A administração Trump não mencionou criptomoedas nem blockchain em sua mais recente estratégia de segurança nacional, apesar dos laços crescentes do setor com o sistema financeiro e das declarações do presidente sobre a concorrência global no setor.
A estratégia, que define as prioridades do governo, foi divulgada na sexta-feira e destacou que os “interesses nacionais vitais” dos EUA giram em torno de inteligência artificial e computação quântica.
“Queremos garantir que a tecnologia e os padrões dos EUA — especialmente em IA, biotecnologia e computação quântica — impulsionem o mundo adiante”, afirmou a administração.
A ausência de menções ao setor cripto contrasta com declarações recentes de Trump. Em entrevista ao programa 60 Minutes da CBS no mês passado, o presidente disse que não queria “ver a China se tornar o número um do mundo em cripto” e reiterou seu desejo de que toda a mineração de Bitcoin (BTC) ocorra nos Estados Unidos.
O vice-diretor da CIA, Michael Ellis, também afirmou em maio que as criptomoedas representam “outra área de competição tecnológica em que precisamos garantir que os EUA estejam bem posicionados contra a China e outros adversários”.
Há, no entanto, um trecho no documento que sugere uma referência indireta ao setor: Trump afirma querer preservar e ampliar a “dominância do setor financeiro americano”, usando a “liderança dos EUA em finanças digitais e inovação” para garantir liquidez e segurança de mercado.
Trump avança em políticas pró-cripto
O governo Trump tem adotado uma postura favorável às criptomoedas em 2025, avançando em diversas políticas prometidas que impulsionaram a adoção da tecnologia por instituições financeiras.
Trump ajudou a transformar em lei o GENIUS Act, que regula stablecoins, e assinou ordens executivas criando uma força-tarefa cripto e proibindo uma moeda digital de banco central (CBDC). Além disso, supervisionou a suspensão de várias ações de fiscalização contra o setor por parte de agências federais.
O governo também criou uma reserva e um estoque de Bitcoin, formados por ativos digitais apreendidos, e estuda métodos “neutros para o orçamento” para ampliar essas reservas.
O Bitcoin foi negociado abaixo de US$ 90.000 no fim de semana, enquanto o mercado reagia à divulgação do documento de segurança nacional, que pedia que os aliados dos EUA “contribuíssem muito mais” com a defesa.
O texto solicita que os países da OTAN aumentem seus gastos militares para 5% do PIB, acima dos atuais 2%, o que pode elevar o endividamento público e a inflação, dificultando cortes nas taxas de juros pelos bancos centrais.
A decisão de juros do Federal Reserve — agendada para esta semana — é o principal fator que movimenta o mercado cripto no momento, com muitos investidores esperando um corte que historicamente estimula apostas em ativos de maior risco.
O mercado espera que as taxas sejam reduzidas na reunião do Fed na terça e quarta-feira, com o FedWatch da CME indicando cerca de 88,5% de probabilidade de um corte de 25 pontos-base.