Apesar do Bitcoin ter registrado sua máxima histórica em julho, ficando brevemente acima de US$ 123 mil, o mercado financeiro global aguarda ‘dias difíceis’ para o mês de agosto, diante da nova data que para entrar em vigor a taxação imposta pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
A partir de 06 de agosto, de acordo com decreto assinado pelo presidente estadunidense na última quarta-feira, 30, as importações oriundas das principais economias mundiais receberão taxas de exportação que variam de 10%, para as do Reino Unido, a 50%, para as do Brasil.
Esse cenário dividiu o mercado de criptoativos em dois lados: o que acredita que o tarifaço seria o gatilho para um "inverno cripto", com investidores abandonando ativos de risco, e o que espera o fortalecimento, ainda maior, do Bitcoin (BTC) como um ativo de proteção patrimonial, impulsionando também as stablecoins como moedas para o novo comércio internacional.
“A instabilidade geopolítica e a desconfiança nas políticas monetárias governamentais são, historicamente, combustíveis para o mercado cripto. A narrativa do Bitcoin como ouro digital, por ser um ativo escasso, descentralizado e não sujeito aos caprichos de um único governo ou instituição, ganha força nessa batalha comercial que estamos assistindo. E se as tarifas gerarem inflação ou desvalorizarem as moedas dos bancos centrais, o apelo por um ativo não-soberano pode aumentar drasticamente, impactando positivamente seu preço”, aponta Denise Cinelli, COO global da Cryptomkt, maior exchange latina de criptoativos.
Para a COO global da Cryptomkt, investimentos não devem ser realizados por rompantes e é preciso entender os fundamentos antes de mergulhar de cabeça.
“O investidor precisa se perguntar: 'Eu acredito que a demanda por ativos digitais descentralizados e eficientes aumentará em um mundo mais protecionista e incerto?'. Se a resposta for sim, ele deve estudar os projetos e gerenciar seu risco de acordo. A era da passividade acabou; a da estratégia informada está apenas começando", alerta.
Quais criptomoedas comprar
Diante deste cenário de preocupação com a economia global, o Cointelegraph Brasil perguntou a equipe de research do Mercado Bitcoin, quais as melhores criptomoedas para o mês de agosto.
Bitcoin
O Bitcoin também tem alcançado um novo status no cenário econômico mundial com a consolidação de sua tese de “ouro digital”, com a oficialização da reserva estratégica de BTC nos Estados Unidos sendo um marco emblemático deste processo.
Dessa forma, esperamos que a criptomoeda apresente uma ótima performance no mês, impulsionada pela continuidade de entradas robustas de capital via ETFs à vista dos EUA, com esses produtos registrando uma entrada líquida de mais de US$6 bilhões durante o mês de julho.
Por fim, as métricas on-chain também apontam uma qualidade elevada da oferta do ativo, abrindo espaço para a descoberta de novas altas históricas ao longo do mês de agosto.
Ethereum
A Ethereum (ETH) é recomendada para este mês devido ao seu crescimento robusto, evidenciado pelo seu Total Value Locked (TVL), que ultrapassa os US$170 bilhões. Essa métrica demonstra uma forte confiança e adoção significativa na rede.
Além disso, a aprovação do GENIUS Act está criando um ambiente regulatório favorável, que pode estimular a emissão de stablecoins e beneficiar diretamente a Ethereum. O fluxo de capital institucional também é um fator importante, com um forte interesse em ETFs de ETH, resultando em mais de US$5,4 bilhões em entradas apenas em julho.
A adoção crescente por empresas indica que a Ethereum possui fundamentos sólidos e um potencial de valorização promissor para o mês de agosto.
Solana
A Solana (SOL) se destaca por sua alta eficiência operacional, resultante de uma capacidade de processamento superior que a torna uma concorrente direta da Ethereum.
Com um TVL de US$24 bilhões, a Solana mostra uma forte adoção no mercado, posicionando-se como a segunda maior entre as chains. A expectativa de um ETF à vista nos Estados Unidos pode atrair ainda mais capital institucional, contribuindo para uma performance positiva do ativo no próximo mês.
Ethena
A Ethena (ENA) é um protocolo DeFi que ganhou destaque com a criação da USDe, uma stablecoin sintética indexada ao dólar, respaldada por estratégias de hedge em ativos como Bitcoin, Ethereum e Solana.
Essa abordagem inovadora, que elimina a necessidade de reservas fiduciárias, pode atrair usuários em busca de segurança e eficiência. A USDe já se consolidou como a quarta maior stablecoin do mercado, demonstrando um ritmo de adoção acelerado.
Recentemente, a Ethena anunciou um programa de recompra de mais de US$200 milhões do token ENA, sinalizando confiança na valorização do ativo. O avanço regulatório proporcionado pelo GENIUS Act também favorece o segmento de stablecoins, posicionando a ENA como um ativo com alto potencial de valorização.
Ondo Finance
A Ondo Finance (ONDO) se destaca por sua capacidade de tokenizar ativos do mundo real, como títulos do Tesouro dos EUA, convertendo-os em ativos digitais na blockchain. O token ONDO permite que seus detentores participem da governança da plataforma, o que é um atrativo adicional.
A Ondo também tem feito parcerias significativas, como a recente colaboração com a Mastercard, que posiciona a plataforma como uma conexão entre o universo cripto e o sistema financeiro tradicional.
A transação do JPMorgan envolvendo títulos tokenizados através da Ondo Finance reforça ainda mais essa relevância. Com a potencial aprovação do GENIUS Act, espera-se que as transações tokenizadas se tornem mais frequentes, consolidando a Ondo como um player estratégico no mercado.