O crescimento da indústria de criptomoedas atrai muitos novos participantes ao meercado, tanto através de frentes centralizadas quanto descentralizadas. Destacar-se da concorrência torna-se vital para o sucesso de qualquer plataforma de negociação emergente, e isso só pode ser alcançado por meio do reconhecimento das necessidades do usuário, da conquista de sua confiança e do fornecimento de uma experiência amigável. As exchanges que projetam, desenvolvem e dão suporte a seus produtos em torno de seus usuários certamente terão uma vantagem inicial sobre as demais.
O ajuste fino da experiência geral de negociação em benefício dos usuários dá um impulso às novas plataformas na corrida para liderar o setor. A CoinEx, uma exchange de criptomoedas que oferece suporte a mais de 700 criptomoedas, seguiu esse caminho desde o início de sua trajetória. Nesta entrevista, o CEO da CoinEx, Haipo Yang, compartilhou reflexões sobre a sua jornada na construção de uma exchange de criptomoedas e discutiu a importância de aderir a uma abordagem que prioriza o usuário.
Cointelegraph: Como um dos pioneiros e uma das principais lideranças do setor de criptomoedas, você poderia compartilhar algumas experiências pessoais no mundo das criptomoedas? O que o motivou a criar a CoinEx?
Haipo Yang: Conheci as criptomoedas pela primeira vez em 2011, quando o Bitcoin (BTC) atravessou o seu primeiro mercado de alta, subindo de alguns centavos de dólar para cerca de US$ 31. Naquela época, um artigo intitulado "Bitcoin: The Most Dangerous Project We've Ever Seen" (Bitcoin: o projeto mais perigoso que já vimos, em tradução livre) deixou uma profunda impressão em mim. Dois termos se destacaram logo de cara para mim: "mais perigoso" e "código aberto". Percebi que "código aberto" era um ethos compartilhado dentro da comunidade de tecnologia, indicando uma lacuna no campo de direitos de propriedade intelectual, pois ninguém detinha a patente do Bitcoin. Por que ele foi considerado perigoso? Porque representava uma moeda sem soberania e um novo começo. Ao me aprofundar nesse campo, percebi que a blockchain traria mudanças profundas para o mundo e desempenharia um papel inegável na evolução do sistema financeiro global.
Nos primórdios da computação, houve um movimento em prol do software livre. A essência do software livre está na liberdade, permitindo que os indivíduos visualizem, compilem e distribuam livremente seu código-fonte, acelerando assim o ritmo da iteração do conhecimento para a humanidade. A descentralização das redes blockchain também visa proporcionar essa liberdade.
Nas finanças baseadas em blockchain, os ativos são de propriedade dos investidores, não podem ser congelados e fluem livremente. Acredito que esse tipo de liberdade é o alicerce da prosperidade. Foi esse espírito de liberdade que me direcionou para esse setor e levou à fundação da CoinEx. Certamente, a busca pela riqueza pessoal teve um papel importante, mas, fundamentalmente, foi a busca por esse espírito de liberdade.
CT: Por que você optou por abrir uma exchange centralizada?
HY: O empreendedorismo é uma atividade comercial, e as exchanges e a mineração representam os melhores modelos de negócios no setor de criptomoedas. Em comparação com outros setores, apenas o setor financeiro exige a descentralização e não é tão sensível ao desempenho e à eficiência. Portanto, surge a integração perfeita de blockchain e finanças. O núcleo do setor financeiro está nas transações de ativos, com as exchanges representando um modelo de negócios fundamental.
A blockchain não apenas cria ativos e ferramentas de pagamento que estão além do controle soberano, mas também capacita os indivíduos com a liberdade de emitir ativos. Decidi criar uma exchange centralizada (CEX) como a CoinEx porque baseia-se em um modelo de negócios forte, que desempenha um papel crucial no setor, reunindo uma infinidade de ativos, permitindo que as pessoas negociem livremente, façam trocas convenientes e alcancem a livre circulação de capital.
CT: Este ano marca o sexto aniversário da criação da CoinEx. Ao longo desses seis anos, que desafios você enfrentou e quais são suas metas de curto prazo?
HY: Enfrentamos vários obstáculos, inclusive como formar uma equipe qualificada e os desafios de segurança e conformidade. Embora a segurança das exchanges esteja constantemente sob risco, dada a concentração de fundos, continuamos otimistas e comprometidos em fornecer um ecossistema seguro e fácil de usar.
Lidar com a complexidade do suporte a centenas de redes públicas é um desafio significativo para as exchanges. A conformidade também é um problema comum a todo o setor. No entanto, a longo prazo, continuamos otimistas porque a liberdade é um valor humano universal.
Nos últimos anos, nossas metas se concentraram em melhorar os serviços oferecidos pela exchange e abordar questões de produto, segurança e conformidade. Sempre pensamos em como apresentar nossos produtos aos usuários de forma simples. Embora não sejamos uma exchange de criptomoedas muito grande atualmente, aspiramos a nos tornar uma presença de destaque no setor que não poderá ser ignorada.
