O mercado de previsões Polymarket adicionou Donald Trump Jr. ao seu conselho consultivo após receber um investimento estratégico da 1789 Capital, que se descreve como um veículo politicamente alinhado que apoia empresas que considera promover a “excepcionalidade americana”.

As empresas não revelaram os termos financeiros, mas a Axios estimou o investimento em “dezenas de milhões de dólares”.

Trump Jr. tornou-se sócio do fundo em 2024. Em um comunicado divulgado na terça-feira, ele afirmou que “a Polymarket corta o viés da mídia e as opiniões dos chamados ‘especialistas’ ao permitir que as pessoas apostem no que realmente acreditam que acontecerá no mundo”.

O investimento acompanha os esforços da Polymarket para retornar de forma regulada ao mercado dos EUA, depois de ter sido forçada a bloquear usuários em razão de uma ação da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC).

Em 2022, a CFTC multou a empresa em US$ 1,4 milhão por operar uma plataforma de swaps não registrada e ordenou que bloqueasse usuários americanos. Para restabelecer presença legal, adquiriu a exchange de derivativos licenciada pela CFTC QCEX por US$ 112 milhões em julho de 2025, coincidindo com o encerramento das investigações da CFTC e do Departamento de Justiça sobre a plataforma.

A Polymarket ganhou destaque em 2020, permitindo que usuários apostassem criptomoedas em temas que iam desde eleições presidenciais até fofocas de celebridades. A plataforma rapidamente se tornou uma das maiores do mundo no segmento de previsões, movimentando milhões em volume diário, mas também atraindo fiscalização de reguladores.

A Kalshi, principal concorrente da Polymarket nos EUA, também entrou repetidamente em choque com reguladores devido à sua tentativa de listar contratos sobre resultados políticos, incluindo o controle do Congresso.

A fiscalização se intensificou em agosto, quando a deputada americana Dina Titus pediu à CFTC que investigasse Brian Quintenz, ex-comissário indicado para presidir a agência, que também faz parte do conselho da Kalshi, levantando preocupações sobre conflito de interesses que atrasaram sua confirmação pelo Senado.

Apostas em eleições, regulação e a próxima fase da Polymarket

Durante a eleição presidencial de 2024 nos EUA, a Polymarket movimentou mais de US$ 3,6 bilhões em apostas, sendo cerca de US$ 2,7 bilhões apenas no embate Trump e Harris. Esse aumento de atividade gerou críticas de vários parlamentares americanos.

Betting, Donald Trump
Fonte: Polymarket, eleições presidenciais dos EUA de 2024

Em agosto de 2024, os senadores Elizabeth Warren, Jeff Merkley e outros enviaram uma carta à CFTC pedindo a proibição das apostas em eleições.

Eles argumentaram que permitir que pessoas façam “apostas extraordinárias enquanto simultaneamente contribuem para um candidato ou partido específico, e que insiders políticos apostem em eleições usando informações não públicas, apenas degradará ainda mais a confiança pública no processo eleitoral”.

Esse sentimento também foi ecoado no esporte. A National Football League (NFL) recentemente alertou que mercados de previsões como a Polymarket representam riscos à integridade, argumentando que, sem os sistemas de conformidade e monitoramento exigidos das casas de apostas licenciadas, tais plataformas poderiam deixar os jogos vulneráveis à manipulação.

Apesar das críticas persistentes, em 21 de julho a Polymarket foi apontada como estando na fase final de uma rodada de financiamento de US$ 200 milhões, avaliando a plataforma em US$ 1 bilhão.

A plataforma também publicou um conjunto de regras para os EUA em agosto e veiculou anúncios digitais no país no mesmo mês promovendo seu retorno.