O debate sobre os impactos dos videogames na sociedade voltou a ganhar destaque, sobretudo nos Estados Unidos. O secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., afirmou nesta semana que os jogos eletrônicos podem estar ligados ao aumento da violência armada no país.
A declaração ocorreu durante a apresentação do relatório ‘Make Our Children Healthy Again’, que reúne mais de 120 iniciativas voltadas para saúde infantil.
Questionado sobre a relação entre armas e saúde mental, Kennedy citou o uso de psicofármacos, redes sociais e videogames como possíveis fatores para o aumento de tiroteios em massa.
Você também pode gostar de ler nosso guia com as melhores plataformas de jogos.
A polêmica sobre videogames e violência
Segundo o secretário, a onda de ataques em escolas e locais públicos teria relação com um ‘surto repentino de violência’ nos anos 1990, período em que os jogos eletrônicos de tiro se popularizaram. Kennedy reforçou que ‘há tiroteios em massa a cada 23 horas nos Estados Unidos’ e que o governo precisa investigar causas profundas do fenômeno.
Nesse sentido, a comunidade científica não confirma a hipótese. Diversos estudos, incluindo análises da Associação Americana de Psicologia, concluíram não haver relação direta entre jogos violentos e massacres.
Pesquisas recentes apontam que fatores como acesso facilitado a armas de fogo e fragilidade regulatória têm peso muito maior na explicação dos números. O próprio Stanford Brainstorm Lab revisou dezenas de artigos acadêmicos e não encontrou evidências que sustentem a conexão sugerida por Kennedy.
Para especialistas, o argumento costuma surgir em momentos de crise, mas carece de base empírica. Ainda assim, o secretário anunciou que novas pesquisas estão em andamento, conduzidas pelo National Institutes of Health (NIH).
O objetivo é avaliar se a combinação de remédios, consumo midiático e comportamentos digitais pode influenciar padrões de violência.
Comparações internacionais e críticas à narrativa
Os Estados Unidos registram índices de violência armada muito superiores aos de outros países que também consomem videogames em larga escala. Franquias como Call of Duty vendem milhões de cópias globalmente, mas a frequência de massacres se concentra em território americano.
Analistas lembram que países como a Suíça possuem alta taxa de posse de armas, mas adotam regras rígidas de licenciamento e controle. Assim, não há evidências de que os videogames impactem os índices de violência ao redor do globo.
Kennedy, no entanto, preferiu manter o foco em fatores culturais. Sua fala reacendeu críticas, principalmente por desviar a atenção do debate central sobre regulação de armas.
Lula já havia feito críticas semelhantes
As declarações do secretário americano lembram discursos do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2023, o atual presidente do Brasil associou os jogos de tiro ao aumento da violência em escolas, chamando-os de ‘porcaria’.
Lula afirmou que ‘a molecada passa noites jogando e isso resulta em violência’. Ele também criticou a ausência de jogos com temáticas educativas, dizendo que o mercado privilegia narrativas de combate e morte.
Na época, a fala gerou forte repercussão, especialmente entre a comunidade gamer e os fãs de esports. Isso porque jogos de tiro como Counter-Strike são pilares de campeonatos internacionais, atraindo milhões de espectadores e movimentando cifras milionárias.
Assim, tanto nos EUA quanto no Brasil, os videogames seguem no centro de uma discussão complexa. Enquanto autoridades responsabilizam os jogos digitais, pesquisadores insistem que a raiz da violência está mais ligada a políticas públicas, desigualdades e falhas de regulação de armas do que às telas dos consoles.
O Cointelegraph é um website de leitura gratuita. Ao adquirir um produto pelos links afiliados no nosso conteúdo, podemos ganhar uma comissão sem custos adicionais para os nossos leitores. O que nos permitirá financiar as nossas operações e continuar com o nosso trabalho de investigação.
Aviso Legal: Em conformidade com a Portaria Normativa SPA/MF nº 615/2024, o uso de criptomoedas para apostas online está proibido em território brasileiro. Embora essa prática ainda seja permitida em outros países, este artigo passou a divulgar exclusivamente sites licenciados no Brasil. Recomendamos que, se estiver no Brasil, utilize apenas métodos de pagamento autorizados e acesse plataformas devidamente reguladas pelas autoridades nacionais.