Um projeto que começou como um sistema de negociação quantitativa de nível institucional para criptomoedas e ações se transformou em uma rede descentralizada que busca poder computacional de GPU para atender à crescente demanda por serviços de inteligência artificial (IA) e aprendizado de máquina (ML).
A Io.net desenvolveu uma rede de teste que busca poder computacional de GPU de diversos data centers, mineradores de criptomoedas e provedores de armazenamento descentralizado. Agregar poder computacional de GPU é apontado como uma maneira de reduzir drasticamente o custo de alugar essas fontes, que estão se tornando cada vez mais caras à medida que a IA e o aprendizado de máquina avançam.
O CEO e co-fundador Ahmad Shadid compartilha detalhes da rede em entrevista exclusiva ao Cointelegraph. O projeto visa fornecer uma plataforma descentralizada para alugar poder de computação a uma fração do custo das alternativas centralizadas que existem atualmente.
Shadid explica como o projeto foi concebido no final de 2022 durante um hackathon do Solana. A Io.net estava desenvolvendo uma plataforma de negociação quantitativa que dependia do poder de computação da GPU para suas operações de alta frequência, mas estava sendo prejudicada pelos custos exorbitantes de alugar capacidade de computação de GPU.
A equipe destaca o desafio de alugar hardware de GPU de alto desempenho em sua documentação principal, com o preço do aluguel de uma única Nvidia A100 girando em torno de US$ 80 por dia por placa. Precisar de mais de 50 dessas placas para operar durante 25 dias por mês custaria mais de US$ 100.000.
Uma solução foi encontrada com a descoberta do Ray.io, uma biblioteca de código aberto que a OpenAI usou para distribuir o treinamento do ChatGPT em mais de 300.000 CPUs e GPUs. A biblioteca otimizou a infraestrutura do projeto, com seu backend desenvolvido em um curto espaço de dois meses.
Shadid demonstrou a rede de teste funcionando da Io.net na AI-focused Ray Summit em setembro de 2023, destacando como o projeto agrega poder de computação, que é fornecido aos consumidores de GPU como clusters para atender a casos de uso específicos de IA ou aprendizado de máquina.
"Não só esse modelo permite à Io.net fornecer computação GPU até 90% mais barata do que os fornecedores incumbentes, mas também permite poder de computação virtualmente ilimitado."
A rede descentralizada pretende aproveitar a blockchain da Solana para oferecer pagamentos em SOL (SOL) e USD Coin (USDC) a engenheiros de aprendizado de máquina e mineradores que estão alugando ou fornecendo poder de computação.
"Quando os engenheiros de ML pagam por seus clusters, esses fundos são direcionados diretamente para os mineradores que serviram no cluster com suas GPUs, com uma pequena taxa de rede alocada ao protocolo Io.net."
O roadmap do projeto inclui o lançamento de um sistema de token nativo duplo que contará com IO e IOSD. O modelo de token recompensará os mineradores por executar cargas de trabalho de aprendizado de máquina e manter a disponibilidade de rede, considerando o custo em dólares do consumo de eletricidade.
"O token IO será livremente negociado no mercado cripto e é a porta de acesso ao poder de computação, enquanto o token IOSD servirá como um token de crédito estável, fixado algoritmicamente em 1 USD."
Shadid disse ao Cointelegraph que a Io.net difere fundamentalmente dos serviços em nuvem centralizados, como a Amazon Web Services (AWS):
"Para usar uma analogia, eles são a United Airlines e nós somos a Kayak; eles têm aviões, enquanto nós ajudamos as pessoas a reservar voos."
O fundador acrescentou que qualquer empresa que requer computação de IA normalmente usa provedores de terceiros, pois não possui GPUs para lidar com tudo internamente. Com a demanda por GPUs estimada para aumentar 10 vezes a cada 18 meses, Hadid disse que muitas vezes não há capacidade suficiente para atender à demanda, levando a longos tempos de espera e preços altos.
Isso se agrava pelo que ele descreve como uma utilização ineficiente de data centers que não são otimizados para o tipo de trabalho de IA e aprendizado de máquina que está aumentando rapidamente:
"Há milhares de data centers independentes apenas nos EUA, com uma taxa média de utilização de 12%-18%. Como resultado, estão sendo criados gargalos, o que está tendo o efeito cascata de aumentar os preços para a computação GPU."
A vantagem é que o minerador médio de criptomoedas tem a oportunidade de lucrar alugando seu hardware para competir com gigantes como a AWS. Hadid disse que o minerador médio que usa uma placa A100 de 40GB ganha US$ 0,52 por dia, enquanto a AWS vende a mesma placa para computação de IA por US$ 59,78 por dia.
"Parte da proposta de valor da Io.net é que, em primeiro lugar, permitimos que os participantes entrem no mercado de computação de IA e revendam suas GPUs, e para os engenheiros de ML, somos significativamente mais baratos que a AWS."
Dados compartilhados com a Cointelegraph estimam que os mineradores com recursos de GPU à disposição podem ganhar 1.500% a mais do que ganhariam minerando várias criptomoedas.
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