Das 44 blockchains de camada 2 (L2) da Ethereum existentes hoje, "apenas algumas" ainda existirão em cinco anos, disse Kenny Li, cofundador e diretor de operações da Manta Pacific.
De acordo com dados da L2Beat, há atualmente um total de 44 redes de camada 2 da Ethereum operantes, ostentando um valor total bloqueado combinado (TVL) de US$ 36,92 bilhões. A Arbitrum ocupa o primeiro lugar no ranking com US$ 14,5 bilhões de TVL.
No entanto, Li afirma que o futuro só está devidamente pavimentado para blockchains "modulares", como a Manta, a Celestia e a Cosmos.
Os críticos, no entanto, argumentam que a afirmação é simplesmente um "golpe de marketing" e que o sucesso de uma rede não tem nada a ver com sua abordagem de desenvolvimento e escalabilidade.
BTC "monolítico" e Ethereum Killers
Em uma entrevista concedida ao Cointelegraph, Li argumenta que a enxurrada de novas L2s na rede da Ethereum está traçando o mesmo caminho que as "bifurcações" das redes do Bitcoin e da Ethereum no passado – nenhuma das quais "sobreviveu."

"Com todos os forks do Bitcoin – o Bitcoin Cash e o BSV, por exemplo – todos eles pegaram uma tecnologia existente e a bifurcaram", explicou Li.
"Eles disseram: 'Quer saber? Vamos fazer essas pequenas alterações. E ao fazer essas pequenas alterações, vamos criar algo que é 'melhor que o Bitcoin'", disse Li, acrescentando:
"Saltando para 2024, resta apenas o Bitcoin. Não há nenhuma outra comunidade de forks do Bitcoin que tenha métricas comparáveis, nenhuma comunidade comparável que chegue perto do Bitcoin original."
Li acrescentou que a mesma coisa aconteceu com a Ethereum em 2016, quando novas redes, como a EOS e a NEO, tentaram se posicionar como "assassinas da Ethereum", criando máquinas virtuais alternativas ou EVMs que almejavam fazer pequenos ajustes no ecossistema pré-existente da Ethereum.
Na opinião de Li, o problema central de todas os "hard forks" do Bitcoin e da Ethereum foi o fato de terem sido construídos de forma "monolítica", o que significa que não permitiram a rápida integração e adoção de novas tecnologias que vieram a surgir com o passar do tempo.
"Todos eles foram criados de forma monolítica, e o que aconteceu com eles, certo? Avançando novamente para 2024, a Ethereum é a rede dominante", disse Li.
"Veremos essa quantidade de L2s em cinco anos ou mais? Acho que não. Apenas algumas sobreviverão."
As blockchains modulares são redes que exportam suas principais tarefas: execução, liquidação, consenso e disponibilidade de dados para blockchains externas, que, em tese, oferecem maior flexibilidade de design.
Em contrapartida, as blockchains monolíticas priorizam uma arquitetura de sistema único, que lida com todas as tarefas em uma única camada da rede.
Alguns, no entanto, não veem razão para o debate que opõe as blockchains monolíticas às modulares.
Isso tudo talvez seja apenas uma "jogada de marketing"
Austin Federa, chefe de estratégia da Solana Foundation, descreveu o debate relativamente novo em torno dos dois termos como uma "jogada de marketing" introduzida pela Celestia.
Embora muitos entendam que a arquitetura mais "modular" da Ethereum – que depende de L2s para concluir tarefas específicas – contrasta diretamente com a natureza "monolítica" de outras redes de maior rendimento, como a Solana ou a Avalanche, Federa discorda totalmente do uso do termo.
"Temos que lembrar que o debate modular versus monolítico é uma jogada de marketing", disse Federa. "A Celestia criou essa distinção entre modular e monolítico. Não é uma distinção natural, e não há nada de orgânico nisso."
Li afirma que a Manta – lançada em 18 de janeiro – poderia ser descrita como a "primeira e maior" rede modular de camada 2 da Ethereum, pois usa o OP Stack da Optimism e utiliza a Celestia para disponibilidade de dados (embora o cofundador da Ethereum, Vitalik Buterin, diga que isso a torna uma "validium" e não uma L2 genuína).
No momento da publicação, a Manta é a quarta maior L2 em termos de TVL, tendo sido ultrapassada apenas recentemente pela Blast, que lançou sua rede principal em 1º de março.

"Não construímos de forma monolítica. Não criamos nada em termos de arquitetura central sozinhos", explicou Li.
"Estamos adotando uma abordagem muito modular, o que significa que podemos essencialmente conectar e usar diferentes tecnologias que estarão disponíveis em momentos diferentes para que possamos continuar a nos adaptar às demandas e mudanças constantes", acrescentou Li.
Federa, no entanto, argumenta que não há necessidade de fazer uma distinção entre as duas abordagens.
"A verdade é que não existe um sistema modular e não existe um sistema monolítico."
Federa explicou que uma rede monolítica é simplesmente uma blockchain "integrada" em que as tarefas são tratadas em uma única camada, enquanto as redes "modulares" – ou "fragmentadas" – realizam as mesmas funções em várias camadas e não contribuem consideravelmente para o sucesso ou os resultados de uma determinada rede.
"É como se os termos 'pró-vida' e 'pró-escolha' fossem duas interpretações positivas de algo, certo? Por exemplo, ninguém é de fato anti-vida ou anti-escolha, certo? Tudo isso é apenas uma terminologia de marketing para apresentar uma determinada narrativa sobre a qual as pessoas querem se referir."
"Acho que definir essas coisas como sendo conflitantes entre si não é uma maneira particularmente útil ou precisa de pensar sobre esses sistemas. São apenas escolhas diferentes de arquitetura de software que, no fim das contas, não são tão diferentes assim", disse Federa.
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