Uma mudança revolucionária está chegando dentro da Ethereum, a rede blockchain que criou a segunda maior criptomoeda do mercado, e que passará por um dos processos de
evolução mais importantes no mundo cripto desde sua existência. O “The Merge”, como tem sido chamado, consistirá em várias atualizações na forma como as transações são
realizadas, os aplicativos são criados, os contratos inteligentes são emitidos e os ETHs são gerados. E isso é super empolgante!

Esse será um dos catalisadores mais poderosos no mundo cripto e na rede Ethereum, por vários motivos. As mudanças pela qual a rede irá passar no dia 15 de setembro indicam que ela se tornará mais barata, escalável e mais sustentável. Mas afinal, no que consiste o The Merge?

Trata-se de uma transição do mecanismo de consenso da rede Ethereum de Proof-of-Work (PoW) para Proof-of-Stake (PoS). Sob o PoW existem máquinas (mineradores) que
consomem muita energia para processar transações e manter a segurança da rede Ethereum. Como comparação, essas máquinas consomem a mesma quantidade de energia
que a Finlândia. E essa tem sido uma das maiores críticas ao ecossistema cripto. A rede emite novas criptomoedas ETH a estes minadores para incentivá-los e assim poder manter
sua segurança e continuar processando operações.

Para tornar esse ponto mais fácil de entender, vamos manter o seguinte princípio em mente: quanto mais mineradores, mais segura será a rede. Até agora, funcionava dessa maneira: quanto mais recompensas, mais mineradores e, portanto, podemos falar em mais segurança na rede, o que também leva a um aumento no valor do ETH. Dessa forma, a
recompensa pela mineração aumenta, o que faz com que mais mineradores existam e, assim por diante, o ciclo continua.

No entanto, com o The Merge, o mecanismo de consenso muda. A teoria dos jogos muda o capital (ETH) apostado, além de adicionar várias regras de penalidade projetadas especificamente para evitar ataques. Uma primeira etapa dessas penalidades implica que o validador que se comportar incorretamente perderá parte de sua
participação e, no caso de obter punições repetidas, o passo final será a expulsão do validador da rede. Os operadores devem entender que a aplicação dessas punições é uma
ação padrão da rede e uma medida de proteção. Essa é uma mudança importante, em relação aos equipamentos de mineração e energia do modelo operacional atual.

Da mesma forma, passamos de mineradores para validadores e de vendedores para titulares (conhecidos como holders). Desta forma e com esta importante mudança, o
consumo de energia para proteger a rede Ethereum diminuirá em 99,95%. Chamamos isso de Proof-of-Stake (PoS), mas isso não é tudo.

Para cobrir os custos de energia e equipamentos de mineração, os mineradores vendem ETH diariamente, causando uma pressão de venda constante no mercado. Os validadores,
por outro lado, não têm grandes custos de energia e a pressão de venda desaparece, assim, com The Merge, a inflação de ETH deve cair drasticamente. Hoje são emitidos 14 mil
250 ETH por dia e a inflação anual de ETH encontra-se em aproximadamente 4%. Como parte do The Merge, a emissão pode diminuir em 90-95% e a inflação pode, portanto, cair
para em torno de 0,22%.

É assim que nos primeiros 6 a 12 meses após The Merge, novos ETH emitidos para validadores de rede não estarão em circulação porque não poderão ser retirados. A menor
emissão, somada ao fato de que não haverá circulação de novos ETH em 6 meses, se traduzirá em pouca pressão de venda, o que também é bastante positivo.
Provavelmente, o ETH também se tornará deflacionário. No ano passado foi ativado o Ethereum London Hard Fork, que por sua vez ativou o EIP-1559, onde parte das comissões
da rede são “queimadas”. Essa transação queimou US$ 1,60 da comissão de US$ 1,85.

Isso significa que quanto mais popular e mais comissões a rede Ethereum gerar, maior a probabilidade de que o ETH se torne deflacionário (ou seja, o número de ETHs em
circulação diminuirá). 

Por fim, as recompensas de staking após o The Merge provavelmente crescerão em 50%, o que tornará o staking de ETH mais atraente, aumentando o retorno anual de 4% para
6%-9%.

Esta explicação do que está por trás do The Merge e o impacto positivo que isso significa para a rede Ethereum pode ser resumida em quatro pontos principais:

  1. Economia de energia de 99,95% (ETH mais limpa e mais verde)
  2. Redução de 90%-95% da taxa de emissão
  3. Deflação queimando parte das taxas de transação
  4. Aumento de rendimentos por staking

Para finalizar, os holders e usuários da rede Ethereum não precisam fazer nada enquanto o The Merge ocorrer. No entanto, uma recomendação é ficar alerta e se manter informado
sobre as suspensões de alguns serviços na rede até que o The Merge termine, consultando sempre canais oficiais dos serviços pelos quais interagem com a rede Ethereum.

Daniel Vogel é cofundador e CEO da exchange Bitso.

As informações contidas neste texto são de responsabilidade do autor e não necessariamente refletem as opiniões do Cointelegraph Brasil. Esta não é uma recomendação de investimento, cada investidor deve fazer sua própria pesquisa e tomar decisões por sua conta e risco.