As apostas esportivas on-line, conhecidas como bets, conquistaram milhões de brasileiros em 2024.
De acordo com dados da Anbima e do Datafolha, cerca de 23 milhões de pessoas apostaram em bets neste ano, o equivalente a 15% da população do país.
Esse número impressiona porque supera a quantidade de investidores em diversos produtos financeiros tradicionais.
Apenas 10 milhões de pessoas compraram CDBs, 9 milhões aplicaram em fundos de investimento, 6 milhões investem em criptomoedas e apenas 5 milhões negociam ações.
Além de crescer, o universo das bets também surpreende pela diversidade.
O estudo aponta que 17% da classe C, 16% da classe A/B e 10% da D/E apostaram em 2024.
Para Marcelo Billi, superintendente da Anbima, o perfil dos apostadores mostra que ‘a avaliação de que as bets estão relacionadas às classes baixas não é real’.
Brasileiros apostam em bets: aposta média é de R$ 216
Os dados revelam que os apostadores gastam em média R$ 216 por mês com apostas. No entanto, entre os 3 milhões de brasileiros com alta tendência ao vício, o gasto médio mensal sobe para R$ 684.
Esse grupo também registra maior frequência: 70% apostam toda semana.
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Embora a maioria dos apostadores esteja no nível mais baixo de vício (59%), o impacto financeiro é real.
Quase metade deles (47%) está com dívidas em atraso, e 10% já venderam bens ou pegaram empréstimos para continuar apostando.
Além disso, quatro em cada dez relatam culpa ao apostar, e 30% admitem ter apostado mais do que podiam perder.
Cerca de 10% enfrentaram críticas da família ou amigos pelos efeitos do jogo.
Apesar dos riscos, 4 milhões de brasileiros ainda acreditam que bets são uma forma de investimento.
Isso representa uma queda em relação a 2023, quando 22% da população pensava o mesmo, mas ainda preocupa especialistas.
As apostas esportivas, mesmo regulamentadas desde 2023, não podem ser consideradas investimentos.
‘Elas são jogos de sorte. Quem aposta pode ganhar, mas a probabilidade de perda é sempre maior’, explica Billi. Ao contrário dos investimentos financeiros, as bets não oferecem expectativa calculável de retorno.
Entre os que apostam, 43% também investem em produtos financeiros.
Curiosamente, há mais apostadores entre investidores (17%) do que entre não investidores (13%). E quem diversifica os investimentos também aposta 60% mais do que a média.
Acesso fácil pode agravar dependência
Desde que foram descriminalizadas em 2018 e legalizadas em 2023, as bets se tornaram acessíveis em todo o Brasil.
Com poucos cliques no celular, os brasileiros que apostam em bets conseguem ‘investir’ em campeonatos nacionais e internacionais.
Esse acesso fácil contribui para o crescimento, mas também eleva o risco de vício em jogos de azar, conhecido como ludopatia.
Segundo o estudo, 35% das pessoas com tendência ao vício em apostas também investem, e 82% planejam investir em 2025.
No entanto, 63% estão endividadas e 71% relatam alto estresse financeiro. Esses dados mostram que muitos brasileiros tentam reorganizar a vida financeira, mas a relação com as apostas dificulta esse processo
‘As bets desorganizam a saúde mental e financeira’, afirmou Billi, durante o evento de apresentação do estudo da Anbima.
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