O CEO da divisão Oriente Médio e Norte da África (MENA) da exchange cripto OKX pediu que o setor priorize a utilidade no mundo real, à medida que cresce o interesse na tokenização de ativos do mundo real (RWAs).

Em uma entrevista ao Cointelegraph durante o evento Token20249 em Dubai, o CEO da OKX MENA, Rifad Mahasneh, alertou que, embora a tokenização seja promissora, os projetos devem “demonstrar claramente” os benefícios de tokenizar ativos específicos.

“Em alguns casos, estamos tokenizando coisas que não precisam ser tokenizadas, mas em outros casos, estamos tokenizando coisas que realmente oferecem valor no dia a dia, certo? E se você consegue enxergar esse valor cotidiano, então é um projeto promissor”, disse Mahasneh ao Cointelegraph.

Ele afirmou que o hype pode impulsionar o crescimento de projetos no espaço Web3, mas fornecer valor diário deve ser a prioridade.

CEO da OKX MENA, Rifad Mahasneh, na sala de imprensa do Token2049. Fonte: Cointelegraph

Tokenização de RWAs ganha força nos Emirados Árabes Unidos

Os comentários de Mahasneh surgem em meio a um aumento nos projetos de tokenização de ativos do mundo real no Oriente Médio, incluindo os Emirados Árabes Unidos.

Em 1º de maio, o MultiBank Group assinou um acordo de US$ 3 bilhões em RWAs com a empresa imobiliária MAG, sediada nos EAU, e com a provedora de infraestrutura blockchain Mavryk — a maior iniciativa de RWA já realizada no mundo.

Além de bilhões em acordos envolvendo RWAs, o governo dos Emirados Árabes Unidos começou a trabalhar em projetos de tokenização. Em 19 de março, o Departamento de Terras de Dubai — órgão governamental responsável por promover, organizar e registrar imóveis em Dubai — anunciou a fase piloto de seu projeto de tokenização de imóveis. A agência está trabalhando com a Autoridade Reguladora de Ativos Virtuais de Dubai (VARA), reguladora cripto do emirado.

Em 9 de janeiro, o projeto de RWA Mantra também assinou um acordo de US$ 1 bilhão com o Grupo Damac para tokenizar os ativos do conglomerado sediado nos EAU. No entanto, meses depois, o Mantra protagonizou um dos maiores colapsos de tokens da história cripto, eliminando bilhões em capitalização de mercado em 13 de abril.

Mahasneh disse ao Cointelegraph que a clareza regulatória da região ajuda a atrair grandes instituições para a tokenização e o setor cripto. Ele explicou que a transparência permite entender como os principais players do setor, como as exchanges, são regulados.

Estrutura para stablecoins dos EAU dá confiança às instituições

O executivo também elogiou o progresso da região nas regulamentações sobre stablecoins. Em junho de 2024, o Banco Central dos Emirados Árabes Unidos aprovou um marco regulatório para licenciamento de stablecoins, esclarecendo a emissão, supervisão e licenciamento de tokens de pagamento lastreados no dirham.

Segundo Mahasneh, isso demonstra a agilidade dos EAU em regular tecnologias relacionadas às criptomoedas. O executivo destacou ainda que o envolvimento do banco central oferece às instituições mais segurança para entrar nesse mercado.

“Outros mercados ainda estão debatendo se devem ter regulamentações cripto. Aqui, já avançamos para desenvolver regulamentações sobre stablecoins. Para um investidor, saber que sua stablecoin é regulada é um grande diferencial”, afirmou Mahasneh.

Desde então, grandes players como a Tether entraram na disputa ao emitirem uma stablecoin lastreada em dirham. Em 29 de abril, instituições como o fundo soberano de Abu Dhabi (ADQ), o First Abu Dhabi Bank e a International Holding Company firmaram parceria para lançar uma stablecoin atrelada ao dirham, ainda sujeita à aprovação regulatória.