Resumo da notícia
ETFs abrem um novo ciclo no mercado cripto.
Institucionais aceleram a adoção global do Bitcoin.
2026 marca expansão além do Bitcoin.
O crescimento explosivo dos ETFs de criptomoedas marcou 2024 e 2025, mas especialistas já afirmam que essa onda representa apenas a etapa inicial de uma mudança mais profunda.
Entre eles está Murilo Cortina, diretor da QR Asset, que durante uma entrevista em preparação para o Blockchain Conference Brasil, observa de perto o comportamento institucional e o avanço dos investidores brasileiros. Ele explica que a transformação que começou com Bitcoin vai se espalhar por outros segmentos e deve redesenhar o mercado global até 2026.
Ele lembra que o interesse dos grandes players ganhou força quando o ETF de Bitcoin da BlackRock bateu recordes históricos. Mesmo sem campanha ativa nos primeiros meses, a gestora atraiu bilhões em captação orgânica. Esse movimento mostrou que havia uma demanda reprimida por produtos regulados e seguros, algo que apenas emergiu quando a maior gestora do mundo “colocou o pé” no setor.
Murilo afirma que isso muda as regras do jogo. Ele destaca que a entrada institucional não depende apenas de preço, mas de métricas sólidas como correlação, beta e diversificação de risco. Assim, o Bitcoin deixa de ser visto apenas como aposta e passa a ocupar espaço em carteiras profissionais como um ativo de tecnologia e proteção.
Essa percepção, segundo ele, prepara o terreno para 2026.
Ele explica que o investidor institucional não dita sozinho a direção do mercado. Ele reforça que a demanda do varejo continua essencial para qualquer produto ganhar escala. Assim, o equilíbrio entre grandes fundos e pequenos investidores não desaparece. Apenas muda de forma.
ETF como motor de crescimento do mercado
Com os ETFs, o investidor comum encontra segurança e praticidade. Ele evita riscos de custodiar chaves privadas, foge de golpes e utiliza estruturas auditadas. Murilo lembra que episódios como FTX e Mt. Gox deixaram marcas profundas. Por isso os ETFs ganharam força entre antigos detentores de Bitcoin, inclusive baleias que preferem reduzir riscos de perda física ou de crimes.
Ele ressalta que, apesar da migração parcial, sempre haverá espaço para investidores raiz. Porém, observa que manter parte do patrimônio em infraestrutura regulada se torna natural conforme o ativo amadurece.
Esse amadurecimento também se reflete na volatilidade. Murilo afirma que, em algumas janelas, ações como Nvidia e Meta mostraram volatilidade maior que o próprio Bitcoin. Esse dado reforça que a narrativa mudou. A cripto deixa de ser “a mais volátil” e passa a competir diretamente com empresas de tecnologia.
É justamente aí que, segundo ele, 2026 começa a ganhar forma.
Ele afirma que o próximo ciclo não será dominado só por Bitcoin. Ele destaca que produtos de nicho, como ETFs de Ethereum, Solana e DeFi, começam a ganhar espaço. Ao mesmo tempo ele observa empresas globais adotando blockchain em áreas como compensações, liquidação financeira e governança. Assim a tecnologia deixa de ser apenas uma aposta de early adopters e passa a rodar dentro de estruturas tradicionais.
O que vem pela frente
Murilo explica que isso não significa que tudo virará ETF. Ele lembra que o Brasil não permite ETFs de gestão ativa. Assim produtos mais sofisticados ainda precisam nascer como fundos tradicionais. Mas a demanda por estratégias que suavizam quedas e reduzem volatilidade cresce a cada ciclo, e isso deve guiar parte das ofertas do próximo ano.
Além disso, ele ressalta que o comportamento do investidor continua decisivo. Muitos entram tarde, saem cedo ou esperam quedas que não chegam. Por isso produtos com proteção parcial tendem a atrair quem deseja expor-se ao mercado sem sofrer tanto com oscilações.
Ainda sobre 2026, ele aponta outra tendência forte: a adoção corporativa. Empresas que já compraram Bitcoin começam a inspirar outras, e ele prevê que companhias passarão a diversificar caixas com ativos descentralizados. Ele cita o movimento como um “caso de uso real” e reforça que isso impulsiona ainda mais o mercado institucional.
Murilo também lembra que o crescimento de usuários de blockchain segue ritmo superior ao da internet em seus primeiros anos. Ele afirma que essa expansão acelera a criação de produtos, serviços e integrações. Assim, novos setores devem entrar no radar dos investidores ainda em 2026.
Ele acredita que a narrativa da próxima fase será mais ampla. Ele vê blockchain, IA e finanças programáveis avançando juntas. Assim, o mercado deixa de ser guiado por hype e passa a responder a casos de uso concretos.
Importância dos ETFs no Brasil
Mesmo com tantas mudanças, ele reforça que o varejo continuará essencial. Ele afirma que o institucional só entra quando percebe fluxo real vindo das pessoas. Assim a base sempre será formada por pequenos investidores que buscam exposição simples e segura.
Por isso Murilo defende a importância dos ETFs no Brasil. Ele acredita que o país continuará liderando discussões globais, assim como fez ao lançar os primeiros ETFs de Bitcoin, Solana e XRP fora da América do Norte. Ele destaca que a abertura regulatória brasileira favorece inovação e atrai gestoras internacionais em busca de novos mercados.
Com a proximidade de 2026, Murilo comenta que os próximos meses formarão o alicerce do novo ciclo. Ele afirma que veremos mais empresas com Bitcoin em caixa, mais fundos sistemáticos, mais produtos indexados e um crescimento acelerado de investidores que nunca tocaram em uma exchange.
O boom dos ETFs, segundo ele, não marcou o auge. Marcou apenas o início de uma mudança muito maior.
Para os próximos anos, ele prevê um mercado mais maduro, mais técnico e mais integrado às estruturas do sistema financeiro global. Assim o protagonismo sai do território das apostas e avança para o campo da infraestrutura econômica.