World Liberty Financial, uma empresa de cripto fortemente ligada ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e à sua família, enfrenta um novo escrutínio depois que dois senadores do Partido Democrata pediram que reguladores federais investigassem a empresa por supostas ligações com atores sancionados na Coreia do Norte e na Rússia.
Em uma carta enviada à procuradora-geral Pamela Bondi e ao secretário do Tesouro Scott Bessent, os senadores Elizabeth Warren e Jack Reed alertaram que as vendas de tokens da empresa podem ter exposto a segurança nacional dos EUA a riscos, citando evidências de que tokens de governança da WLFI teriam sido comprados por endereços de blockchain ligados a entidades estrangeiras, informou a CNBC na terça-feira.
As preocupações vêm de um relatório de setembro da entidade apartidária Accountable.US, que afirmou que a World Liberty Financial vendeu tokens para traders com conexões on-chain com o Lazarus Group, a operação de hackers apoiada pelo Estado norte-coreano, além de uma ferramenta russa sancionada para evasão de sanções, uma exchange iraniana de cripto e o Tornado Cash.
Os senadores afirmaram que essas vendas “deram aos adversários um assento à mesa” ao conceder direitos de governança no protocolo. A World Liberty Financial negou as alegações, dizendo à CNBC que realizou “verificações rigorosas de AML/KYC” em todos os compradores da pré-venda e rejeitou milhões de dólares de quem não passou nas verificações.
Família Trump controla 75% da receita dos tokens da WLFI
A estrutura de propriedade da WLFI adicionou peso político à controvérsia. De acordo com o site da empresa, Eric Trump, Donald Trump Jr. e Barron Trump atuam como cofundadores, enquanto Donald Trump é listado como “Cofundador Emérito”. Uma entidade afiliada à família Trump, a DT Marks DEFI LLC, detém 22,5 bilhões de tokens WLFI, avaliados em mais de US$ 3 bilhões, e tem direito a 75% da receita das vendas de tokens.
Warren e Reed argumentaram que isso cria um conflito de interesse financeiro direto para autoridades do governo, observando que três quartos de toda a receita das vendas de tokens “fluem diretamente para o presidente Trump e sua família”.
Os senadores também alertaram que a rápida expansão da empresa, incluindo planos para um cartão de débito e commodities tokenizadas, combinada com supostos controles de conformidade frágeis, “corre o risco de impulsionar atividades financeiras ilícitas”.
A World Liberty Financial tem enfrentado crescente pressão política e regulatória nos últimos meses. Sua stablecoin USD1 foi usada em um investimento de US$ 2 bilhões na Binance pelo fundo MGX, apoiado pelos Emirados Árabes Unidos, pouco antes dos Emirados garantirem um acordo importante de chips com Washington.
O Cointelegraph entrou em contato com a WLFI para obter comentários, mas não recebeu resposta até o momento da publicação.
Especialista diz que algumas alegações são resultado de falsos positivos
Enquanto isso, uma análise recente do pesquisador de blockchain Nick Bax levantou dúvidas sobre as acusações de que uma carteira ligada à Coreia do Norte teria investido na WLFI. Bax revisou as transações citadas no relatório da entidade e concluiu que se tratavam de falsos positivos, e não de interações reais com entidades sancionadas.
Segundo Bax, as transações descritas como “ligadas ao Lazarus” foram geradas por um contrato de memecoin de brincadeira chamado Dream Cash, que automaticamente envia tokens de um endereço rotulado como Lazarus Group para qualquer pessoa que os reivindique. Bax confirmou que um usuário independente, @shryder1337, reivindicou os tokens como uma piada, e não como uma transação com a Coreia do Norte.
“A pior parte disso tudo (além do fato de meu senador estar disseminando desinformação) é que o Shryder não apenas foi falsamente acusado de ser um hacker da DPRK; parece que seu grande lote de tokens WLFI (~US$ 95 mil) foi congelado por causa desse falso positivo”, escreveu o analista.