O fundador do Telegram, Pavel Durov, alertou que a França pode sofrer um colapso social se continuar em sua atual trajetória política de censura e políticas regulatórias, durante uma entrevista concedida na quarta-feira.
“Emmanuel Macron não está fazendo as escolhas certas. Estou muito desapontado. A França está ficando cada vez mais fraca”, disse Durov em um trecho traduzido de uma entrevista ao jornal francês Le Point. Durov acrescentou:
“Se você educar uma ou duas gerações com uma determinada mentalidade, levará décadas para mudá-la. Se continuarmos desperdiçando tempo, o risco aumenta de que o país tenha que passar por mudanças muito extremas.
Quando adiamos reformas necessárias por muito tempo, acabamos vivenciando um colapso”, continuou o fundador do Telegram, alertando que a França está perdendo talentos para outras jurisdições como Dubai.
No início de junho, Durov participou de uma entrevista com Tucker Carlson, continuando sua campanha na mídia após sua prisão em agosto de 2024 na França.
A prisão gerou ampla condenação da comunidade cripto, de ativistas de direitos civis e de fundações de direitos humanos, que continuam monitorando o caso de Durov e suas implicações para a liberdade de expressão, autoexpressão e opinião política na era digital.
Alegações de que inteligência francesa tentou censurar conteúdo das eleições da UE
O fundador do Telegram também relatou alegações de que os serviços de inteligência da França pediram que ele censurasse conteúdo pró-conservador relacionado à eleição presidencial da Romênia em maio de 2025.
Durov disse que Nicolas Lerner, chefe dos serviços de inteligência da França, o abordou no Hôtel de Crillon e pediu para censurar o conteúdo na plataforma, um pedido que ele diz ter recusado.
Durov argumentou que leis como a Lei de Serviços Digitais da União Europeia são um cavalo de Troia para a censura, disfarçadas como regulamentações de proteção ao consumidor e instrumentos para combater a desinformação ou promover a segurança online.
“Essas leis são perigosas porque podem ser usadas contra aqueles que as criaram. Hoje, elas visam os chamados teóricos da conspiração. Amanhã, podem visar seus próprios autores”, disse Durov na entrevista.