Principais pontos:
A estrutura de alta do Bitcoin permanece intacta enquanto ele se mantiver acima de uma linha de tendência importante.
A liquidez do Fed e a política fiscal dos EUA provavelmente determinarão o próximo grande movimento do Bitcoin.
O Bitcoin (BTC) caiu mais de 8% nesta semana, ficando abaixo da marca de US$ 100.000 pela primeira vez desde junho, à medida que os detentores de longo prazo venderam cerca de US$ 45 bilhões em BTC.
A pressão vendedora se intensificou com as fortes quedas nas ações relacionadas à IA, que provocaram uma ampla fuga do risco nos mercados.
Segundo o portal The Kobeissei Letter, o BTC “entrou oficialmente em território de mercado de baixa” após corrigir cerca de 20% em relação à máxima histórica de 6 de outubro.
Ainda assim, alguns indicadores sugerem que o BTC pode evitar um mercado de baixa completo, mas algumas condições precisam ser cumpridas primeiro.
Bitcoin precisa se manter acima da média móvel semanal
O Bitcoin continua sendo negociado acima de sua média móvel exponencial (EMA) de 200 semanas, atualmente próxima de US$ 100.950, um suporte-chave de longo prazo que definiu todas as grandes correções desde o fim de 2023.
Todas as vezes em que o BTC testou esse nível após fortes ralis, ele se recuperou rapidamente para atingir novas máximas, confirmando a EMA como o piso estrutural do mercado, conforme mostrado abaixo.
A queda atual de 22% mostra o par BTC/USD defendendo o mesmo suporte gráfico.
O índice de força relativa (RSI) semanal também se mantém no suporte horizontal em torno de 45, uma área que historicamente precede grandes reversões de alta.
Enquanto o BTC mantiver suporte acima da EMA de 200 semanas e da base do RSI, a estrutura de alta mais ampla permanece intacta. Uma queda abaixo de ambos, porém, aumentaria o risco de um recuo mais profundo de mercado de baixa.
O ‘QE discreto’ do Fed pode salvar os touros do Bitcoin
O ex-CEO da BitMEX, Arthur Hayes, argumenta que a política fiscal dos EUA acabará forçando o Federal Reserve a expandir novamente seu balanço, desta vez por meio do que ele chama de “afrouxamento quantitativo (QE) discreto”.
De acordo com o relatório do Escritório de Gerenciamento da Dívida referente ao 3º trimestre de 2025, os EUA estão operando com déficits próximos de US$ 2 trilhões por ano, financiados por dívida do Tesouro.
Compradores tradicionais, como bancos centrais estrangeiros e famílias americanas, não absorveram o aumento na oferta de Treasuries, deixando os fundos de hedge como compradores marginais, fato reconhecido pelo próprio Fed em um relatório recente.
Esses fundos dependem de empréstimos repo overnight, ou seja, empréstimos em dinheiro com títulos do Tesouro como garantia.
Quando falta liquidez, o Standing Repo Facility (SRF) do Fed intervém silenciosamente para emprestar mais dinheiro. Segundo Hayes, isso cria novos dólares nos bastidores, imitando o afrouxamento quantitativo tradicional.
Hayes argumenta que, à medida que os déficits aumentam, o uso do SRF crescerá, elevando a liquidez de forma discreta e apoiando perspectivas otimistas para ativos de risco como o Bitcoin:
“Se o balanço do Fed crescer, isso é positivo para a liquidez do dólar e, em última instância, eleva o preço do Bitcoin e de outras criptomoedas.”
Sem rali até o fim da paralisação do governo dos EUA
Contudo, o mercado pode permanecer volátil até que a paralisação do governo dos EUA termine e as condições de liquidez melhorem, alertou Hayes.
Para os touros, há boas notícias: a paralisação pode ser resolvida em breve. No Polymarket, mais traders estão apostando em uma resolução já na próxima semana.
Por exemplo, as apostas em favor de uma resolução entre 8 e 11 de novembro (laranja) subiram para 36% na quarta-feira, em comparação com 22% na semana anterior. Da mesma forma, as chances de resolução entre 12 e 15 de novembro aumentaram de 17% para 28%.
Por enquanto, o Tesouro está emitindo grandes quantias de dívida, drenando liquidez em dólares, enquanto sua conta geral do Tesouro (TGA) permanece cerca de US$ 150 bilhões acima da meta de US$ 850 bilhões, o que significa que esse dinheiro ainda não está fluindo de volta para a economia.
Essa compressão temporária de liquidez é uma das razões por trás da recente queda do Bitcoin.
Hayes alertou que muitos traders podem interpretar erroneamente essa estagnação como o topo do mercado, justamente quando se aproxima o aniversário de quatro anos da máxima histórica do Bitcoin em 2021.
Mas, segundo ele, a estrutura do sistema financeiro aponta o contrário: quando os gastos forem retomados e a liquidez retornar, isso marcará a próxima perna de alta.
“O sistema só tem dois modos”, escreve Hayes. “Imprimir dinheiro ou destruir dinheiro. No momento é o segundo, mas não por muito tempo.”
Este artigo não contém conselhos ou recomendações de investimento. Todo movimento de investimento e negociação envolve riscos, e os leitores devem realizar suas próprias pesquisas antes de tomar uma decisão.
