A roupa usada pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em uma reunião da OTAN em 24 de junho, nos Países Baixos, se tornou o foco de uma acirrada disputa entre apostadores da Polymarket.

Um usuário da Polymarket, uma plataforma de apostas baseada em cripto, criou um mercado de apostas que perguntava se Zelensky usaria um terno antes de julho. Para que a aposta fosse validada, uma foto ou vídeo deveria mostrar Zelensky usando um terno entre 22 de maio e 30 de junho.

O mercado movimentou quase US$ 79 milhões. O resultado foi inicialmente definido como “sim”, mas já foi contestado duas vezes desde então e agora aguarda uma decisão final.

Em 1º de julho, a Polymarket afirmou estar ciente da disputa nesse mercado e declarou que, até aquele momento, “um consenso entre fontes confiáveis ainda não confirmou que Zelensky usou um terno”.

Debate sobre o que define um terno

O debate sobre o traje de Zelensky levou usuários nas redes sociais a questionarem se trata-se de um terno, de um blazer ajustado com camisa de colarinho e calças compridas, ou se os tênis desqualificam o visual como sendo um terno.

Os que defendem que é um terno argumentam que as peças são feitas do mesmo tecido, com cores semelhantes e aparência formal, e que o corte e o estilo não são relevantes.

Os que são contra afirmam que se trata de uma camisa preta e um casaco preto que se parece mais com um blazer casual do que com um paletó tradicional, e que os tênis não combinam com o restante do traje, o que o desclassificaria tecnicamente como um terno completo.

Uma conta da comunidade da Polymarket no X, chamada Polymarket Intel, classificou o traje do presidente ucraniano como um terno.

O ChatGPT, quando questionado pelo Cointelegraph, afirmou que o traje não é considerado um terno, pois carece de elementos-chave de um traje tradicional, classificando-o como uma jaqueta de estilo militar ou casaco tático.

O presidente Zelenskyy de terno ontem à noite https://pic.x.com/Uo3Rhuzkq1

Enquanto isso, o escritor e comentarista canadense de moda masculina Derek Guy, conhecido como o “menswear guy” no X, não resolveu muito a disputa, dizendo em 26 de junho que acha que o traje de Zelensky “é ao mesmo tempo um terno e não um terno”.

Fonte: Derek Guy

Segunda vez que isso acontece

Esta não é a primeira vez que a roupa de Zelensky causa confusão na Polymarket. Outro mercado de apostas semelhante foi encerrado em 31 de maio e gerou debate sobre se um traje semelhante, usado por Zelensky em uma reunião na Alemanha naquele mês, era ou não um terno.

A Polymarket eventualmente determinou que não era um terno. Derek Guy também comentou sobre esse caso e declarou que, tecnicamente, Zelensky estava usando um terno, o qual é definido como “uma vestimenta em que o casaco e a calça foram cortados do mesmo tecido”.

Fonte: Derek Guy

Zelensky tem sido criticado por não usar terno em reuniões formais com líderes mundiais.

O próprio Zelensky declarou que voltaria a usar terno apenas quando a guerra contra a Rússia terminasse, segundo reportagem do Politico de 22 de março.

Uma matéria de 5 de março publicada pelo veículo ucraniano The Kyiv Independent também explicou que o presidente prefere um visual militar-casuall enquanto a guerra estiver em andamento, pois, segundo ele, se “colocar um terno, significa que concorda que a guerra acabou”.

Controvérsia na Polymarket

A Polymarket já esteve no centro de outras polêmicas em 2024, como no caso da proposta de banimento do TikTok em janeiro, com discussões sobre os detalhes técnicos do resultado — já que o app foi proibido, mas ainda estava disponível para uso quando o mercado de apostas foi encerrado.

A Polymarket utiliza os oráculos do protocolo UMA em blockchain para verificar eventos reais e liquidar os resultados dos mercados.

O UMA já foi acusado de agir de forma indevida no passado, ou de haver manipulação do oráculo, como no caso da aposta sobre um acordo mineral de US$ 7 milhões na Ucrânia, em março.

Enquanto isso, um relatório publicado na quinta-feira pela base de dados econômica descentralizada Truf.Network afirmou que comprovar a verdade pode ser complicado, pois todo o mercado depende da “confiança nos dados”, que muitas vezes são “fragmentados, não verificáveis e, com frequência, manipuláveis”.

“A questão não é quem decide a verdade, mas se todos podem verificá-la. Quando ninguém pode verificar um preço, quem venceu, qual foi o placar ou até mesmo se choveu ontem, o próprio mercado entra em colapso”, diz o relatório.

“Se a pessoa que verifica o resultado também está apostando, a verdade se torna algo debatível.”