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Martin YoungMartin Young

Vitalik acredita que governança descentralizada baseada na posse de tokens está travando DeFi

Buterin afirma que as coisas precisam ir além do sistema baseado em votos dos detentores de tokens, tais como são hoje, e sugere “prova de humanidade” ou “prova de participação” como alternativas.

Vitalik acredita que governança descentralizada baseada na posse de tokens está travando DeFi
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O co-fundador do Ethereum, Vitalik Buterin, fez uma análise profunda do sistema de governança descentralizada baseada na posse de tokens, sugerindo que os mecanismos de votação existentes são falhos e podem estar impedindo o setor de finanças descentralizadas (DeFi) de realizar todo o seu potencial.

Em uma longa postagem em seu blog pessoal publicada na segunda-feira, Buterin afirmou que a comunidade cripto precisa "ir além da votação dos detentores de tokens como ela existe em sua forma atual" ao se referir a questões de governança.

Atualmente, a maioria dos projetos DeFi gerencia suas atualizações de protocolo, emissão de recompensas e outras questões de governança, através de votações nas quais os detentores de seus tokens nativos tomam parte, de acordo com o tamanho de suas posses.

No entanto, muitos projetos foram criticados por permitir que seu processo de votação seja dominado por "baleias", as quais detêm a maior parte dos tokens de governança, permitindo-lhes votar sempre em benefício de seus interesses particulares em detrimento da comunidade.

Buterin destacou duas questões relacionadas à governança baseada em tokens, enfatizando o risco de que incentivos desiguais entre os membros da comunidade, e a vulnerabilidade à “compra de votos” e “ataques diretos” podem ter influência sobre o resultado das votações. Ele acrescentou:

“A coisa mais importante que pode ser feita, hoje, é abandonar a ideia de que a votação baseada na posse de tokens é a única forma legítima de descentralização da governança.”

Buterin observou uma tendência de “desagregação” dos protocolos, favorecendo a “compra de votos” e a manipulação dos sistemas de governança. Empréstimos garantidos por criptomoedas e o uso de ativos tokenizados para votar seriam dois expedientes que favorcem esses tipos de desvio de finalidade.

Nesse contexto, “o mutuário tem poder de governança sem interesse econômico, e o credor tem interesse econômico sem poder de governança”, acrescentou.

Mirando além da governança baseada em tokens, Buterin defendeu a exploração de sistemas baseados em “Prova-de-Humanidade”, onde um voto é alocado para cada um dos usuários do protocolo.

E também apresentou a “Prova-de-Participação” como uma solução possível. Nesse sistema, a votação é limitada aos usuários de um protocolo que contribuíram de forma objetiva para o benefício do projeto ou de sua comunidade. Os direitos de voto poderiam ser distribuídos exclusivamente para endereços que realizarem tarefas específicas.

O cofundador do Ethereum também sugeriu que a votação quadrática - na qual o poder de um único eleitor é proporcional à raiz quadrada dos recursos econômicos que ele compromete em uma decisão - poderia oferecer soluções únicas para a governança descentralizada.

Ele também sugere uma abordagem em que os riscos envolvidos nas decisões tenham consequências diretas sobre os participantes. Assim, os eleitores individuais se tornam responsáveis por suas decisões. E afirmou:

“A votação mediante  a posse de tokens é falha porque, embora os eleitores sejam coletivamente responsáveis por suas decisões (se todos votarem em uma decisão terrível, os recursos de todos caem para zero), cada eleitor não é individualmente responsável”.