Bio:
Formado em Administração de Empresas com MBA em Finanças, trabalhou por mais de 10 anos em Multinacionais como Michelin, IBM e Subsea 7.
Conheceu o Bitcoin em 2016 e abriu o canal Criptomaníacos, no YouTube, em Janeiro de 2018, em meio a alta histórica das criptomoedas. O canal, que surgiu como uma diversão, está próximo dos 80 mil inscritos e possui uma das melhores médias de visualização do setor no Brasil.
No início de 2019, lançou a plataforma de serviços Criptomaniacos.io, com foco educacional, oferecendo tutoriais em vídeo, análises gráficas, análises fundamentalistas de diversas moedas, suporte online aos clientes e sinais de criptomoedas, incluindo um robô para automatização das operações de compra e venda.
O impacto do Covid-19 no mercado de criptomoedas
O Bitcoin foi criado em resposta à crise global de 2008. Portanto, esta nova crise é o teste tão esperando para a principal criptomoeda e por seu idealizador, Satoshi Nakamoto.
Acredito que toda a manipulação econômica que estamos vendo, com injeção de moedas e consequente inflação, acabará por favorecer aqueles que apostarem na escassez e descentralização do Bitcoin, reforçando a ideia de “safe heaven” do ativo, quando a poeira baixar.
Neste primeiro momento, assim como aconteceu em outras crises com o ouro, todos os mercados despencam, em virtude da busca por liquidez por parte de grandes investidores institucionais, mas após a saída dessa primeira leva de investidores alavancados, desaparece também a força vendedora, fazendo com que os fundamentos de cada ativo sejam expostos.
É nesse momento que vemos o descolamento de ativos como o ouro - e esperamos, também do Bitcoin – do mercado tradicional.
O mercado global de criptomoedas daqui a 10 anos
Em 10 anos, o impacto desta e de futuras crises econômicas, agravadas pelas intervenções estatais, fortalecerá a necessidade de ativos descentralizados, que não possam ter regras modificadas em prol do favorecimento a determinados grupos.
Não é justo que os mais pobres financiem o resgate à bancos e empresas, por meio da desvalorização de suas poupanças. Sendo assim, crescerá a demanda por uma nova tecnologia que sirva como reserva de valor confiável, desconectada da vontade de políticos.
Certamente, este crescimento do mercado de criptoativos não virá sem luta.
Prevejo uma migração do sistema de papel-moeda estatal para o sistema de moeda digital estatal e em paralelo a busca política pela criminalização das verdadeiras criptomoedas, sempre com a desculpa da “lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo”, já utilizada largamente hoje, mesmo sem qualquer comprovação em dados.
Assim como aconteceu na música com o MP3, assim como aconteceu com o torrent e o streaming de vídeo, leis não devem impedir o avanço das criptomoedas, justamente devido a capacidade de privacidade e anonimato das mesmas. Em 10 anos, o mercado de criptoativos será imensamente maior e mais relevante.
O futuro para as criptomoedas no Brasil?
Países em desenvolvimento, como o nosso, são muito mais beneficiados pelo avanço das criptomoedas do que países que possuem economias e moedas mais estáveis.
Problemas básicos como acesso à conta de banco, financiamento e investimento, podem ser resolvidos rapidamente com a popularização das criptomoedas. Existe uma demanda reprimida, com a solução na palma das mãos, com o crescente acesso aos Smartphones.
Se esta demanda for atendida antes da digitalização da moeda estatal, que certamente vai monitorar toda e qualquer transação dos indivíduos, o ganho social será enorme. Seja qual for o cenário, vejo as criptomoedas crescendo no Brasil, mas torço para que este crescimento inclua também as camadas mais pobres da população.
Seu papel na indústria de criptomoedas e blockchain
O meu principal papel é o de constantemente trazer o público de volta para a finalidade das criptomoedas.
Sempre que as pessoas começam a focar na parte "moeda" e esquecer da parte "cripto", é necessário lembrá-las que criptomoedas não existem para enriquecer, e sim que a criptografia presente nelas tem um claro motivo: assegurar a privacidade da identidade do usuário e de suas transações, evitando ataques por parte de terceiros e vulnerabilidade por parte de intermediários.
Devemos sempre resgatar a mensagem dos Cypherpunks, criptógrafos responsáveis pela criação e disseminação das criptomoedas.
Como escreveu Wei Dai, no primeiro parágrafo da b-money, uma tentativa de criptomoeda que serviu de influência para o Bitcoin:
“Esta é uma comunidade onde a ameaça de violência é impotente, porque a violência é impossível. E a violência é impossível porque seus participantes não podem ser ligados aos seus verdadeiros nomes ou localização física.”