O mercado de apostas no Brasil avança em ritmo acelerado e já atinge uma parcela significativa da população.
E isso é corroborado por uma recente pesquisa do PoderData, realizada entre os dias 27 e 29 de setembro de 2025.
Segundo o estudo, 36% dos brasileiros acima de 16 anos afirmam já ter feito apostas em bets.
Na prática, esse percentual representa cerca de 56,1 milhões de pessoas.
Ou seja, estamos falando de um contingente expressivo que mostra a força de um setor que até pouco tempo operava sem regulamentação definida.
Crescimento expressivo em menos de um ano
O levantamento revelou uma evolução considerável em relação ao ano anterior, antes da regulamentação do mercado de apostas no Brasil.
Afinal, em outubro de 2024, apenas 24% da população dizia já ter apostado em plataformas de apostas online.
Em setembro de 2025, esse número saltou para 36%. Esse avanço coincide com a regulamentação definitiva das apostas esportivas no país.
Embora a legalização tenha ocorrido em 2018, com a Lei nº 13.756, foi apenas em janeiro de 2025 que o mercado passou a operar sob regras mais rígidas.
Atualmente, o setor passa por supervisão direta do Ministério da Fazenda e da recém-criada Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA).
Para o governo, além de organizar o setor, a regulamentação é uma forma de aumentar a arrecadação federal e garantir mais segurança aos apostadores.
Endividamento cresce junto com popularização das apostas no Brasil
Apesar do impacto positivo na arrecadação, o estudo também traz sinais de alerta.
Isso porque a taxa de brasileiros que contraíram dívidas em razão de apostas online mais que dobrou em um ano.
Em outubro de 2024, o índice era de 16%, agora, em setembro de 2025, chegou a 35%.
Esse dado reforça as preocupações das autoridades com o risco do vício em jogo e os impactos sociais do crescimento acelerado das apostas no Brasil.
Medidas de proteção adotadas pelo governo
Diante do cenário, o governo federal já vem implementando uma série de iniciativas para mitigar possíveis danos. Entre elas estão:
- Plataforma de autoexclusão nacional, que permite ao apostador bloquear todas as suas contas de uma só vez em sites licenciados;
- Planos de saúde mental, com capacitação de 20 mil profissionais do SUS para acolhimento e tratamento de jogadores problemáticos;
- Proibição de beneficiários do Bolsa Família e do BPC de manter cadastros ativos em plataformas de apostas;
- Campanhas educativas para incentivar o jogo responsável e alertar sobre os riscos do endividamento.
Essas medidas, somadas ao trabalho de fiscalização, buscam equilibrar o crescimento econômico do setor com a proteção de públicos mais vulneráveis.
Quem são os brasileiros que mais apostam?
A pesquisa detalhou ainda o perfil dos apostadores no Brasil. Os números mostram que o fenômeno atinge diferentes faixas sociais, mas com destaque para alguns grupos:
- Homens: 43% já fizeram apostas.
- Jovens entre 16 e 24 anos: 43% declararam ter apostado.
- Baixa escolaridade: 42% entre os que estudaram até o ensino fundamental.
- Renda de até 2 salários mínimos: 41% participam do mercado de bets.
Ou seja, o público jovem e de menor renda está entre os que mais fazem apostas no Brasil.
Um dos recortes mais curiosos do levantamento envolve a religião. Segundo o PoderData, 41% dos evangélicos e 34% dos católicos já apostaram online.
O dado chama atenção porque, no discurso religioso, as denominações evangélicas condenam os jogos de azar.
Ainda assim, entre fiéis evangélicos e católicos, o índice de endividamento causado por apostas é o mesmo, de 35%.
Outro ponto analisado foi o comportamento político dos apostadores.
Entre os que votaram em Lula no segundo turno de 2022, 42% disseram já ter feito apostas. Entre os eleitores de Jair Bolsonaro, por outro lado, de 30%.
Metodologia da pesquisa
O levantamento ouviu 2.500 pessoas com mais de 16 anos em 178 municípios, cobrindo todas as 27 unidades da Federação.
As entrevistas foram feitas por telefone (fixo e celular) por meio de sistema URA (Unidade de Resposta Audível). A margem de erro é de 2 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.
O que os dados revelam sobre as apostas no Brasil
O dado mais chamativo da pesquisa do PoderData foi o salto de 24% para 36% em menos de um ano.
Isso confirma que o mercado de apostas no Brasil já é uma realidade consolidada. Entretanto, ele precisa ser acompanhado de perto.
De um lado, o setor promete alta arrecadação e geração de empregos. De outro, os riscos de endividamento e vício exigem políticas públicas firmes e a atuação responsável das plataformas.
Portanto, o desafio para os próximos anos será equilibrar crescimento econômico, proteção social e segurança dos jogadores em um mercado que se tornou parte da rotina de milhões de brasileiros.
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