CT: Atualmente, a CoinEx está realizando negócios em mais de 200 países e regiões. Como você equilibra a expansão global com a adaptação às demandas exclusivas dos mercados locais?
HY: Como mencionei, a blockchain cria moedas digitais fora do controle soberano. Elas são inerentemente globais. Nosso negócio também é inerentemente global. Quando você transfere Bitcoin, tudo o que precisa é de um endereço, não de uma especificação de um determinado país. Portanto, a negociação de criptoativos naturalmente transcende fronteiras, culturas e diferenças de idioma. Pode-se até argumentar que o blockchain atua como um catalisador do processo de globalização.
É claro que adotamos estratégias diversas para diferentes regiões e mercados, incluindo a introdução de atividades que capturam a singularidade local e se alinham às práticas culturais.
CT: Como você enxerga a Web3?
HY: A Web3 é muito promissora e tem o potencial de solucionar vários desafios que os usuários enfrentam atualmente. Infelizmente, no cenário atual, muitos projetos relacionados à Web3 não atendem às necessidades reais dos usuários e tendem a ser proibitivamente caros.
Em uma nota mais positiva, tenho algumas notícias para compartilhar: A ViaWallet será rebatizada como CoinEx Web3 Wallet em janeiro de 2024. Essa mudança estratégica sustenta o compromisso da CoinEx com o espaço da Web3, garantindo que estejamos à frente da curva e que ofereçamos consistentemente o melhor para nossos usuários.
No entanto, nosso foco principal será a exchange da CoinEx, pois acredito que, no estágio atual, o comércio e as transferências de ativos ainda são as áreas mais prósperas.
CT: Como os valores centrais da CoinEx e a filosofia centrada no usuário são implementados no desenvolvimento de produtos e nos serviços de suporte?
HY: Nosso objetivo é muito claro: criar uma plataforma de negociação de criptomoedas confiável e profissional. A filosofia do "usuário em primeiro lugar" orienta cada decisão, inovação e ação que tomamos. No desenvolvimento de produtos, nosso foco principal está nas necessidades mais fundamentais dos usuários: o armazenamento e a negociação de ativos.
Para armazenar ativos, temos nossa própria carteira, e para negociar ativos, temos a nossa exchange. Oferecemos suporte a mais de 200 redes públicas e mais de 700 criptomoedas, permitindo que os usuários tenham controle total sobre seus ativos. No processo de listagem, nunca manipulamos o mercado nem nos envolvemos em negociações com informações privilegiadas, mas, em vez disso, desempenhamos o papel de defensores dos usuários, ajudando-os a identificar os riscos inerentes ao mercado. Preferimos confiar no poder inerente do mercado.
CT: Que desafios você encontrou no compromisso contínuo de priorizar os clientes?
HY: Às vezes, somos alvo de mal-entendidos de usuários e parceiros que acreditam que o lucro deve ser priorizado. No entanto, nossa principal missão não é maximizar o tráfego e as tendências; priorizamos os benefícios das ações aos nossos usuários. Passamos por circunstâncias desafiadoras, e sobreviver tem sido difícil.
Independentemente do ambiente, estamos sempre focados na reputação, mantendo padrões éticos elevados e evitando danos aos usuários.
CT: De acordo com o feedback dos usuários, a equipe da CoinEx é conhecida por sua integridade e disposição para assumir responsabilidades. O que ajuda a equipe a manter esse caráter, colocando consistentemente os usuários em primeiro lugar, mesmo em situações extremas?
HY: A equipe é o primeiro produto que criamos. Meus principais requisitos para formação da equipe são honestidade, integridade e senso de responsabilidade. Durante o processo de recrutamento, também enfatizamos muito o caráter dos candidatos.
Acredito que é porque nossa cultura interna enfatiza o empreendedorismo honesto e o benefício mútuo da empresa e dos clientes que podemos manter-nos fiéis aos nossos princípios em qualquer situação, sempre mantendo os usuários como nossa principal prioridade e mantendo nossa reputação mesmo em situações extremas.
CT: Como você analisa as tendências de desenvolvimento do setor de criptomoedas e blockchain nos próximos anos?
HY: Há uma grande probabilidade de que todo o setor venha a se beneficiar de um novo mercado em alta. No futuro, com a entrada do Bitcoin e do Ethereum (ETH) no mercado de ETFs, mais fundos fluirão para o nosso setor. Isso é crucial para a adoção em massa dos criptoativos, e a escala de nossa indústria provavelmente crescerá, oferecendo um canal para os interessados.
CT: Há algo mais que você gostaria de transmitir aos usuários atuais e potenciais da CoinEx?
HY: Desde a nossa fundação em 2017, cada etapa do nosso crescimento foi acompanhada pelo apoio dos nossos usuários e, por isso, gostaria de expressar minha mais profunda gratidão. Olhando para o futuro, aspiramos a nos tornar a infraestrutura central para nossos usuários, oferecendo produtos e serviços confiáveis para atender às suas necessidades, causando o mínimo de interrupções. Os usuários não precisam sentir nossa presença em suas vidas diárias, como ocorre com a água e a eletricidade, mas pretendemos estar presentes sempre que eles precisarem de ajuda.
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