El Salvador, o primeiro país a adotar o Bitcoin como moeda de curso legal, afirma que comprou mais de US$ 100 milhões em BTC, apesar de ter prometido ao Fundo Monetário Internacional (FMI) limitar a exposição pública ao ativo como parte de um acordo de empréstimo.

De acordo com dados do Escritório de Bitcoin de El Salvador, o governo adquiriu 1.090 Bitcoins (BTC) avaliados em mais de US$ 100 milhões na terça-feira. A compra ocorre após o FMI afirmar em um relatório de julho que a nação centro-americana não havia adquirido novos Bitcoins desde que a organização aprovou um programa de empréstimo de US$ 1,4 bilhão no fim de 2024.

Segundo os dados das reservas de Bitcoin de El Salvador, as reservas do país passaram de 5.968 BTC em 18 de dezembro de 2024, quando o governo assinou um acordo com o FMI, para mais de 7.474 BTC após o anúncio da nova compra.

As reservas de El Salvador estavam avaliadas em aproximadamente US$ 683 milhões no momento da redação, apesar do Bitcoin ter perdido força ao cair 28% de uma máxima histórica acima de US$ 126.000 no início de outubro para US$ 96.000 no momento da redação.

Gráfico do saldo das reservas de Bitcoin de El Salvador. Fonte: Escritório de Bitcoin de El Salvador

A movimentação segue comentários feitos em julho por Quentin Ehrenmann, gerente-geral da My First Bitcoin, uma organização não governamental focada na adoção do Bitcoin, que afirmou que a reserva de Bitcoin de El Salvador tinha impacto limitado na população em geral. Ele disse que “desde que o governo assinou esse contrato com o FMI, o Bitcoin deixou de ser moeda de curso legal, e não vimos nenhum outro esforço para educar a população”.

“O governo, aparentemente, continua acumulando Bitcoin, o que é benéfico para o governo, não é diretamente bom para o povo.”

O FMI e o governo salvadorenho não responderam aos pedidos de comentário do Cointelegraph até o momento da publicação.

El Salvador está comprando Bitcoin ou não?

Dados do Escritório de Bitcoin de El Salvador parecem mostrar que o governo continuou acumulando BTC desde que assinou o acordo com o FMI. O FMI também pediu que o país restringisse a compra de Bitcoins no início de março, conforme os termos do acordo de empréstimo anterior.

Ainda assim, uma carta de intenção assinada pelo presidente do banco central de El Salvador e pelo ministro da Fazenda, citada no relatório do FMI mencionado, afirma que o país centro-americano não comprou Bitcoin desde o empréstimo de 2024.

O relatório do FMI explicou que a Chivo “não ajusta suas reservas de Bitcoin para refletir mudanças nos depósitos de Bitcoin dos clientes”, o que gerou discrepâncias “menores” que faziam parecer que o setor público de El Salvador estava acumulando BTC.

A carta, assinada por autoridades salvadorenhas, ainda afirmou que “em linha com os compromissos do programa, o estoque de Bitcoins mantido pelo setor público permanece inalterado”. Também prometeu que medidas para reduzir a exposição estão sendo tomadas.

“Estamos tomando medidas para mitigar os riscos fiscais ao reduzir o papel do setor público na carteira Chivo e ao reformular o projeto Bitcoin.”

Essas garantias foram feitas antes da última, e incomumente grande, compra de Bitcoin. Mesmo assim, o governo continuou sugerindo que vinha acumulando BTC de forma constante antes da compra desta semana, levantando novas dúvidas sobre quão fielmente está cumprindo o acordo com o FMI e como suas reservas de Bitcoin estão sendo reportadas.