A publicação da Portaria SPA/MF nº 2.217 e da Instrução Normativa nº 22, que falam sobre o bloqueio de beneficiários em apostas, provocou reações imediatas no setor.
Em suma, as medidas determinam que beneficiários do Bolsa Família e do BPC não poderão manter contas em plataformas legalizadas.
Desse modo, as operadoras estão obrigadas a encerrar cadastros vinculados a esses programas sociais.
Rapidamente, as associações de bets se manifestaram a respeito. Entretanto, o que chamou atenção foi a postura diferente das duas mais importantes: IBRJ e ANJL.
IBJR apoia decisão e reforça proteção aos vulneráveis
O Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) divulgou nota oficial em apoio à decisão da SPA.
A entidade ressaltou que os recursos de subsistência são incompatíveis com as apostas.
Além disso, defendeu que o jogo online deve ser tratado exclusivamente como entretenimento pago, sem relação com fonte de renda.
O Bolsa Família e o BPC foram criados para garantir necessidades básicas da população. Não é aceitável que esses valores sejam destinados a apostas, ainda que legalizadas, destacou o IBJR.
Para o Instituto, a medida fortalece a proteção de públicos vulneráveis e cria um ambiente mais sustentável para o mercado regulado.
Ao mesmo tempo, a entidade cobrou maior combate às plataformas clandestinas, que operam sem fiscalização e não oferecem qualquer mecanismo de jogo responsável.
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ANJL alerta para risco de ilegalidade no bloqueio de beneficiários em apostas
Por outro lado, a Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) assumiu posição crítica em Nota Técnica enviada à SPA.
A entidade argumentou que a medida extrapola a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), tomada em novembro de 2024.
Segundo a ANJL, o STF proibiu apenas o uso de recursos dos benefícios sociais em apostas.
Entretanto, a decisão não vedou que beneficiários utilizem outras fontes de renda para jogar.
Para a entidade, o bloqueio automático de CPFs cria restrição sem respaldo legal.
O presidente da ANJL, Plínio Lemos Jorge, afirmou que a medida pode ter efeito contrário.
Em vez de proteger, vai empurrar beneficiários para o mercado ilegal, sem limites, sem mecanismos de prevenção e fora do alcance da fiscalização estatal, disse.
A Associação também destacou preocupações técnicas.
Isso porque o novo módulo de impedidos do Sistema de Gestão de Apostas (SIGAP) exigirá integração em tempo real.
Dessa forma, isso aumenta custos operacionais e complexidade de sistemas em um setor que ainda está em processo de adaptação regulatória.
Cenário regulatório em debate
As normas publicadas nesta quarta cumprem determinação do STF e recomendações do TCU.
Elas obrigam as operadoras a consultar o SIGAP em três momentos: no cadastro, no primeiro login do dia e a cada 15 dias.
Em caso de bloqueio, a conta deve ser encerrada em até três dias. A casa deverá fazer a devolução dos valores ao usuário ou transferência para fundos públicos após 180 dias.
Enquanto o IBJR vê nas novas regras um reforço à proteção social e à integridade do setor, a ANJL avalia que há risco de inconstitucionalidade e de estímulo ao jogo clandestino.
O debate expõe a divisão entre associações de apostas e mostra que a implementação prática das normas será um dos maiores desafios do mercado regulado nos próximos meses.
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