O conselho do Nubank autorizou, na terça-feira (7), a emissão do token NuCoin. Com as informações disponibilizadas até agora, o projeto aparenta ser um programa de fidelidade baseado em ativos digitais.
Na visão de João Kamradt, Head de Research e Investimentos da Viden Ventures, essa tendência será cada vez mais comum nos próximos meses. Fintechs utilizarão elementos do mercado de criptomoedas para entregar produtos melhores aos seus clientes.
Tokens em programas de fidelidade
O uso de tokens, fungíveis ou não, tem ganhado tração junto a grandes empresas. O Mercado Livre anunciou, em agosto de 2022, a criação da sua Mercado Coin. A Mercado Coin é um programa de incentivo a compradores da plataforma Mercado Livre, e é dada quando o produto adquirido tem a opção de cashback ativada.
O Starbucks Odyssey é outro exemplo. A gigante das bebidas criou um programa de fidelidade onde usuários recebem carimbos em um avatar em NFT. A quantidade e tipos dos carimbos recebidos dão acesso a diferentes experiências envolvendo a marca, que vão desde descontos até viagens.
Para João Kamradt, da Viden, esse modelo continuará sendo utilizado por grandes empresas, por oferecerem a possibilidade de criar produtos melhores para seus clientes. “O mercado de criptoativos oferece uma gama de serviços e produtos mais sofisticados aos clientes. As finanças descentralizadas permitem que os usuários alcancem melhores rendimentos e descubram produtos que antes eram inacessíveis.”
Karmadt acrescenta que hoje, um investidor médio do mercado cripto pode comprar tokens antes do lançamento de projetos e se associar a iniciativas bilionárias. “Mas, acima de tudo, pode emprestar, investir e reemprestar o mesmo dinheiro, e uma cascata incomum para o mercado tradicional.”
Esse cenário, destaca o Head de Research e Investimentos da Viden, faz com que as fintechs e outros grandes players do mainstream queiram criar pontes ativas com os ativos digitais. Através delas, usuários acessam formas mais confortáveis de investir, mesmo que seja em uma plataforma centralizada.
Poucas informações sobre a NuCoin
Kamradt é um entusiasta do uso de instrumentos do mercado cripto por grandes empresas. Na questão específica da NuCoin, porém, ele avalia que ainda é necessário o entendimento de uma série de questões. “Ainda é necessário compreender melhor como funciona o tokenomics, qual é a quantidade de tokens, a emissão ao longo do tempo, como funcionará os termos de governança, entre outros.”
Tokenomics é o termo usado para o modelo econômico do token, que envolve seus usos em outros produtos, seja da mesma empresa que faz a emissão ou de outra plataforma. Um exemplo é o token CRV, da Curve, que pode ser usado para obter recompensas dentro da própria exchange, ou em outras aplicações descentralizadas.
A interoperabilidade, inclusive, é outra questão levantada pelo Head de Research e Investimentos da Viden. “Será possível utilizá-lo em corretoras descentralizadas? À priori, como será um token rodando na blockchain da Polygon, os indicativos são que sim.”
Embora o uso em outras plataformas possa ser positivo sob a ótica de composabilidade, Kamradt salienta que a hipótese cria riscos financeiros que fogem do controle do Nubank. É o caso de esquemas de pump and dump, onde detentores de grandes quantidades de um ativo manipulam seu preço, causando uma alta, para depois despejá-lo e deixar outros investidores no prejuízo.
“Juntamente com isso, é necessário compreender as reais necessidades que tornam a NuCoin uma criptomoeda. Como um token que deve ter uma utilidade, ele é um token que se beneficia do ambiente de uma blockchain ou é apenas uma iniciativa que poderia ser atendida se funcionasse como um programa de recompensas ou milhas?”, indaga Kamradt.
A ideia de um grande banco em lançar uma criptomoeda pode ser positiva a princípio, mas o porta-voz da Viden conclui reforçando a importância de um tokenomics bem alinhado, e que seja transparente para os usuários.
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