A Pixbet, uma das maiores casas de apostas do país, voltou ao centro das atenções nesta semana. Isso porque a Justiça Federal da Paraíba autorizou a quebra de sigilo bancário e fiscal de empresas e pessoas ligadas à marca.
A base para a determinação é uma investigação em curso, a qual apura lavagem de dinheiro, evasão de divisas e operação irregular de instituição financeira.
A decisão, assinada pelo juiz federal Vinícius Costa Vidor, foi revelada em reportagem do Política da Paraíba.
O caso corre sob segredo de justiça, mas documentos acessados pela publicação indicam que o esquema teria movimentado valores bilionários entre 2021 e 2025.
As investigações começaram em 2022, após informações repassadas pelo GAECO/MPF-PB. Em suma, o material apontava a existência de empresas em Campina Grande (PB) que vendiam créditos em sites de apostas com sede no exterior.
Segundo a Polícia Federal, jogadores brasileiros pagavam em reais e recebiam créditos em dólares, mas sem qualquer registro oficial de câmbio. A prática é considerada evasão de divisas.
Entre as empresas citadas nos autos estão: Brasfichas Tecnologia, Bras Gaming Consultoria, Pixbet Soluções Tecnológicas, Anspace, Bpay e Pixuo.
A reportagem ainda cita nomes de empresários como Enzo Stephani Rodrigues Ribeiro, além de sócios e familiares que, segundo o inquérito, teriam atuado em empresas de fachada para movimentar recursos suspeitos.
A Pixbet no centro da polêmica
Um dos pontos mais delicados é a suposta ligação direta entre a Pixbet e a rede de transferências investigadas. Em 2021, por exemplo, a empresa teria enviado R$ 5,8 milhões para a Brasfichas.
No sentido contrário, também teria recebido valores de volta, em operações que usaram até CPFs de pessoas já falecidas para registrar transações cambiais.
A investigação também aponta para a relação da controladora da Pixbet em Curaçao, a Pix Star Brasilian N.V., com contratos de patrocínio no futebol brasileiro.
Um exemplo citado é o do Corinthians, que teria recebido R$ 5,2 milhões da empresa, mas posteriormente devolvido R$ 15,3 milhões em rescisão contratual.
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Volume bilionário em operações
O levantamento mostra que somente a Anspace teria feito mais de 1.400 operações cambiais, somando cerca de R$ 1,5 bilhão.
Porém, muitas dessas operações foram registradas com documentos de pessoas mortas há mais de 20 anos.
Outro caso envolve a Bpay, que teria movimentado mais de R$ 105 milhões para a empresa RC Produção Artística Ltda., do influenciador Rafael Cunha, estabelecendo vínculos entre o ramo de apostas e o mercado de entretenimento.
Impacto vai além da Pixbet
A decisão judicial determina que bancos enviem detalhes completos das transações financeiras dos envolvidos realizadas entre 2021 e 2025. Isso inclui operações via PIX, cartões e câmbio internacional.
Na prática, a Justiça e o MPF buscam confirmar a suspeita de que o grupo utilizava uma rede de empresas de fachada para captar apostas no Brasil, enviar valores ao exterior de forma irregular e depois reintroduzir o dinheiro no país com aparência de legalidade.
O caso expõe não apenas a Pixbet, mas também a fragilidade do sistema de fiscalização das apostas no Brasil.
Desde a legalização do setor, em 2018, e a regulamentação aprovada em 2023, o mercado movimenta bilhões de reais. Mas ainda enfrenta desafios na supervisão de operações financeiras complexas.
Se confirmadas as suspeitas, a investigação pode se tornar um divisor de águas, tanto para a credibilidade das casas de apostas reguladas quanto para a pressão por regras mais rígidas de compliance e transparência no setor.
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