O setor de apostas de quota fixa e jogos online, regulamentado desde o início de 2025, ainda sofre com a operação e a divulgação das bets clandestinas.
De acordo com um estudo realizado pela LCA Consultores em parceria com o Instituto Locomotiva, elas podem corresponder a uma fatia em torno de 50% do mercado.
Para combater as operações clandestinas, o Governo tem intensificado medidas voltadas aos ambientes digitais.
A mais recente delas foi o envio de uma notificação extrajudicial da Advocacia-Geral da União (AGU) para a Meta, detentora do Instagram e Facebook.
O objetivo era que a empresa removesse a publicidade ilegal publicada por perfis de apostas e jogos online não autorizados a operar no Brasil.
De acordo com o órgão, haveria ‘centenas de resultados’ de publicidade de bets irregulares na biblioteca de anúncios pagos da Meta.
Anteriormente, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) também foi acionada para derrubar endereços ilegais.
Até o final de junho, o órgão informou que mais de 15,5 mil pedidos de bloqueio de plataformas de apostas irregulares foram registrados.
Entretanto, também admitiu a dificuldade para dar conta da alta demanda.
Já que muitas bets ilegais podem criar novos domínios assim que a página anterior é derrubada.
Bets clandestinas na mira do governo
Em meio às recentes tentativas para fechar o cerco ao jogo ilegal, especialistas do setor destacam que uma das medidas mais efetivas seria o combate a partir do setor financeiro.
Entenda mais sobre as casas de apostas legalizadas no Brasil.
Assim, Igor Sá, CMO e COO da HiperBet, ressalta essa alternativa como válvula eficaz para dificultar as operações ilegais.
Desse modo, ele acredita que o processo para minar a operação financeira das fintechs que operam para sites irregulares seria viável de médio a longo prazo.
Vimos um crescimento do número de fintechs nos últimos anos, criadas única e exclusivamente para operar a partir de sites localizados no exterior. E hoje vejo que a única maneira eficaz de se fechar esse caminho é com o Banco Central intervindo nas operações das fintechs.
‘Ainda assim, porém, acredito que isso possa ocorrer de médio a longo prazo, devido ao grande número de fintechs licenciadas nos últimos anos’, avalia Igor Sá.
Regulamentação foi um marco
Sem meios financeiros, as operações ilegais perdem a capacidade de atuar, o que protege os jogadores, as empresas sérias e todo o ecossistema.
A regulamentação foi um marco esperado por anos, e é inaceitável permitir que esse avanço seja comprometido’, diz João Fraga, CEO da techfin.
Já Vinicius Nogueira, CEO da BETesporte, empresa que tem Zico como embaixador, acrescenta que não é tarefa fácil.
Sabemos que o combate ao mercado ilegal não é uma tarefa fácil, porque exige grande esforço, investimento e tecnologia por parte dos órgãos fiscalizadores. Ainda assim, precisamos realizar esse trabalho e aprimorá-lo constantemente.
‘É fundamental enfrentar aqueles que atuam na ilegalidade, porque sua atuação prejudica não apenas os operadores e o governo, mas, sobretudo, a segurança do público’, afirmou ele.
Plataformas ilegais causam prejuízo bilionário aos cofres do Governo
De acordo com estudo realizado pela LCA Consultores em parceria com o Instituto Locomotiva e apoiado pelo IBJR (Instituto Brasileiro de Jogo Responsável).
O estudo, realizado entre abril e maio de 2025, estima-se que Brasil ainda perca R$ 10,8 bilhões por ano ao falhar no combate ao mercado ilegal das casas de apostas.
A pesquisa ainda aponta que 61% dos entrevistados admitiram ter feito apostas em plataformas irregulares em 2025.
Na maioria dos casos, sem consciência dos riscos envolvidos.
‘O setor de apostas esportivas contribui significativamente para o orçamento do país, pois impulsiona a economia nacional, gera empregos e paga impostos. Regulamentar o setor é importante para o crescimento da economia local e gera um impacto muito positivo para a união.
‘O que não pode acontecer é um valor de imposto muito alto, pois isso acabará levando a população a recorrer a operadores ilegais’ afirma Alex Rose, CEO da InPlaySoft.
‘Além de fraudar os cofres públicos, essas plataformas colocam os apostadores em risco, sem garantias de segurança’, complementa Bernardo Cavalcanti Freire, consultor jurídico da ANJL e sócio do escritório Betlaw.
Sites ilegais
Ainda segundo a pesquisa, outros 78% consideram difícil distinguir sites legais dos ilegais, e 72% afirmam que nem sempre conseguem verificar a regularidade das plataformas.
Além disso, 73% dos apostadores afirmam ter utilizado pelo menos uma das plataformas ilegais mapeadas em 2025.
‘Pela primeira vez, temos dados consolidados que revelam o impacto real da arrecadação no mercado de apostas regulado. Mais de R$ 3 bilhões apenas nos cinco primeiros meses do ano.
Isso marca um divisor de águas e mostra que estamos lidando com um setor que deve ser tratado com seriedade e estratégia.
Ainda assim, esses números poderiam ser ainda mais expressivos se houvesse uma repressão mais eficiente ao mercado ilegal.
Desse modo, em vez de elevar tributos, o foco deve ser em uma fiscalização eficaz, que incentive quem opera com responsabilidade’, explica Fellipe Fraga, CBO da EstrelaBet.
‘O bloqueio de sites clandestinos representa um avanço importante na defesa do consumidor. Além disso, é um avanço. Na prevenção à lavagem de dinheiro e na valorização das empresas que atuam em conformidade com as normas’, disse Talita Lacerda.
‘Essa medida fortalece a credibilidade do setor e demonstra o compromisso do país com uma indústria de apostas mais íntegra’, complementa Talita Lacerda, Diretora Executiva de Operações do Grupo Ana Gaming, responsável pelas marcas 7K, Cassino e Vera.
Já o influenciador digital sobre o jogo responsável, Daniel Fortune, destaca que além do combate às bets ilegais também é fundamental garantir a segurança do jogador.
‘O mercado de apostas já é uma realidade consolidada no Brasil, e os números confirmam isso.
Com esse avanço das apostas online, torna-se ainda mais urgente promover uma cultura de educação, consciência e apoio ao jogador.’, aponta.
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