A força contínua do dólar americano poderia colocar mais pressão para baixo sobre os preços das criptomoedas, que já sofreram junto com outros ativos de risco, já que o Bitcoin perdeu quase 60% de seu valor ano a ano.
Nos últimos meses, o índice do dólar, o DXY, apresentou valorização de 0,45% vem se dirigindo para níveis históricos contra seus principais rivais.
A libra britânica GBPUSD, (-0,52%) na sexta-feira passada a libra caiu para seu nível mais baixo em relação ao dólar americano desde 1985, sendo negociada a US$ 1,14. Em julho, o euro EURUSD,(-0,59%) caiu abaixo da paridade em relação ao dólar pela primeira vez em quase 20 anos, antes de voltar à paridade. No gráfico abaixo vemos a trajetória do dólar, da libra e do Bitcoin nos últimos 9 meses.
Fonte: Marketwatch
No início deste mês, o iene japonês USDJPY, (+0,32%) caiu para o menor nível em relação ao dólar americano desde 1998. O dólar se beneficiou do Federal Reserve elevando as taxas de juros em um ritmo mais rápido do que outros grandes bancos centrais.
"Isso dá aos investidores internacionais muita confiança de que os EUA serão o lugar para estar, porque eles não vão permitir que a inflação saia do controle", disse Mike Vogelzang, diretor de investimentos da Captrust. Em fala para a CNBC.
Enquanto isso, os EUA "provavelmente não terão uma recessão tão profunda quanto dizem a da Alemanha, inglaterra ou Reino Unido", observou Vogelzang.
Desempenho do dólar como hedge prejudica as criptomoedas
O desempenho do dólar é prejudicial para as criptomoedas, com a maioria das negociações de Bitcoin acontecem tendo o dólar como par. Cerca de 70% dos volumes de negociação entre bitcoin contra moedas fiduciárias acontecem em dólares.
O par BTC/USD, (-2,25%) caiu 14% na última semana e caiu quase 60% no acumulado do ano, de acordo com dados do Cointelegraph.
O rali do dólar provavelmente continuará forte, pois o quadro geral é muito ruim para economia mundial, visto que vários eventos macro estão acontecendo ao mesmo tempo, tais como a crise energética na Europa, a política de taxa negativa no Japão e a política de Covid zero da China. Todos esses eventos estão se somando para criar uma crise de liquidez no mundo.
Segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) as reservas internacionais em dólar dos bancos centrais estão em seus menores níveis nos últimos 20 anos.
Fonte: Bloomberg Monitor
O que isso significa na prática e qual sua principal consequência por sua vez: a demanda por dólar crescerá em níveis macro, elevando o valor do dólar frente a todas as moedas, desvalorizando-as consequentemente. Um enorme risco para as moedas de países inflacionários, como o Brasil e boa parte do mundo desenvolvido. Há um risco também implícito para o mercado de capitais e por conseguinte ao Bitcoin, que seja correlacionado às ações das empresas tecnológicas e principalmente às produtoras de chip e de ASIC´s.
Estas últimas se preparam para encarar uma possível alta do cobre que se encontra em níveis abaixo da sua média histórica. Há muitos desafios para o Bitcoin nos próximos anos.
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