No dia 2 de julho, o Head de Embaixadores da Polkadot no Brasil, que se identifica como Luis, usou seu perfil no Twitter para resumir o projeto ‘Polkadot 2.0’. Em uma série de publicações, ele comenta os principais pontos que serão introduzidos na nova fase do projeto, com base em uma apresentação recente de Gavin Wood no Polkadot Decoded.
Duas grandes mudanças
A Polkadot 2.0 não é um conceito novo, mas que voltou a receber atenção da comunidade de criptoativos na última semana. Gavin Wood, criador da Polkadot, falou sobre os novos planos para o projeto durante uma apresentação no Polkadot Decoded, evento realizado nos dias 28 e 29 de junho em Copenhagen.
No Twitter, Luis afirma que quase todos os planos iniciais da Polkadot foram entregues. A versão 2.0 é um reflexo do que foi aprendido nos últimos anos, e trará duas grandes mudanças: Core Rentals e Accords.
Novo modelo de uso da rede
Os Core Rentals mudam a dinâmica atual de inserção de novas blockchains no ecossistema da Polkadot. A solução de camada zero é composta por uma rede principal, chamada de Relay Chain, que garante a segurança do restante do ecossistema.
Novas blockchains podem se conectar à Relay Chain, e são chamadas de parachains. As parachains precisam ser aprovadas em leilão conduzido pela comunidade, onde os projetos com mais votos recebem permissão para integrar o ecossistema da Polkadot. Após implementadas ao ecossistema, as parachains podem permanecer conectadas de seis meses até dois anos.
Este processo, no entanto, passará por mudanças, afirma Luis em uma das publicações. No novo modelo, tokens não-fungíveis (NFTs) servirão como um ‘passe’ que garante um espaço nos blocos da rede, chamados de Coretime.
Um NFT permite que um projeto aproveite a segurança da rede Polkadot por quatro semanas, e esses tokens poderão ser usados por parachains ou revendidos. Além disso, haverá um limite de preço para compras recorrentes.
“Com o passar do tempo, foi percebido que as parachains não usavam todo o potencial dos dois anos de vaga. A alocação de 4 semanas torna o uso mais eficiente, mas sem perder a capacidade de planejamento para longa duração, basta ter mais Coretime (NFTs)”, disse Luis em uma das publicações.
Mudanças da Polkadot 1.0 para sua nova versão. Imagem: Luis/Twitter
Contratos inteligentes interoperáveis
Os Accords são outra mudança importante, que interage diretamente com o conceito de interoperabilidade da Polkadot. Luis aponta que uma boa definição para este conceito é “contratos para uso compartilhado de várias redes”.
A motivação por trás dos Accords tem a ver com limitações atuais do “Formato de Mensagens de Consenso Cruzado” (XCM, na sigla em inglês) da Polkadot. O XCM permite que parachains se conectem e troquem informações entre si, sem a necessidade de mecanismos de conexão externa, como bridges.
Luis salienta, contudo, que um problema desse sistema surge quando há indisponibilidade em uma das parachains, por qualquer que seja o motivo. “Dessa forma a mensagem não tem garantia de execução, enquanto num Accord, é garantido”, completa.
Em conversa com o Cointelegraph Brasil, Luis elabora mais sobre o uso de Accords. “Os Accords são contratos em comum entre Parachains de casos de uso similares. Polkadot é uma arquitetura única, na qual Accords podem existir e ser capitalizados. Eles permitem padrões de cooperação em múltiplas redes até então impossíveis (ou melhor, inseguros!) em outras arquiteturas”, avalia.
Com esse novo tipo de estrutura, será possível criar ‘hubs’ de ativos, diferentes conexões usando XCM e até mesmo exchanges descentralizadas que podem ser utilizadas por diferentes parachains.
Por que mudar?
Na avaliação de Luis, o estágio atual da Polkadot identificou três problemas: redes que, apesar de trocarem mensagens, estão isoladas; as conexões são parecidas com bridges; e a experiência do usuário acaba sendo isolada, mesmo dentro de uma mesma rede.
Com as mudanças pretendidas, a Polkadot mudará o foco para as aplicações, que passarão a abranger diferentes redes, com interfaces mais simples e mais completas. “Os aplicativos devem abranger redes perfeitamente, para liberar o potencial da Polkadot”, conclui Luis.
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