A Lightning Stock Exchange (Lise), uma nova bolsa de valores com sede na França, está entrando no mercado com grandes ambições: lançar uma exchange de ações totalmente tokenizada voltada para pequenas e médias empresas (PMEs).
A Autoridade de Supervisão Prudencial e de Resolução (ACPR) da França concedeu à Lise uma licença DLT de negociação e liquidação (TSS), abrindo caminho para sua bolsa de ações tokenizadas na Europa, anunciou a empresa na quinta-feira.
“Essa aprovação nos autoriza a operar a primeira bolsa de ações tokenizadas dedicada a ações na Europa”, disse Mark Kepeneghian, diretor-gerente da Lise, em um comunicado no LinkedIn.
A Lise é apoiada por grandes bancos franceses, incluindo BNP Paribas e Bpifrance, e é uma subsidiária da Kriptown, que se define como uma “neo-exchange para startups e PMEs”, com foco em ativos digitais.
O que é a licença DLT TSS?
A licença DLT TSS é uma autorização prevista no Regime Piloto de DLT da União Europeia, um conjunto de regulamentações para infraestruturas de mercado que utilizam tecnologia de registro distribuído (DLT).
Em vigor desde março de 2023, o Regime Piloto de DLT fornece a base legal para negociação e liquidação de transações com criptoativos classificados como instrumentos financeiros de acordo com a Diretiva de Mercados de Instrumentos Financeiros (MiFID II).
A licença DLT TSS permite que a Lise crie uma infraestrutura de mercado de nova geração, combinando “funções de mercado e de pós-negociação em uma única estrutura”, explicou a empresa. Ela faz referência específica à integração entre plataformas multilaterais de negociação (MTFs) e depósitos centrais de valores mobiliários (CSDs), destacando que isso representa “uma mudança profunda na forma como os mercados financeiros operam”.
Repensando as IPOs com tokenização
A notícia da licença DLT TSS da Lise surge meses após a empresa sair do modo stealth, em abril de 2025, com a missão de “repensar fundamentalmente o conceito de oferta pública inicial (IPO)”.
“A Lise está desenvolvendo uma infraestrutura de mercado única, baseada na tokenização de ativos”, afirmou a empresa na época, destacando que essa abordagem garante um alto nível de segurança e reduz os custos associados às IPOs e listagens públicas.
“As primeiras IPOs tokenizadas devem ocorrer no início de 2026, após a conclusão da integração dos emissores e dos testes finais de prontidão operacional”, disse Kepeneghian ao Cointelegraph.
Com lançamento previsto para o primeiro trimestre de 2026, ele explicou que a primeira IPO tokenizada da Lise servirá como prova de conceito do modelo, e que a empresa espera tokenizar outras 10 IPOs em 2027.
Crédit Agricole entre os investidores
Alguns dos principais bancos europeus estão apostando nos esforços de tokenização da Lise em IPOs.
O Caceis, braço de serviços de ativos do grupo bancário francês Crédit Agricole, adquiriu uma participação minoritária na Kriptown em agosto para apoiar o lançamento da Lise.
“Com essa iniciativa, o Caceis reafirma seu compromisso em impulsionar a transformação do setor financeiro e fomentar ecossistemas digitais que promovam a inovação”, afirmou a empresa, acrescentando:
“O investimento está alinhado à estratégia de longo prazo do Caceis para ativos digitais, que vem sendo desenvolvida há vários anos para apoiar a transformação da infraestrutura de mercado.”
Os esforços da Lise em tokenização na Europa representam um marco na crescente tendência de valores mobiliários tokenizados, com grandes exchanges de criptomoedas como Gemini e Kraken lançando produtos de valores mobiliários tokenizados para clientes da União Europeia no início deste ano.