Nesta terça, 10, durante a abertura da Febraban Tech 2025, o presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo, destacou que o Drex deve ajudar a liberar mais crédito e dinheiro para a população do país.
“Queremos facilitar o uso de garantias digitais nos processos de concessão de crédito. Quanto mais conseguirmos reduzir a percepção de risco dos credores e simplificar a experiência do cliente ao apresentar garantias, mais eficientes e planejadas serão as linhas de crédito”, disse Galípolo.
Durante sua fala na Febraban Tech, ele também aponta que o Drex não representa uma tentativa de desintermediação bancária. Segundo ele, a proposta não é contornar os bancos ou substituir seu papel na concessão de crédito.
“O foco do Drex é a infraestrutura tecnológica. Trata-se de um sistema baseado em tecnologia de registros distribuídos (DLT), com suporte a smart contracts e tokenização, que facilitará a realização de transações financeiras mais eficientes e seguras, além de processos automatizados de compra, venda e colateralização de ativos”, revelou.
Ainda segundo o presidente do BC, essa abordagem melhora o acesso ao financiamento, torna o sistema mais inclusivo e ajuda as pessoas a obterem crédito com mais alinhamento aos seus objetivos pessoais e profissionais.
“Avançar nessa direção é fundamental para o fortalecimento do nosso sistema financeiro digital”, concluiu.
Pix 2.0
Além do Drex, o presidente do BC também anunciou 4 novas funcionalidades que serão integradas ao Pix em 2025 e inaugurar o que ele chamou de Pix 2.0.
Entre elas está o Pix Automático, que segundo ele, vai reunir uma série de avanços e vai permitir realizar pagamentos recorrentes com Pix, como assinaturas e mensalidades, e já começa a funcionar de forma operacional no dia 16 de junho.
“Com o pix automático, empresas não precisarão mais depender da instituição financeira do cliente para efetuar cobranças recorrentes. Isso reduz o custo tanto para quem vende quanto para quem paga. Além disso, o consumidor terá mais controle sobre seus pagamentos e maior eficiência na gestão financeira”, disse.
Segundo ele, outro ponto importante é a segurança. Pagamentos recorrentes como assinaturas, que hoje exigem cartão de crédito, poderão ser feitos com o Pix Automático, oferecendo mais proteção e menos riscos para o usuário.
Entre as novas funcionalidade sestá também o Pix por aproximação, que também está sendo implementado pelas instituições financeiras, permite pagamentos com aproximação do celular. Isso traz mais rapidez e praticidade à experiência de compra.
“Muita gente pergunta se é seguro. A resposta é sim. O sistema exige todas as certificações necessárias, mas sem precisar abrir o aplicativo bancário a cada transação, o que acelera o processo”, disse.
O presidente afirmou ainda que há o Pix parcelado, que será lançado nos próximos meses. Ele permitirá que o comprador parcele uma compra via Pix, enquanto o vendedor recebe o valor integral imediatamente.
De acordo com Galípolo, essa inovação deve impulsionar o varejo, principalmente em compras de maior valor, que tradicionalmente exigem parcelamento. Isso será especialmente relevante para os 60 milhões de brasileiros que hoje não têm acesso ao cartão de crédito, mas também dará novas opções para quem já o utiliza.
“Nosso objetivo, como sempre, não é vetar as alternativas existentes, mas oferecer novas opções competitivas, deixando que a preferência do consumidor e a experiência de uso definam quais ferramentas fazem mais sentido em cada contexto”, afirmou.
A terceira inovação é o MED 2.0, um sistema voltado à segurança, que permitirá contestar transações suspeitas de forma 100% digital, simples e intuitiva, diretamente pelo aplicativo do banco. Ele será usado em casos de fraudes, golpes e crimes, facilitando o rastreamento das operações pelas instituições financeiras.
"Estamos discutindo os tipos e os níveis de instituições em que é possível realizar um acompanhamento mais eficaz. Isso retoma um ponto que já mencionei anteriormente: a necessidade de ampliar o escopo da supervisão e da regulação para alcançar mais instituições e, assim, reforçar a segurança do sistema”, apontou.
Finalizando as inovações está o Pix como garantia. Essa funcionalidade permitirá que fluxos futuros de pagamentos recebidos via Pix sejam utilizados como garantia para financiamentos ou antecipações de recursos. Isso representa um avanço significativo, especialmente para autônomos, pequenos empreendedores e empresas que recebem valores recorrentes por meio de suas chaves Pix.
“A ideia é que esses fluxos sejam percebidos, segregados e utilizados dentro de um processo de colateralização. Nosso objetivo com essa medida é fortalecer o acesso ao crédito planejado e sustentável, permitindo que os agentes econômicos recorram menos às linhas emergenciais, que normalmente têm custos mais altos e não deveriam ser utilizadas de forma recorrente” finalizou.