A recente prisão de Kike Salas é mais um episódio emblemático na relação do futebol com o universo das apostas esportivas. Afinal, o jogador do Sevilla está sendo investigado pelo possível envolvimento em uma rede de apostas ilegais para beneficiar familiares e amigos.
Segundo a polícia espanhola, pessoas próximas a Salas recebiam informações sobre suas intenções em campo. Então, lucravam em casas de apostas ao registrar palpites com base no que sabiam de antemão. Na última temporada, o jogador recebeu 7 cartões amarelos nas últimas 9 rodadas do Campeonato Espanhol, o que acabou levantando suspeitas.
O jogador foi liberado pela polícia após prestar depoimento. No entanto, pode ter problemas caso as autoridades decidam levar adiante o caso.
Normalmente, casos assim são mais comuns em divisões inferiores. Mas não são mais tão raros no nível mais elevado do futebol europeu. E o mesmo já vem ocorrendo no Brasil. Então, vamos relembrar alguns casos recentes que chamaram a atenção.
Ilha de Paquetá ganha o mundo
Para os brasileiros, o caso de envolvimento com apostas que mais gerou manchetes nos últimos anos foi o de Lucas Paquetá. Com status de titular da Seleção Brasileira, o ex-jogador do Flamengo se tornou alvo da Federação Inglesa de Futebol (FA) por suposta má conduta em jogos da Premier League.
A denúncia se deve a possíveis cartões amarelos que o atleta do West Ham teria recebido em jogos do campeonato inglês. Afinal, de acordo com a acusação da FA, Paquetá teria forçado os cartões para beneficiar terceiros com os resultados de apostas esportivas.
O que levantou suspeitas, inicialmente, foi um volume anormal de apostas na Ilha de Paquetá, origem do jogador.
Caso receba uma condenação, ele pode acabar suspenso do futebol inglês. Além disso, a federação local pode pedir a extensão de uma eventual pena para outros países, ao acionar a FIFA. Por enquanto, Paquetá segue jogando pelo West Ham e recebendo convocações para a Seleção.
Federação inglesa tem histórico de combate a apostas ilegais
O caso de Paquetá não é o primeiro a movimentar o futebol inglês em relação a possíveis apostas ilegais. Afinal, em 2020, Daniel Sturridge recebeu uma suspensão de 4 meses por supostamente ter apostado em sua própria transferência para o Sevilla — o que acabou não ocorrendo.
Também no futebol inglês, Kieran Trippier foi suspenso por 2 meses e meio em 2021 por revelar detalhes de negociações com seus familiares.
Já Ivan Toney ficou 8 meses sem jogar devido a apostas que ele teria feito contra sua própria equipe, o Brentford. Aliás, nesse caso, foram 262 apostas entre 2017 e 2021.
Harry Toffolo, do Nottingham, recebeu uma pena de 5 meses por razões semelhantes. Além disso, o também inglês Joey Barton foi suspenso por 1 ano e meio pelas mais de 1.200 apostas que fez entre 2006 e 2016.
Caso Scommesse abalou Itália em 2023
Em 2023, a Federação Italiana de Futebol anunciou que estava investigando os jogadores Nicolò Fagioli, Sandro Tonali e Niccolò Zaniolo por apostas ilegais. No entanto, esss casos foram um pouco diferentes. Afinal, em princípio, as apostas não teriam sido em jogos nos quais eles atuaram.
Fagioli declarou que teria um vício em apostas. O jogador da Juventus ficou 7 meses sem jogar por ter apostado em sites ilegais. Já Tonali ficou 10 meses sem jogar após admitir ter feito apostas enquanto jogava pelo Brescia, Milan e Newcastle. Por outro lado, Zaniolo escapou sem pena — ele não faz apostas esportivas, mas jogou poker e blackjack.
Meses depois dessa primeira leva de investigações, o jogador Alessandro Florenzi, do Milan, também se tornou alvo das autoridades italianas. No entanto, o caso não avançou porque, em princípio, as apostas do jogador não teriam sido em partidas de futebol.
Em todos esses casos, os jogadores não estavam sendo acusados de manipular resultados dos jogos. Portanto, mesmo quando houve condenações, elas foram relativamente leves.
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