A queda de mais de 14% vivenciada pelo Bitcoin, hoje, 24 de setembro, acendeu um certo pânico, acredito que não pela desvalorização em si mas por ela acontecer justamente após o lançamento da tão esperada Bakkt, a plataforma de negociação de Bitcoin da Bolsa de Valores de Nova York.
Muitos analistas saíram correndo com seus gráficos, runa, búzios, cartas e tantos outros apetrechos que recebem o nome de fibonacci, candlestick e outros para dizer que agora o BTC pode cair para US$ 7.500 e até a volta do bear market.
Não sou especialista em análise gráfica, nem tampouco expert em daytrade. O máximo que entendo desta area é vender e comprar a mercado e limit. Mas aprendi três coisas nestes mais de dois anos escrevendo diariamente sobre criptomoedas e, claro, lendo outros portais nacionais, como CriptoFácil, onde comecei e pelo qual nutro um enorme carinho, Livecoins, Portal do Bitcoin e também internacionais como 8BTC, The Block, Coindesk e Bitcoin News.
A primeira delas é: se os analistas dizem algo sobre o preço, provavelmente vai acontecer outra coisa.
Quando em 2017 o preço chegou perto de US$ 20 mil o tópico era, to the moon. As projeções de analisas apontavam para máximas acima de 50K e me lembro que na Labitconf daquele ano, as pessoas gastavam US$ 1.000 em um dia com almoços e jantares e, no outro, só com a valorização do BTC, já tinham 'recuperado' tudo, mas.... bom o resto você já sabe.
Então veio o bear market e, no exato momento em que todos os traders, analistas e especialistas, apontavam para os gráficos e falavam até em 'espiral da morte', boooooommmm, o Bitcoin subiu 5%, depois mais 4%, depois mais 10%, ai passou de US$ 5 mil, 6 mil, 7 mil, 8 mil... e, vela sobe e vela desce, chegamos cá onde estamos.
Resumindo, ninguém realmente sabe para onde vai o preço do Bitcoin.
O BTC não é uma empresa, nem um ativo, nem uma moeda. O Bitcoin é o Bitcoin, ponto. Quando houve o escândalo Bitfinex/Tether/ Procuradoria de Nova York, todo mundo achou, eu inclusive, que a merda tava feita, afinal o USDT é, de longe, muito longe o maior par de negociação do BTC, respondendo por mais de 25% de todo o mercado nas exchanges.
E o que aconteceu? Praticamente nada e, se me recordo bem, o preço do BTC subiu ainda naquele dia.
A segunda coisa que aprendi é justamente o que está acima, ninguém controla o Bitcoin, desta forma, ele tem variáveis que gráficos, analistas e previsões não conseguem saber e que podem impactar o mercado profundamente.
Mas uma coisa é muito importante neste cenário, os mineradores.
São eles que colocam a coisa para funcionar. Pode ter Bakkt, SIX, ETF, ETN, ET sei la o que. Pode até o Trump adotar o Bitcoin como moeda oficial dos EUA mas sem os mineradores a bagaça toda não funciona.
Agora, pode não ter mercado, exchange, preço, compra e venda, análise, pagamento, pirâmide financeira, Deep Web, enfim, pode até ser que ninguém use o Bitcoin para nada, mas se tiver um cara minerando a coisa toda funciona mesmo assim, como já funcionou nos seus primórdios.
Isso não quer dizer que os mineradores 'mandam' no BTC, mas que é importante ficar atento ao que acontece nesta indústria tanto quanto ficar puxando linha em gráfico de preço. Eu voltaria minha atenção para a segunda World Digital Mining Summit (WDMS), que ocorrerá de 8 a 10 de outubro em Frankfurt e, organizada pela Bitmain, reunirá grandes players do mercado.
Afinal quero saber porque a Taxa de Hash despencou 40% nesta segunda-feira saindo de mais de 98.000.000 TH/S para 57.700.000 TH/S. E o halving, o que eles pensam sobre? China, Irã, Paraguai, PoW, PoS, Hashgraph, DLT, Tangle... enfim, o que pensam os 'trabalhadores' da blockchain.
Recentemente em uma conferência na China, o presidente da Canaan (fabricante de Avalon), Kong Jianping, disse que acreditava que era apenas uma questão de tempo para o bitcoin quebrar US$ 100.000, talvez ele não esteja nem ai para a Bakkt, talvez.
Por fim, a ultima coisa que aprendi é compre e guarde.
Não tenho estatísticas mas, 80% das pessoas que conheço que tem Bitcoin compraram ele abaixo dos atuais U$ 8 mil no qual está o preço agora, no momento da escrita, depois desta queda. Mesmo aqueles que compraram quando o BTC estava a US$ 19 mil, não perderam nada.
Eles ainda tem os mesmos Bitcoins que compraram. Se foi 1 BTC ou 2 satoshi, eles ainda estão lá ou eram para estar, você não perdeu nada.
Tem um audio que circula nas redes sociais que é muito engraçado e que compartilhei certa vez com o Safiri Felix , "A tendência é de alta, alta infinita tem umas correções de 50%, 90%, mas a tendência é sempre de alta". Pode parecer deboche mas olhando o gráfico histórico é um pouco isso.
Agora hold é um exercício de paciência e não de olhar o preço do Bitcoin em 2010 e hoje e falar "Puta que pariu porque eu não minerei essa merda em vez de jogar CS? vou vender a casa, comprar Bitcoin agora, vender amanha e ficar rico", acredito que isso pode não dar certo.
Nada contra os traders que há muitos que fazem sim dinheiro nisso, mas temos um exemplo bem bom aqui no Brasil de que arbitragem infinita pode não ser a melhor opção. Mas, como disse, só aprendi três coisas e ainda há muitas outras para aprender.
Resumindo, não fique assustado, como dizem muitas pessoas no grupo do Cointrader Monitor, que acompanho diariamente, esta queda é só o Bitcoin sendo o Bitcoin, ou como diz uma música do Wu Tang Clan que adoro, Don´t be afraid, bad dreans is only dreans. Amanhã é outro dia e depois outro e assim por diante ou como diria a minha mãe, "de grão em grão a galinha enche o papo".
Hoje comprei mais R$ 100 em Bitcoin.
Eu ia finalizar com a frase acima, mas esqueci, recentemente aprendi outra coisa, que já vinham me dizendo há muito tempo, "Your Keys, your Bitcoins; Not Your Keys, not your Bitcoins". Infelizmente aprendi esta da forma mais dura e também estou na lista dos 'Sem Saque', ou "Sem Saco" para desculpas