O vídeo com demonstrações técnicas "práticas" do novo modelo de inteligência artificial do Google, o Gemini, deixou de ser o assunto mais quente do momento e passou a ser acusado por críticos de ser "basicamente falso."
O vídeo de seis minutos, que obteve 2,1 milhões de visualizações no YouTube desde seu lançamento em 7 de dezembro, mostra a interação perfeita da ferramenta de IA com um operador humano aparentemente em tempo real, incluindo a análise de um desenho de pato, gestos feitos com as mãos e a invenção de um jogo chamado "Guess the Country" (Adivinhe o país) a partir de apenas uma imagem do mapa-múndi.
No entanto, o executivo do Google DeepMind, Oriol Vinyals, esclareceu que, embora as instruções e os resultados obtidos pelo usuário no vídeo sejam reais, eles foram "editados para serem breves." Na realidade, as interações do Gemini foram baseadas em texto, não em voz, e levaram muito mais tempo para ser alcançadas do que o representado no vídeo.
O Google até admitiu ao fazer o upload do vídeo no YouTube, com um aviso de isenção de responsabilidade: "Para fins desta demonstração, a latência foi reduzida e os resultados do Gemini foram encurtadas para fins de brevidade."
Isso, no entanto, não impediu que houvesse uma enxurrada de críticas ao Google nas redes sociais.
"O Google MENTIU. A demonstração de IA que exibia as capacidades do Gemini era FALSA", disse o desenvolvedor de software Nelly R Q em uma postagem no X (antigo Twitter) em 10 de dezembro.
"Foi editada, foi cortada para parecer que [a IA] era mais rápida e mais capaz do que realmente é", disse Chief Nerd, outro engenheiro de software.
NEW – Google's Stock Sinks Following Reports That Some of Their Gemini AI Demo Was Faked
c December 8, 2023
"So that video demo of Gemini that everyone was kind of going crazy over...It was edited, it was cut to look like it was faster and more capable than it actually is...So I've been pressing… pic.twitter.com/9f7UmdLOlA
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"Então, aquele vídeo de demonstração do Gemini que todo mundo estava meio que enlouquecendo... Foi editado, foi cortado para parecer que [a IA] era mais rápida e mais capaz do que realmente é... Então, eu tenho pressionado...
— Chief Nerd (@TheChiefNerd)
Até mesmo os próprios funcionários do Google manifestaram estar em desacordo com o vídeo.
Um funcionário do Google disse à Bloomberg que o vídeo apresenta uma imagem irrealista do Gemini e mostra como é fácil fazer com que a ferramenta de IA pareça mais avançada do que realmente é. O CEO da empresa, Sundar Pichai, também não mencionou o ajuste fino que foi feito no vídeo de seis minutos em um postagem divulgada em 7 de dezembro.
No entanto, outro funcionário do Google disse que não ficou muito surpreso com a demonstração, pois é necessário utilizar recursos de marketing para promover esses produtos.
Outro funcionário do Google disse à Bloomberg que as palavras individuais nas respostas do Gemini não foram alteradas, e a narração capturou trechos do texto real do Gemini. "A narração do usuário é composta por trechos reais dos comandos reais usados para produzir o resultado apresentado pelo Gemini."
Em seu lançamento, a demonstração técnica "prática" do Gemini recebeu saudações entusiasmadas dos espectadores.
"A nova IA Gemini do Google observa um homem desenhando um pato e explica o que ele está fazendo em cada etapa do processo – não apenas literal ou mecanicamente, ela pode inferir o que o homem pretende fazer e por que ele está fazendo o que faz. Parece... muito humano", disse Armand Domalewski, analista de dados da Palo Alto Networks, em uma publicação divulgada em 7 de dezembro.
Lançado como concorrente do ChatGPT da OpenAI, o Google afirma que o Gemini supera os principais modelos de IA em 30 dos 32 testes de benchmark de raciocínio, matemática, linguagem e outras métricas – incluindo o GPT-4 em sete de oito desses benchmarks.
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