O cofundador da Ethereum, Vitalik Buterin, mudou sua preferência para o licenciamento copyleft, citando a necessidade de compartilhamento forçado de código à medida que as criptomoedas se tornam mais competitivas.
Em um novo post publicado em seu blog na segunda-feira, Buterin afirmou que antes era fã de uma abordagem “permissiva” para licenciamento de software — que permite o compartilhamento gratuito com todos —, mas agora passou a preferir a abordagem “copyleft”.
Há uma diferença sutil entre as duas. Licenças permissivas permitem que o público modifique ou distribua livremente os arquivos de código-fonte. Já licenças copyleft também permitem isso, mas exigem que qualquer trabalho derivado usando o código original também seja disponibilizado como open-source.
“De forma geral, filosoficamente, não gosto de direitos autorais e patentes,” escreveu Buterin.
Vitalik muda de opinião e passa a defender o “copyleft”
“Não gosto da ideia de que duas pessoas compartilhando dados entre si, de forma privada, possam ser vistas como cometendo um crime contra uma terceira parte, com a qual nem estão interagindo,” acrescentou.
Buterin afirmou que passou a simpatizar mais com o “copyleft” porque o open source se tornou mainstream, e incentivar as empresas a adotá-lo se tornou algo mais prático.
No entanto, ele também reconheceu possíveis desvantagens do “copyleft”, como ser excessivamente restritivo ou coercitivo, especialmente em casos onde o código não é publicamente distribuído, mas ainda assim precisa ser compartilhado.
Why I used to prefer permissive licenses and now favor copylefthttps://t.co/aPGhY0Y0kX
— vitalik.eth (@VitalikButerin) July 7, 2025
O copyleft no contexto cripto
Buterin destacou que o espaço cripto mudou drasticamente, se tornando mais competitivo e menos colaborativo, o que enfraquece o ideal open-source original de compartilhamento voluntário de código.
“O setor cripto em particular se tornou mais competitivo e mercenário, e hoje contamos menos com a boa vontade das pessoas em abrir seu código por gentileza.”
Ele afirma que o compartilhamento voluntário já não é suficiente e que deve ser complementado por uma forma de “poder duro”, oferecendo acesso a determinados códigos apenas para quem também compartilha o próprio código.
Vitalik acrescentou que licenciamentos copyleft forçam a reciprocidade, garantindo que a inovação beneficie toda a comunidade e não apenas alguns poucos atores com código fechado.
Ele conclui que o “copyleft” cria uma espécie de “grande pool de código” (ou outros produtos criativos), que só pode ser usado legalmente por quem aceita compartilhar o código-fonte de tudo que construir sobre ele.
“Assim, o copyleft pode ser visto como uma forma bastante neutra e ampla de incentivar mais difusão, obtendo os benefícios de políticas como essa sem muitos dos seus pontos negativos.”
Segundo Buterin, incentivar o open source é mais valioso quando não é nem algo utópico demais, nem algo garantido, acrescentando que os benefícios do copyleft são hoje muito maiores do que eram há 15 anos.
O capitalista de risco cripto Adam Cochran concordou, escrevendo, “Existem alguns casos práticos onde o copyleft pode ser problemático, mas concordo com a filosofia geral.”