Algumas exchanges começaram a interromper serviços para clientes que transferem seus ativos digitais que passaram por um processo chamado "Bitcoin Mixing" - a mistura de criptomoedas que é um dos novos entraves regulatórios que pode impactar o mercado de exchanges.
Um Bitcoin Mixing (ou CoinJoin) é um serviço que permite a mistura de diferentes moedas e depois a redistribuição dos Bitcoins entre diversos participantes desta rede.
Essa tecnologia faz com que seja possível tornar um Bitcoin mais privado, sem rastros. Depois que os BTC passam pelo processo de mistura de moedas, fica quase impossível realizar uma análise das transações antes do processo.
Exchanges e reguladores de criptomoedas estão se tornando cada vez mais hostis a ativos digitais que foram “misturados". Se as políticas de mistura de moedas continuarem, analistas esperam o surgimento de um mercado cladestino de "moedas contaminadas".
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) prendeu recentemente o desenvolvedor de software Larry Harmon por seu papel suspeito na lavagem de dinheiro envolvendo o extinto site Alpha Bay, que rodava na deep web.
Harmon foi o CEO do site de mídia digital Coin Ninja e também criou o software de mistura de Bitcoin chamado Helix. Os promotores chamaram o Helix de "empresa de transmissão e lavagem de dinheiro".
Embora o uso mais óbvio de um misturador de Bitcoin seja esconder alguma atividade ilícita, também existem muitos usos legítimos.
Por exemplo, se alguém recebeu pagamento por bens ou serviços no Bitcoin, pode querer usar um serviço de mistura de moedas antes de alocar seus fundos para armazenamento em carteiras frias a longo prazo.
Sem essa etapa adicional de privacidade, quando você transaciona parte de seus ativos digitais, algum usuário da rede pode seguir seus rastros e ver exatamente quantas criptomoedas você estava segurando em sua carteira fria offline.
Com a acusação contra Harmon, fica claro que as autoridades dos EUA têm os serviços de mixagem de moedas em seu radar. Pode ser que num futuro próximo as autoridades exijam que exchanges de criptomoedas monitorem a atividade de misturas de moedas e que tomem medidas para coibir a atividade.
A Binance Singapore, por exemplo, impediu que um usuário retirasse seus fundos da plataforma antes de dar respostas satisfatórias para perguntas bastante pessoais, como qual era o salário do usuário.
Warren Lorenz, diretor administrativo da Amplify Exchange, disse ao Cointelegraph Brasil os seus pensamentos sobre esta nova tecnologia:
“Os serviços de mixagem, por sua própria natureza, pretendem disfarçar a fonte de fundos, o que é problemático para exchanges, que estão sujeitas a um monitoramento rigoroso das cadeias para fins de conformidade. Quando transferidos para uma exchange, serviços como o Chainalysis classificam automaticamente esses fundos como de 'alto risco' e os procedimentos operacionais padrão indicam que o operador da bolsa interrompa os negócios com esse cliente. Embora isso possa sufocar a inovação e outros casos de uso, o cenário das exchanges como um todo é altamente cauteloso em aceitar fundos desses 'maus atores' e não está disposto a correr o risco associado a esses clientes."
Apesar dos pontos negativos da tecnologia de mixagem de moedas, a rede Bitcoin não para de evoluir. Novas funcionalidades estão surgindo e a mais promissora é a Lightning Network.
Como mostrou o Cointelegraph, o chefe de criptomoedas da Visa acredita que a Lightning Network pode fazer com que a menor divisão de Bitcoin - 1 Satoshi - se torne a unidade de medida de micropagamentos da internet.