As bets possuem mais tempo de exibição em jogos de futebol no Brasileirão 2025 do que a bola rolando.
Um levantamento da Folha de São Paulo analisou 25 partidas do campeonato, onde 55% aparece alguma propaganda de casas de apostas.
Ou seja, o jogo fica em segundo plano enquanto letreiros e mensagens de apostas são exibidas para os torcedores.
Em algumas partidas, bets ocuparam até 80% dos jogos.
De acordo com entrevista do professor de marketing esportivo na ESPM para a Folha de São Paulo, Ivan Martinho, a exibição de bets em jogos estimula os torcedores a apostar.
As bets esportivas despertam a vontade de apostar durante o jogo e estão com bom orçamento de marketing. Não existe outro setor disposto a pagar o que elas pagam aos clubes hoje. São empresas de dois, três anos, com 200, 300 pessoas em operação; é difícil encontrar em outro setor da economia uma empresa que cresça numa velocidade de 2 dígitos.
Vício em bets no Brasileirão 2025
O psiquiatra que preside a Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, compara o mercado de apostas com vícios como a bebida.
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Para ele, o fácil acesso às plataformas bets em celulares desperta ainda mais a vontade jogar nos torcedores.
É simples, se a pessoa tem vontade de beber o dia inteiro e recebe a informação a toda hora no seu cérebro de que aquela bebida é gostosa e que vai matar a sede, ela vai beber. No caso das apostas é muito pior, porque o celular está na mão. A pessoa vai jogar.
A psicóloga do Programa de Transtornos do Impulso do IPq, Mirella Mariani, destacou que não houve mudanças no tratamento de viciados em jogos com a regulamentação do mercado de apostas.
A gente não percebeu nenhuma diferença ao tratar as pessoas após a regulamentação. Havia centenas de sites de apostas antes, depois de janeiro viraram 163, mas o número de pacientes não diminuiu.
O professor Ivan Martinho afirmou para a Folha de São Paulo que a exibição de bets em jogos esportivos pode atingir outros públicos, como jovens e crianças, que são proibidos de apostar em jogos online.
Portanto, o especialista em marketing esportivo disse que é fundamental abordar o tema em escolas.
Além disso, os pais não deveriam induzir os filhos a apostarem, seria algo como oferecer produtos ilícitos para eles.
Os pais e as escolas ainda precisam entender que existe um transtorno relacionado ao jogo. Assim como o pai não chama a criança para beber uma cachacinha ou fumar um cigarro, não deve chamar para apostar, as coisas estão no mesmo campo.
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