A empresa de gestão de ativos VanEck almeja reproduzir o sucesso de seu recém-lançado fundo negociado em bolsa (ETF) de Bitcoin nos Estados Unidos com uma nova plataforma autocustodial de tokens não fungíveis (NFTs) para explorar o potencial da tokenização de ativos.
O Cointelegraph conversou exclusivamente com Matthew Bartlett, chefe da comunidade de NFTs e Web3 da VanEck, antes do lançamento da SegMint na NFT Paris. A plataforma de gerenciamento de ativos em NFTs permite que os usuários guardem e fracionem ativos digitais emitindo chaves que poderão ser negociadas na exchange interna da própria plataforma.
A VanEck, a primeira gestora de ativos dos EUA a registrar o pedido para listagem de um ETF de Bitcoin (BTC) à vista em 2017, ganhou reputação como uma empresa do setor financeiro tradicional (TradFi) que explora ativamente o ecossistema mais amplo de ativos digitais.
VanEck para NFT “degens”
O mandato de Bartlett como responsável por NFTs e Web3 da empresa se deve, em parte, ao seu interesse pessoal pelo espaço. Juntando quase duas décadas de experiência divididas entre as gigantes das TradFi Franklin Templeton e VanEck com sua paixão por NFTs, Bartlett recebeu autorização para criar uma plataforma interna para propriedade de NFTs e fracionamento de ativos digitais.
Jan van Eck disse: "Quero que você crie algo, mas ele não sabia que eu era um degenerado dos NFTs, então tive que começar por aí. Coloquei meu boné de usuário e observei os problemas que encontrei, descobri quais eram, e foi assim que formamos a tese do que construímos e estamos prestes a lançar", explica Bartlett.

O líder de Web3 da VanEck tornou-se um comprador de NFTs em 2017 e se envolveu no espaço, cunhando e leiloando NFTs na plataforma de metaverso Decentraland. Bartlett também ajudou a VanEck a dar seus primeiros passos no espaço com uma oferta gratuita de NFTs que serviu como um ingresso real para cerimônias na Bolsa de Valores de Nova York e na Nasdaq.
Nos últimos sete anos, a empresa vem construindo o que Bartlett descreve como uma equipe robusta de ativos digitais, composta principalmente por analistas de investimento em criptomoedas e gerentes de produtos de ativos digitais.
Teste do modelo de "chave e cadeado" para NFTs
A SegMint se junta a uma série de plataformas que oferecem cunhagem, negociação e gerenciamento de NFTs. Com isso em mente, Bartlett procurou criar uma plataforma focada principalmente na propriedade compartilhada e no fracionamento de ativos digitais.
"Quando comecei a analisar todas as plataformas existentes, todas elas sofrem de pelo menos três problemas. Em primeiro lugar, elas são de natureza custodial. Elas dizem: 'Aqui estão suas frações, mas nós vamos ficar com seu ativo'. Agora você perdeu os airdrops ou os acessos controlados por tokens" oferecidos por alguns protocolos, disse Bartlett.
De acordo com Bartlett, a SegMint mantém a autocustódia dos ativos digitais dos usuários, fornecendo cofres de propriedade de sua carteira Web3:
"Ainda é autocustodial. Portanto, agora você também pode gerenciar todos os utilitários de consumo, seus airdrops, sua jogabilidade e, depois de bloqueá-lo, você pode cunhar qualquer número de chaves SegMint."
As chaves SegMint são tokens ERC-1155, o que significa que são clones fungíveis do que quer que esteja nos cofres dos usuários. O proprietário de um cofre precisa possuir todas as respectivas chaves para desbloqueá-lo, e as chaves poderão ser negociadas na exchange da própria plataforma da VanEck.
A SegMint foi lançada em 28 de fevereiro e exige que os usuários passem por um processo de idenrificação de clientes (Know your Customer – KYC) para criar cofres e chaves e lançar NFTs. Bartlett disse que esperava que a plataforma atraísse proprietários de coleções como CryptoPunks, Squiggles e Pudgy Penguin que desejem fracionar seus NFTs. Ele disse:
"Pode parecer uma ilusão, mas é por aí que começaríamos. Agora é possível democratizar o acesso às melhores coleções a um preço mais baixo para pessoas de todo o mundo."
O potencial dos imóveis tokenizados
Uma meta de longo prazo é que a SegMint crie parcerias com outras plataformas baseadas em blockchain que tokenizam ativos do mundo real, como vinhos antigos e relógios de luxo. Os imóveis tokenizados são outro nicho que Bartlett crê que tem alto potencial para propriedade fracionada nos próximos anos.
Bartlett prevê o lançamento de uma plataforma separada que poderia aproveitar a tecnologia blockchain para uma série de casos de uso envolvendo imóveis. Um exemplo seria "abrigar" uma casa de férias com 52 chaves diferentes para cada semana do ano, que poderiam ser negociadas em um mercado aberto.
"Você tem uma espécie de disruptor entre o Airbnb e o timeshare. Uma vez que eu tenha essa chave digital, posso ocupar a respectiva casa. Eu uso o leitor RFID e passo a semana lá."
Esse exemplo hipotético e grandioso poderia ser replicado para uma variedade de ativos de alto valor, desde jatos particulares a carros de luxo. Embora Bartlett acredite que se trata de um modelo interessante, ele admite que esses tipos de casos de uso podem levar anos para se concretizarem.
"Levará algum tempo para que a comunidade descubra os melhores casos de uso, e nós ainda nem sequer arranhamos a superfície. No momento, estou em minha caixa confinada do que está em conformidade com a regulamentação", admite Bartlett.
O ETF Bitcoin da VanEck atraiu mais de US$ 272 milhões em investimentos desde que recebeu o sinal verde da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA em janeiro de 2024. Enquanto isso, os produtos negociados em bolsa de Bitcoin e criptomoedas da VanEck Europe também estão atraindo o interesse de investidores interessados em diversificar seus portfólios para adicionar exposição ao setor de ativos digitais.
LEIA MAIS
- Alguém perdeu um saco com barras de ouro em um Trem enquanto outro perdeu 7 anos de economias com Bitcoin
- Só 5% dos executivos financeiros de grandes empresas consideram comprar BTC, revela pesquisa da Gartner
- Compliance, sistema tributário e leis trabalhistas são principais desafios para exchanges no Brasil', diz CEO da NovaDAX