​Em meio às recentes movimentações do governo dos Estados Unidos no setor de criptomoedas, muitos bitcoiners que aplaudiam os ETFs de Bitcoin, a centralização do BTC na reserva estratégica de Governos e até a regulamentação das criptomoedas, passaram a refletir que a verdadeira adoção e descentralização do Bitcoin pode ser justamente o contrário do que vinha sendo comemorado atualmente.

João Canhada, fundador da Foxbit, publicou recentemente no Instagram um meme que resume o 'dilema' recente (após a frustração com a 'falsa' reserva estratégica de Bitcoin dos EUA) e boa parte da comunidade bitcoiner.

Seguindo a mesma linha da postagem de Canhada,Bruno Contardi, pesquisador de blockchain, destaca que a verdadeira "reserva estratégica" do Bitcoin reside na tecnologia blockchain e na adoção descentralizada, e não nas iniciativas governamentais.​

Ele também observa que há uma expectativa exagerada da comunidade cripto em relação às ações governamentais, o que contrasta com os princípios de liberdade e descentralização que fundamentam o Bitcoin.

"É curioso ver a comunidade cripto vibrando com as eleições norte-americanas e se animando com pronunciamentos do FED, esquecendo que o Bitcoin surgiu justamente como uma alternativa ao sistema financeiro tradicional", comenta Contardi.​

Além disso, ele destaca que a verdadeira essência do Bitcoin está na adoção genuína e na compreensão dele como uma reserva de valor descentralizada.

"Enquanto investidores aguardam sinais do Estado, os verdadeiros entusiastas seguem acumulando, operando nós (nodes) e transacionando peer-to-peer. A descentralização não precisa de permissão, e esse é o único anúncio que realmente importa", enfatiza Contardi.​

Governo fazendo o que ele faz de melhor: confiscando ativos do povo

A ordem executiva de Trump também estabelece um "Estoque de Ativos Digitais dos EUA" para outras criptomoedas confiscadas, gerenciado pelo Departamento do Tesouro. David Sacks, nomeado por Trump como "czar das criptomoedas" da Casa Branca, afirmou que a reserva será capitalizada com bitcoins já em posse do governo, garantindo que não haverá custos adicionais para os contribuintes. ​

Apesar das iniciativas governamentais, especialistas como Contardi alertam que medir o valor do Bitcoin em dólares ou esperar validação institucional pode desviar a atenção do verdadeiro potencial transformador da tecnologia blockchain.

"O Bitcoin não precisa da aprovação de governos para ter valor; o verdadeiro 'fundo soberano' é a rede descentralizada de indivíduos que optam por manter e transacionar BTC, sem a necessidade de intermediários", conclui.​

Para o pesquisador, essa é mais uma demonstração dos problemas da centralização, onde um governo pode, quando for conveniente, se apropriar de ativos privados e redefinir regras conforme seus interesses.

"Nada muda para quem já entendeu a virada de chave: 1 BTC = 1 BTC", enfatiza Contardi.

Ainda segundo ele, o valor do Bitcoin não está na adoção institucional, na adoção de Estados ou em se tornar 'moeda de curso legal', para ele, o valor do Bitcoin está na escassez digital proporcionada pela blockchain, na segurança da rede e na liberdade que oferece.

Para ele, esperar que governos ou instituições financeiras resolvam algo é "sentar e esperar a tragédia acontecer". "Isso vai na contramão de mentes brilhantes que pensam na Internet muito além do site de compra ou do app de pedir comida", diz. Contardi acredita que o comportamento do usuário ou investidor de Bitcoin pode mudar conforme surgem soluções inovadoras no mercado de Web3.

"Para isso, líderes e tomadores de decisão da indústria precisam enxergar o ambiente da descentralização e das comunidades digitais com os olhos da blockchain revolution, para que seus produtos e serviços para o mercado Web3 tenham adesão e sucesso em seus lançamentos", analisa.

No fim das contas, Contardi resume sua visão em uma frase: "Nem ídolos ou ideais, apenas a Blockchain Revolution."