Em 2024, os sites de apostas online no Brasil alcançaram um marco impressionante, registrando mais de 6,7 bilhões de acessos. Esse número supera até mesmo o tráfego de sites pornográficos, que somaram 6,6 bilhões de visitas no mesmo período.
Uma pesquisa do portal Aposta Legal Brasil, revelou que 70% dos apostadores pertencem às classes C, D e E, indicando que a maioria dos usuários provém de famílias de baixa renda. Além disso, cerca de 70 milhões de acessos ocorreram de forma ilegal, por meio de sites não regulamentados ou proibidos.
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O estudo revela ainda que entre janeiro e novembro de 2024, as 100 maiores marcas de apostas monitoradas registraram um aumento constante no número de visitas. Apenas no terceiro quadrimestre, os acessos somaram 2,7 bilhões, superando os 2,6 bilhões do segundo quadrimestre. Em suma, outubro destacou-se com 970 milhões de visitas, um volume 14% maior que o site Globo.com e cinco vezes superior ao da Wikipédia no Brasil.
Dos acessos registrados, 99% foram destinados a casas de apostas legalizadas, totalizando 6,61 bilhões de visitas. Por outro lado, as plataformas não regulamentadas contabilizaram apenas 74 milhões de acessos, o que representa 1% do total. Entre as 68 marcas autorizadas pelo Ministério da Fazenda, as 15 mais acessadas concentraram 80% do tráfego, acumulando 5,33 bilhões de visitas.
Apostas online: perfil dos apostadores
A maioria dos usuários acessa as plataformas via dispositivos móveis, com 93% das visitas realizadas por smartphones. O tempo médio de permanência nos sites varia: enquanto a Bet365 apresenta uma média de 8 minutos por visita, a Brazino777 registra apenas 18 segundos. O futebol lidera como a modalidade mais apostada, com 73% de preferência, seguido por e-sports (15%) e basquete (13%).
A popularidade das apostas reflete-se em gastos consistentes. 6 em cada 10 apostadores realizam apostas semanais, e 80% apostam pelo menos uma vez ao mês. O ticket médio mensal é inferior a R$ 50 para a maioria dos usuários.
O crescimento exponencial das apostas online no país tem gerado preocupações entre especialistas em saúde pública. Muitos alertam para o risco de vício em jogos de azar, que pode levar a sérios problemas financeiros e emocionais. Estudos indicam que uma parcela significativa dos apostadores já enfrenta dificuldades devido ao comportamento compulsivo.
Assim, em resposta a essa situação, o governo brasileiro iniciou medidas para regulamentar o setor. Em outubro de 2024, o Ministério da Fazenda autorizou 199 marcas de apostas a operarem legalmente no país, enquanto determinou o bloqueio de mais de 2.000 sites considerados ilegais.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou a importância de coibir práticas ilegais e proteger os consumidores. Ele afirmou que o governo está comprometido em combater a lavagem de dinheiro e o uso indevido das plataformas de apostas.
Além das ações governamentais, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou que, na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2024/2025, irá medir o impacto das apostas online nos gastos dos brasileiros. Essa iniciativa visa compreender melhor o peso econômico das apostas no orçamento das famílias.