólares. O movimento não está isolado: empresas como a Acurx Pharmaceuticals também decidiram alocar parte de sua tesouraria em Bitcoin, citando a oferta limitada e a proteção contra a inflação como razões estratégicas.
Outro fator determinante foi o avanço dos ETFs de Bitcoin spot, que facilitaram o acesso de investidores ao ativo. Em novembro, esses veículos atraíram $6,1 bilhões de dólares em novos aportes, sendo $5,4 bilhões apenas do iShares Bitcoin Trust, da BlackRock.
A aprovação dos ETFs nos Estados Unidos criou uma nova ponte entre investidores tradicionais e o mercado de criptomoedas, solidificando o Bitcoin como uma classe de ativo legítima. Instituições como Goldman Sachs e Banco do Brasil também entraram no jogo, consolidando essa narrativa. No BB é possível investir em Bitcoin a partir do fundo multimercado Cripto Full e também há um fundo multimercado com exposição. A maior parte dos grandes bancos no Brasil já oferece produtos com exposição ao ativo.
A dinâmica de oferta também desempenhou seu papel. O halving de abril, que reduziu a recompensa por mineração, comprimiu a oferta disponível, um efeito clássico que historicamente impulsiona os preços. Apenas no último mês, o Bitcoin acumulou uma valorização de 38% em reais, alimentado pela crescente demanda e pela redução na disponibilidade do ativo.
Curiosamente, o cenário político deu um toque adicional à narrativa. A reeleição de Trump, com sua postura pró-cripto, trouxe mais entusiasmo ao setor e a sua nomeação de Paul Atkins, um defensor das criptomoedas, na presidência da SEC, gerou especulações de um ambiente regulatório mais amigável.
Trump ainda propôs a criação de uma reserva nacional de Bitcoin, alimentando o debate sobre o papel estratégico da criptomoeda na economia americana. Para completar, recentemente a presidencia do FED nos EUA comparou o Bitcoin ao ouro digital.
O rali elevou a capitalização de mercado do Bitcoin para mais de $2 trilhões pela primeira vez, consolidando-o como um dos ativos mais valiosos do mundo. Apesar de impressionante, o crescimento de 2024 não é o mais emocionante da história. Em 2017, o Bitcoin no Brasil registrou uma alta de 1.900%, e durante a pandemia de COVID-19, valorizou-se mais de 650%.
Desde sua criação por Satoshi Nakamoto em 2009, o Bitcoin deixou de ser uma curiosidade digital para se tornar um ativo globalmente relevante. A marca de $100.000 dólares não é apenas um número simbólico, mas um testemunho de sua consolidação como um pilar da nova economia digital. Para aqueles que já duvidaram de sua resiliência, essa nova etapa reafirma o potencial transformador do Bitcoin no mundo financeiro.