O ano enfim começou e a primeira semana de janeiro trouxe poucas novidades sobre o que podemos esperar do mercado nos próximos dias, já que o nível de incerteza é tão elevado, que é impossível cravar qualquer diagnóstico sobre o que podemos esperar dos mercados em 2023.
Boa parte dessa incerteza é decorrente de uma mudança narrativa recessiva no mercado do Tesouro americano que vem sugando toda a liquidez dos mercados de capital, a partir dessa perspectiva vimos um volume geral fraco, embora baixo, nas últimas sessões do mercado de ações ao longo da primeira semana de janeiro.
O Bitcoin teve um ligeiro salto na quarta-feira, mas está estruturalmente inalterado em relação à ação lateral dos preços das últimas semanas.
Após duas semanas de negociação consecutivas encurtadas e uma semana tranquila de divulgação de dados econômicos, não há muito o que atualizar para esta semana.
No que tange à economia dos EUA a ata do FOMC na quarta-feira, não forneceu muita mudança em relação ao que os participantes do mercado esperavam ouvir do Fed. Autoridades do FOMC afirmaram que não preveem nenhum corte de juros para 2023.
Fonte: Índice Nasdaq Composite, 1D (Tradingview)
Na terça-feira, o Nasdaq Composite subiu quase 1% na abertura. Em 10 minutos, vimos que a força pré-mercado atraiu vendedores à medida que o índice reverteu para fechar em queda de 0,76% no dia.
O último dia para vender ações para colher perdas de capital para as deduções fiscais de 2022 foi em 28 de dezembro. Por essa razão, muitos analistas acreditavam que veríamos um curto rali para começar janeiro. A ação do preço dos dias 29 e 30 parecia ser uma validação inicial dessa teoria. Seguindo essa tendência, até mesmo o Bitcoin e o mercado de criptomoedas aproveitaram o rali da Nasdaq e apresentaram sinais positivos, levando o Bitcoin a operar novamente na faixa dos US$ 17 mil e entregou 1.3% de valorização semanal. Contudo, não conseguiu manter essa marca e retornou à faixa dos US$ 16.800.
A quarta-feira viu uma ação semelhante de preços, a princípio. O índice acelerou para começar a sessão e depois desapareceu ao meio-dia. No final, vimos uma reversão ascendente, embora em volume bastante fraco.
Na quinta-feira, vimos outra sessão fraca, com o Nasdaq fechando em queda de quase 1,5% no dia.
Impulsionando a fraca ação de preços das ações foi um dia ainda mais fraco poucas sessões de títulos do Tesouro de vencimento mais curto.
Nas últimas semanas de 2022, e agora em 2023, estamos vendo uma mudança narrativa em andamento a partir do mercado de renda fixa. No início de 2022, a narrativa do mercado de títulos era de que um aumento acentuado nos rendimentos estava vindo como resultado de uma inflação historicamente alta.
A inflação significa que estamos vendo um declínio acentuado no poder de compra do dólar, por essa razão, o valor dos pagamentos de juros futuros e o princípio a ser recebido da compra e detenção de um título é menor.
Agora, como a narrativa da inflação está bem precificada no mercado, a narrativa parece estar mudando para a tradicional ação recessiva dos preços. Nesses tipos de ambientes, os investidores buscam a proteção contra a recessão, amarrando seu dinheiro em títulos de renda fixa de longo prazo.
Fonte: Rendimento do Tesouro dos EUA a 2 anos vs. 10 anos, 1D (Tradingview)
Esta semana vimos um aumento no rendimento dos títulos do Tesouro de data mais curta e um declínio no rendimento dos de data mais longa. O rendimento dos títulos 2Y (2 anos) subiram 3bps esta semana, enquanto o rendimento dos títulos de 1º anos (10Y) caíram 16bps.
Como lembrete, rendimento e preço são inversos. Portanto, o preço do 2Y caiu, enquanto o preço do 10Y subiu, à medida que os investidores veem maior taxa de juros, mercado e risco de crédito no curto prazo.
As informações contidas neste texto são de responsabilidade do autor e não necessariamente refletem as posições do Cointelegraph Brasil.
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