As gigantes fintech Robinhood e Revolut estão de olho no mercado de stablecoins, à medida que novas regulamentações na Europa prometem trazer clareza regulatória e impactar a participação de mercado das empresas cripto-nativas.

De acordo com uma reportagem da Bloomberg de 26 de setembro, citando fontes não identificadas, tanto Robinhood quanto Revolut estão considerando emitir suas próprias stablecoins, enquanto a indústria continua a se expandir.

O mercado de stablecoins tem sido amplamente dominado pela USDt da Tether (USDT). A emissora de stablecoin tem se beneficiado do cenário macroeconômico mais amplo e da turbulência no mercado cripto nos últimos dois anos, incluindo crises bancárias e repressões regulatórias contra empresas nos Estados Unidos.

USDt, que é atrelada ao dólar dos EUA, ganhou mais de 20% de participação de mercado durante o período e agora controla mais de 75% de todo o mercado de stablecoins.

O crescimento da participação de mercado da Tether se traduziu em mais receita. A emissora de stablecoin relatou lucros recordes de US$ 5,2 bilhões no primeiro semestre de 2024, além de um estoque maior de títulos do governo dos EUA para respaldar suas reservas. De acordo com a Bloomberg, esse modelo de negócios está incentivando mais players a entrar no mercado de stablecoins.

Capitalização de mercado das stablecoins. Fonte: DefiLlama

Apesar da reportagem da Bloomberg, Robinhood e Revolut não confirmaram se planejam entrar no mercado de stablecoins.

MiCA moldará a indústria de stablecoins

A regulamentação Markets in Crypto-Assets (MiCA) da União Europeia, introduzida em 2023, terá um impacto significativo no mercado de stablecoins. A implementação do MiCA em stablecoins foi dividida em duas fases.

A primeira, que terminou em 30 de junho, impôs regras sobre requisitos de reserva, transparência e limites de volume de transações, levando algumas exchanges como Binance e Kraken a começar a revisar as ofertas de stablecoins antes das novas regras.

A segunda fase entra em vigor em 30 de dezembro e se aplica aos provedores de serviços de criptoativos, trazendo regulamentações mais amplas para exchanges, carteiras e outras empresas de serviços.

De acordo com a regulamentação, as stablecoins — também chamadas de “tokens referenciados a ativos” ou “tokens de dinheiro eletrônico” — enfrentam regras rigorosas, como limites diários de volume de transações de US$ 200 milhões para pagamentos.

O CEO da Tether, Paolo Ardoino, criticou a regulamentação europeia, citando uma exigência de que 60% das reservas de stablecoins sejam mantidas em depósitos à vista em vários bancos.

“Pouquíssimos bancos aceitam esse tipo de negócio na Europa. Já é muito difícil conseguir apenas um!” Ardoino observou em uma entrevista.

De acordo com Ardoino, a empresa não pretende ser regulamentada sob o MiCA.

Em contraste, a Circle — a empresa por trás da USD Coin (USDC) — recentemente anunciou sua stablecoin lastreada em euros, EURC, que está se adaptando ao novo framework.