Sam Bankman-Fried teria ficado preocupado com a sua segurança durante o período em que ficou preso preventivamente no Centro de Detenção Metropolitana do Brooklyn e até considerou pagar outro detento por "proteção", de acordo com o relato de um ex-prisioneiro.
O agente da máfia de Nova York que se tornou informante das autoridades, Gene Borrello, disse à blogueira de criptomoedas Tiffany Fong em uma entrevista divulgada em 30 de novembro que passou um tempo com Bankman-Fried durante o período que antecedeu o julgamento criminal do ex-CEO da FTX. Ele disse que SBF estava "fora de seu ambiente" na prisão e se preocupava com a sua segurança.
I got a chance to interview Gene Borrello, a former mob enforcer who was in jail with Sam Bankman-Fried. Gene tells me SBF was on suicide watch, was extorted & did not eat or shower for several days. We also discuss how Sam spends his time in jail, bullying, sentencing & more. pic.twitter.com/nszTXVUrSQ
— Tiffany Fong (@TiffanyFong_) November 30, 2023
Tive a chance de entrevistar Gene Borrello, um ex-agente da máfia que esteve na prisão com Sam Bankman-Fried. Gene me disse que SBF estava sob vigilância anti-suicídio, foi extorquido e não comeu nem tomou banho por vários dias. Também falamos sobre como Sam gasta seu tempo na cadeia, bullying, a sentença recebida e muito mais.
— Tiffany Fong (@TiffanyFong_)
Borrello disse que, durante o tempo em que conviveu com SBF na prisão, outros detentos consideravam o ex-magnata das criptomoedas tímido, com "o corpo de uma pessoa de 80 anos", e que se presumia que ele tivesse acesso a dinheiro.
"Ele tem o corpo de uma pessoa de 80 anos. Não tem forma, entende o que quero dizer?"
Segundo Borello, um prisioneiro teria tentado importunar Bankman-Fried para extorqui-lo em troca de proteção.
"[Esse prisioneiro] queria que Sam Bankman sentisse que 'aqui é perigoso, você precisa de proteção'", lembrou Borrello.
No entanto, Bankman-Fried foi alojado em uma unidade do Centro de Detenção Metropolitana do Brooklyn que separava os ricos e os informantes do governo do resto da população carcerária, disse Borello.
"Eu sempre dizia: 'Aqui não é perigoso. Você não precisa de proteção. Não se preocupe com isso. Você não precisa pagar nada a ninguém. Não dê ouvidos a esses moleques de merda'."
Borrello afirma que confrontou o importunador, o que acabou resultando em uma briga. Ambos foram colocados na unidade de alojamento de confinamento solitário. Borello afirmou que passou 80 dias lá.
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Borrello lembrou-se de ter conversado com Bankman-Fried, dizendo: "Quando ele fala com você, ele abaixa a cabeça, é muito tímido, se comunica de forma muito nervosa". Ele também disse que perguntou ao ex-bilionário como ele gastara o seu dinheiro.
"Eu disse: 'O que você está fazendo com o dinheiro? Que tipo de relógio você tinha? Ele disse: 'Eu tinha um Apple Watch'", contou Borrello. "Eu perguntei: 'Que tipo de carro você estava dirigindo?' Ele disse: 'um Toyota Camry 2020'."
"Eu e meus amigos dissemos: 'Então, para que diabos você roubou o dinheiro? Quer dar uma olhada?'"
Borello opinou que Bankman-Fried "não pode entrar na população regular" devido à sua riqueza – estimada em US$ 26 bilhões no auge da FTX – pois outros presos tentarão extorqui-lo novamente.
SBF não entendia "o tamanho do problema em que estava metido"
Borrello relatou uma conversa que teve com Bankman-Fried, que aparentemente acreditava que "não ficaria muito tempo [preso]."
"Ele simplesmente não entendia o tamanho do problema em que estava metido", disse Borrello. "Estávamos tentando explicar a ele que se tratava dos agentes federais, que ele estava sendo acusado de roubar bilhões de dólares [...] Ele simplesmente não entendia o quanto estava ferrado até que começamos a explicar a ele."
Borrello afirmou que Bankman-Fried estava mais nervoso com a prisão do que com os desdobramentos do seu caso em si e acreditava que passaria aproximadamente 20 anos na prisão.
"Nós o olhávamos como se ele fosse louco. Eu tentava explicar a ele que ele nunca mais veria a luz do sol."
Em 2 de novembro, Bankman-Fried foi considerado culpado de sete acusações de lavagem de dinheiro, fraude e conspiração e pode pegar uma pena máxima de 115 anos de prisão. Sua sentença será proferida em 28 de março e espera-se que seus advogados recorram da decisão do juiz.
Borello também disse que tentou avisar Bankman-Fried que o juiz de Nova York Lewis Kaplan, que supervisiona seu caso, é o "juiz mais rigoroso do Distrito Sul."
Na maioria dos casos, os juízes seguem a recomendação de sentença da promotoria – que ainda não foi apresentada no caso de Bankman-Fried. "Pode ser algo de outro mundo", disse Borrello.
"Acho que é besteira condená-lo por tanto tempo", acrescentou. "Não há motivo para dar cem anos ao cara. Isso é simplesmente insano."
Borrello chamou a situação de Bankman-Fried de "um caso glorioso" do qual todos os promotores querem fazer parte, pois desejam se tornar "juízes, políticos, analistas [e] advogados federais de alto nível."
"Tudo o que lhes interessa é a glória. Ele é um caso de glória. Então ele está fodido."
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