Uma nova tese que argumenta que a maior parte do valor cripto hoje está concentrado em aplicativos, e não em blockchains, está ganhando popularidade com a ascensão da Hyperliquid e pode mudar o comportamento dos investidores nos próximos meses, segundo um executivo de cripto.
“Todos os descolados estão falando sobre a tese do ‘fat app’. Parece que isso pode ser um tema dominante nos próximos meses”, disse Matt Hougan, diretor de informações da Bitwise, em uma publicação no X na quarta-feira. A teoria do fat app sugere que os aplicativos cripto absorverão mais valor do que os protocolos blockchain subjacentes no futuro.
“É o tipo de tese que suspeito que aparecerá na mídia mainstream em 1–3 meses. Sendo assim, acho que é um modelo mental valioso a se ter em mente enquanto as pessoas observam o desenrolar do mercado cripto”, explicou Hougan.
Algumas layer-1s podem se destacar, mas os apps dominarão
A tese do Fat App, que é uma ideia relativamente nova, desafia a tese do Fat Protocol de Joel Monegro, de 2016, que argumenta que a maior parte do valor será acumulada na camada base — blockchains como Ethereum, Solana ou Avalanche — em vez dos aplicativos.
Em vez disso, a tese do Fat App sugere que o valor se concentra na camada de aplicação, com os aplicativos capturando mais receita e atenção dos usuários do que as blockchains nas quais são executados.
Se mais pessoas adotarem a tese, isso pode mudar a forma como os investidores avaliam tokens de layer-1 em comparação com tokens de aplicativos.
A tese do Fat Protocol também gerou bastante controvérsia ao longo dos anos.
Jeff Dorman, diretor de investimentos da firma de ativos digitais ARCA, explicou em um relatório de 2021 que a tese do Fat Protocol ainda não foi comprovada como correta, e isso pode ser devido a razões que “não têm nada a ver com captura de valor”.
Ele disse que pode ser porque investidores de varejo tratam as layer-1s como uma aposta fácil de índice e fundos de capital de risco favorecem as apostas mais significativas do mercado.
“O investimento em ativos digitais ainda é dominado por fundos de venture capital em estágio inicial, que se concentram no mercado endereçável total (TAM) em vez da avaliação financeira, e tendem a buscar o que ‘poderia ser’ em vez do que ‘já é’”, explicou.
Dorman disse, em 9 de fevereiro, que “a tese do fat protocol causou grandes danos ao cripto”.
“É um absurdo, faz com que todo app tente se tornar uma L1, direciona todos os dólares de VC para L1s, e faz com que L1s mortas valham mais de US$ 1 bilhão.”
A indústria cripto “já começou a votar”, diz empresa de investimentos
“Algumas L1s vão vencer, mas nenhuma valerá mais do que a soma dos apps”, acrescentou ele.
Enquanto isso, a firma de investimentos institucionais Starkiller Capital disse, em um relatório na terça-feira, que há sinais de que a narrativa do Fat App já está ganhando força.
“Nos últimos 12 meses, a ação de preço relativa de tokens de blockchains centrais versus tokens de aplicativos conta claramente a história. Ethereum, Solana, Avalanche, escolha sua chain, ficaram de lado ou perderam valor em relação ao BTC”, disse a empresa.
A razão SOL/BTC, que mede a força relativa da Solana frente ao Bitcoin, caiu 16,11% nos últimos 12 meses, segundo dados do TradingView.
“O mercado já começou a votar”, disse a firma. “O desempenho mais explosivo de tokens veio dos aplicativos, não dos protocolos.”
Executivo da Bitwise discorda da “visão anti-L1”
No entanto, Hougan discorda da “visão anti-L1” da firma.
“Acho que grandes L1s estão bem posicionadas para o próximo ano. Mas é bem argumentado e certamente vale a consideração”, disse Hougan, afirmando que a Hyperliquid (HYPE) tem sido o token cripto de maior destaque recentemente.
“Não é por acaso. HYPE é uma expressão pura da demanda no nível de aplicativo, usuários reais, fluxos reais, velocidade real de token atrelada ao uso, não apenas um pedágio generalizado de espaço em bloco”, disse Hougan.
A Hyperliquid está sendo negociada a US$ 55,56, com alta de 1.636% nos últimos 12 meses, segundo dados do CoinMarketCap.