O CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, está sendo criticado pela comunidade de criptomoedas no X (antigo Twitter) por afirmar que o "único caso de uso verdadeiro" do Bitcoin (BTC) e das criptomoedas é a facilitação de atividades criminosas.

"O único caso de uso verdadeiro é o de criminosos, traficantes de drogas, lavagem de dinheiro, evasão fiscal", disse Dimon em uma audiência perante o Comitê do Senado dos Estados Unidos para Assuntos Bancários, Habitacionais e Urbanos em 5 de dezembro. "Se eu fosse o governo, eu as proibiria."

Mas os especialistas em criptomoedas rapidamente apontaram a hipocrisia nas declarações de Dimon, destacando que o JPMorgan é o segundo maior banco penalizado pelo governo, tendo pago US$ 39,3 bilhões em multas referentes a 272 violações desde 2000, de acordo com o rastreador de violações Good Jobs First.

Cerca de US$ 38 bilhões dessas multas foram aplicadas desde que o banco está sob o comando de Dimon, que ocupa o cargo de CEO desde 2005.

"Isso é que é ser um hipócrita de merda!", disse o advogado de criptomoedas John Deaton em um postagem divulgada em 6 de dezembro no X. 

"Jamie Dimon não está em posição de criticar o Bitcoin com esse tipo de histórico", disse o consultor de estratégia da VanEck, Gabor Gurbacs, que observou que os bancos em todo o mundo teriam sido penalizados com US$ 380 bilhões em multas neste século.

Isso é que é ser hipócrita! Quem é o criminoso, Jamie Dimon? Deixe-me lhe fazer uma pergunta: Nos últimos 5 anos, quando o @jpmorgan foi MULTADO em mais de TRINTA E CINCO BILHÕES DE DÓLARES (US$ 35.000.000.000) por atividades ilícitas e fraudulentas, algum de seus funcionários usou #Bitcoin ou criptomoedas?

— John E Deaton (@JohnEDeaton1)

Em setembro, o JPMorgan fechou um acordo de US$ 75 milhões com as Ilhas Virgens Americanas relativa às acusações de que permitiu e se beneficiou financeiramente das operações de tráfico sexual de Jeffrey Epstein entre 2002 e 2005. Entretanto, deve-se observar que os acordos não são admissões de culpa.

Em outubro de 2013, o banco pagou US$ 13 bilhões – a maior multa de sua história corporativa – por fraudar investidores com negócios hipotecários "tóxicos." Os investimentos tóxicos caíram de valor significativamente, causando o colapso do mercado.

Vários traders do JPMorgan também foram investigados por manipular mercados futuros de metais entre 2008 e 2016 e concordaram em pagar quase US$ 1 bilhão para encerrar a investigação em setembro de 2020.

Penalidades pagas pelo JPMorgan por diferentes violações. Fonte: Good Jobs First

O JPMorgan também esteve no centro da maior apreensão de cocaína da história dos EUA, quando 20 toneladas da droga no valor de US$ 1,3 bilhão foram apreendidas em julho de 2019 em um navio que supostamente pertencia a um fundo administrado pelo JPMorgan.

Jamie Dimon parece confuso...

Ele diz que as únicas pessoas que usam #Bitcoin são criminosos, traficantes e lavadores de dinheiro...

Mas, na verdade, ele está apenas descrevendo o JP Morgan e seus clientes.

— Walker (@WalkerAmerica) 

Dimon says he’d shut crypto down, but JPMorgan has its own token

O CEO do JPMorgan disse: "Se eu fosse o governo, eu as proibiria", em uma declaração dirigida à senadora democrata Elizabeth Wallet na audiência, referindo-se ao Bitcoin e às criptomoedas.

No entanto, apesar de ser "veementemente contrário" ao setor de ativos digitais, o JPMorgan lançou recentemente o seu próprio token – o JPM Coin – em uma versão privada da blockchain da Ethereum para sua base de clientes institucionais.

O banco também lançou uma plataforma de tokenização baseada em blockchain em outubro. A BlackRock é uma das clientes do novo serviço. Ele também contribuiu com uma rodada de financiamento de US$ 65 milhões da Consensys, uma empresa de infraestrutura da rede da Ethereum em abril de 2021.

No entanto, Dimon provavelmente estava fazendo uma distinção entre criptomoedas centralizadas e descentralizadas, já que ele se referiu anteriormente às moedas descentralizadas como esquemas Ponzi.

A Bankless também criticou os comentários de Dimon, explicando que o governo dos EUA não pode impor uma proibição efetiva ao Bitcoin ou ao setor de criptomoedas devido à sua natureza descentralizada.

Os comentários de Dimon desencadearam uma verificação de fatos do recurso Community Notes do X, afirmando que menos de 1% das transações envolvendo criptomoedas são ilícitas.

Contexto adicionado aos comentários de Dimon no Community Notes do X. Fonte: X

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